Dá última vez que estive por aqui, falei do homem que tentava explicar ao cego o que era o branco.
Como, desde então, continuamos na pandemia e ainda não temos uma resposta sobre ela, acho que ainda dá para explorarmos um pouco mais deste nosso ensaio sobre a cegueira.
Conta a lenda que seis homens cegos, vindos de uma tribo muito distante da savana africana, se depararam com algo imenso em seu caminho. Sem poder ver o que era, decidiram chamar de bicho elefante e cada um deu sua opinião sobre o que era o tal do bicho elefante.
O primeiro aproximou-se do animal e diante de sua imensa barriga disse:
“Valha-me Deus! Este elefante pode ser comparado a uma parede!”
O segundo, tocando seu precioso dente de marfim, gritou: “Ora, ora, ora, temos aqui, algo redondo, liso e pontudo, está bem claro que essa maravilha de elefante parece uma lança”.
O terceiro chegou próximo à tromba, muito sinuosa entre suas mãos, e não teve dúvida: “O elefante é uma espécie de serpente”.
O quarto tateou o joelho do bicho, firme, com rugas e rebateu os três cegos anteriores:
“Vocês não compreendem nada de parede, lança ou serpente, o elefante é muito parecido com o tronco de uma imensa árvore”
O elefante se movimenta, deixa bater sua grande orelha sobre o quinto homem que, imediatamente, deduz: “Indubitavelmente, podemos afirmar com toda certeza de que este belo animal se assemelha a um eficiente abanador!”
Faltando apenas o sexto homem dar sua “visão” sobre o bicho, começou a tatear o animal, pegou a cauda que balançava sem parar entre suas mãos:
“O elefante é uma corda”, disse.
E, assim, os homens cegos da savana africana discutiram por muito tempo suas impressões sobre o bicho elefante.
Todos muito convictos de suas opiniões próprias, baseadas em suas experiências concretas. Mesmo que cada um estivesse, em parte, certo, a verdade é que todos estavam muito errados.
Assim estamos nós na pandemia, defendendo nossas verdades parciais e desconhecendo a totalidade de nossa ignorância.
Vale a máxima de Fitzgerald: “O teste de uma inteligência de primeira classe é a capacidade de ter em mente duas ideias opostas e ainda manter a capacidade de funcionar”
Até a próxima, espero que com uma visão melhor sobretudo.
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Lord Excrachá é uma criação de Emerson W. Dias, vice-presidente de Capital Humano da ANEFAC e fundador do portal e da série de livros O Inédito Viável.