Com base numa pesquisa com membros do Instituto dos Contadores Gerenciais (Institute of Management Accountants – IMA) localizados nos Estados Unidos, China e Europa, identificamos que os contadores/controllers que dedicam uma porcentagem maior de seu tempo realizando atividades de suporte à gestão (por exemplo, atividades estratégicas e de planejamento, gerenciamento de desempenho e gerenciamento de riscos) relataram níveis mais altos de prestígio da sua função e níveis mais baixos de intenções de largar seu trabalho (turnover). Da mesma forma, aqueles com alto envolvimento com a gestão (ou seja, aqueles que estavam mais integrados em suas unidades de negócios locais) também reportaram que seu cargo e funções tinham níveis mais altos de prestígio.
Também descobrimos que os contadores/controllers tendem a ficar mais satisfeitos com suas funções de trabalho, quando possuem níveis mais altos de autonomia ou discrição ao decidir como executam suas atividades. Níveis mais altos de autonomia dos métodos de trabalho (isto é, níveis mais altos de discrição/independência) também foram associados a níveis mais altos de prestígio da função e a um desejo menor de deixar a organização.
Com base nos resultados de nossa pesquisa e em uma segunda amostra com membros da ANEFAC, descobrimos que os contadores/controllers em todas as regiões geográficas (abrangendo Europa, EUA, China e Brasil) podem ser caracterizadas como desempenhando funções contábeis tradicionais, funções híbridas e funções orientadas para parceria de negócios (business-partner). No geral, nossas análises mostraram que as funções contábeis globais ainda são dominadas pelas funções/atividades contábeis tradicionais, como monitoramento do desempenho financeiro, controle de custos, registro contábil e preparação de demonstrações financeiras. Entretanto, ao mesmo tempo, descobrimos que a mudança para uma função mais orientada para o papel de ‘parceiro de negócios’ (envolvimento com o desenvolvimento de nova estratégia de negócios, gerenciamento de processos de mudança, redesenho organizacional etc.) não se restringe aos países ocidentais e desenvolvidos e pode refletir uma tendência mais ampla na profissão contábil.
De forma interessante, nossa análise indica que ao mesmo tempo que tais mudanças focadas para um perfil mais business-partner dos contadores aumentam as oportunidades para que agreguem valor para as organizações, essas mudanças podem trazer o benefício adicional de aumentar o prestígio profissional e a satisfação dos contadores. Assim, essas modificações nas funções dos contadores podem ser vantajosas em vários níveis, não apenas para as organizações, mas também para contadores de forma individual e para a profissão contábil como um todo.
Artigo escrito por Cláudio Wanderley e Kate Horton, professores da UFPE.