A adoção de ferramentas e tecnologias pode facilitar o trabalho mecânico e repetitivo. Com isso, a redução do tempo imposto aos profissionais da área tributária permitirá que eles se dediquem a análises estratégicas
Atualmente, os profissionais da área de impostos, seja em empresas ou em consultorias, vêm se perguntando: “como meu departamento pode melhorar e sustentar sua performance, gerenciar riscos e agregar valor à empresa?” ou “como é possível obter a melhor combinação de tecnologia, pessoas e processos?”. Com certeza estas respostas não são fáceis de se obter, mas existe um conceito no mercado chamado Tax Transformation, que deriva diretamente do conceito de “Transformação Digital”, que o mundo e os negócios passam diariamente. Este foi um dos assuntos que nortearam o 2º dia do Congresso Tributário ANEFAC, no dia 23 de julho, apresentado por Paola Doliveira, gerente sênior da área de Tax Transformation da KPMG.
“O Tax Transformation representa a possibilidade de se fazer de forma diferente e mais eficiente tudo o que vem sendo feito pelas áreas tributárias até o momento. Aplicando recursos tecnológicos que simplifiquem processos e automatizem atividades rotineiras, permitindo que os profissionais da área tributária possam atuar em atividades mais estratégicas e menos rotineiras e operacionais”, explica Roberto Puoço, sócio da área de R&D Tax Incentives e Tax Consulting da KPMG.
Estima-se que, atualmente, os profissionais da área tributária dedicam cerca de 70% a 80% do seu tempo em atividades rotineiras para o cumprimento de tarefas burocráticas, como preenchimento de obrigações acessórias e guias de recolhimento, ou seja, investindo menos tempo em questões estratégicas, que possam trazer melhores resultados e agregar mais valor a empresa. Segundo o especialista, a ideia por trás do conceito de Tax Transformation é realmente “transformar a área tributária” pelo emprego de tecnologia e recursos que possam liberar os profissionais tributários de funções mais “burocráticas”, permitindo que, por meio da utilização de recursos digitais e robótica, possam ser automatizados processos e robotizadas atividades corriqueiras, sendo possível assim aumentar eficiência, diminuir riscos e reduzir custos para as empresas.
Nem todas as tecnologias são boas para o negócio
A adoção desse conceito permitirá aos profissionais planejar melhor as funções da área tributária, transformando-a numa área cada vez mais estratégica e menos burocrática nas empresas, possibilitando gerar insights para um melhor planejamento estratégico e tomada de decisões mais eficazes. Para que isso se torne realidade, segundo Puoço, é importante as empresas iniciarem esta jornada pela definição clara dos pontos que precisam ser “transformados” dentro da área de Tax. Existem inúmeras tecnologias e formas de realizar esta transformação, sendo que o ponto de partida deve ser aquilo que a empresa pretende realmente transformar na área de tax.
O passo seguinte, ele acredita ser o investimento em pessoas, capacitando-as e preparando-as para poder atuar dentro de uma nova cultura de transformação digital, ou seja, não somente para as novas tecnologias, mas para a nova forma de “pensar” a área de tax pelo emprego de novas tecnologias e ferramentas eletrônicas. “Também é importante que a empresa veja a forma pela qual irá seguir nessa jornada desde o seu início. Em alguns casos, será necessário contar com parceiros e apoio externo, em outros momentos, buscar outros profissionais e competências no mercado para somar ao time de tax. Além disso, estabelecer parcerias permitirá a abertura de portas para novas soluções mais criativas, além da possibilidade de estabelecer a cocriarão de soluções em conjunto. Isso ajudará acelerar o processo de implementação e mudança, garantindo que ele ocorra de uma forma mais estruturada e menos traumática para todos”, enfatiza.
Por fim, Puoço entende que, é muito importante que todo o processo conte com profissionais preparados e treinamentos, e que o projeto tenha um “owner” bem definido, este será o responsável por acompanhar as frentes iniciadas e poderá auxiliar para que evolua sem maiores problemas, auxiliando também na integração com outras áreas da empresa.
Já há algum tempo os negócios estão passando por profundas transformações digitais. Todas as áreas das empresas estão se transformando, e a área de tax não está isenta disso. “Como principais benefícios, a transformação digital nessa área poderá gerar a automatização de processos repetitivos e burocráticos, permitindo que tarefas mais simples sejam executadas com maior segurança e em tempo reduzido. Outro benefício que a implementação do conceito de “Tax Transformation” pode trazer para à área de tax é a robotização de atividades, por meio de ferramentas eletrônicas como inteligência artificial (I.A.), a qual vai se aperfeiçoando com o passar do tempo, o que permitirá uma maior eficiência das atividades, diminuindo riscos e reduzindo custos. Também podemos citar a adoção de ferramentas e metodologias ágeis, as quais poderão fornecer aos gestores informações com mais qualidade, num intervalo de tempo mais curto, permitindo o planejamento e a tomada de decisões mais estratégicas e eficazes”, enumera Roberto Puoço.
Contudo, todo esse processo apresenta grandes desafios, principalmente na avaliação da competência e da necessidade de capacitação dos profissionais de tax para passarem a atuar dentro de uma nova abordagem digital. Para o especialista da KPMG, o resultado e o sucesso desse processo passam diretamente pela capacitação da equipe envolvida, seja por meio de treinamentos, pela contratação de profissionais com outras formações como engenheiros de dados e profissionais de tecnologia da informação, para acelerar esse processo de implementação. Além disso, Puoço, avalia que outro aspecto bem relevante e desafiador está no fato de a empresa saber quais sãos as tecnologias disponíveis, como elas podem auxiliá-la e serem integradas as suas atividades. Ou seja, é importante que haja uma visão clara de quais tecnologias podem ser empregadas e quais melhor atendem às necessidades da empresa.
O Congresso Tributário ainda abordou:
Oportunidades tributárias para as empresas perante a Covid-19 https://www2.revistaanefac.org.br/edicao/203/congresso-tributario-1-203/
Os impactos imediatos da Reforma Tributária https://www2.revistaanefac.org.br/edicao/203/congresso-tributario-3-203/
Pontos de atenção no preenchimento da ECF 2020 https://www2.revistaanefac.org.br/edicao/203/congresso-tributario-4-203/
Confira o conteúdo completo do evento no EducaANEFAC abaixo.