Processos de automação impactam nas empresas e nos profissionais do setor financeiro
A globalização é responsável por diversas mudanças no mundo, uma delas é a intensa robotização nas empresas e o seu impacto nos profissionais. Cada vez mais robôs são introduzidos nas mais diversas tarefas. Com isso, a disrupção digital, o aumento dos custos de mão-de-obra e a redução da oferta de talentos exigem uma nova abordagem das operações e processos empresariais, em grande escala.
“A ANEFAC, em continuidade ao tema Indústria 4.0 lançado no Congresso ANEFAC 2019, realizou em 31 de maio o evento: como o processo de robotização pode auxiliar as empresas e os profissionais do setor financeiro, em São Paulo. No encontro, foram abordados um conjunto de ferramentas desde Robotic Automation Process (RPA) até Machine Learning, soluções de automação e backoffice cognitivo vêm suportar essa mudança”, explicou Lilian Primo Albuquerque Silva, diretora executiva da ANEFAC e responsável pelo desenvolvimento de novos negócios com Parceiros e Clientes do Estado
Uma estratégia coerente em toda a empresa é essencial para garantir que o impacto vá além do ‘cost takeout’ e, sim, habilite o crescimento estratégico, otimizar a experiência do cliente, do funcionário e obter o máximo de benefícios. Essas soluções permitem aumentar a capacidade de escalar e realizar trabalhos de forma mais rápida e melhor.
As empresas e os dados
“Os dados são o novo petróleo do século 21. Atualmente as empresas estão buscando cada vez mais extrair valor de um volume imenso de dados. A questão é saber como fazer essa análise em benefício do negócio. O Watson, carro chefe da IBM, utiliza dados como combustível de aprendizado com a ajuda de curadores de dados nas determinadas áreas de conhecimento que se busca utilizar a tecnologia”, observou Guilherme Araujo, diretor de Hybrid Cloud Integration da IBM Brasil.
Uma das coisas que gera muitos dados, avalia Araujo, é a internet das coisas. Até 2020, vamos ter mais sensores conectados do que toda a população do planeta. Vai ser um mercado de 11 trilhões de dólares. “Então, as empresas precisam se modernizar. O IBM Cloud Integration é uma ferramenta de administração e armazenamento de dados, que reúne informações de diferentes sistemas em uma única plataforma, utilizando a tecnologia em nuvem da IBM”, pontuou.
O diretor da IMB ainda detalhou como funciona, ele atua como um sistema de gestão integrada compatível com sistemas tradicionais e com sistemas inovadores e auxilia a potencializar a gestão de processos, criar experiências customizadas, e assim, melhorar a satisfação do cliente, além de permitir ter uma visão abrangente da empresa e de identificar e responder os movimentos do mercado no momento em que acontecem, melhorando a gestão empresarial.
A automação do sistema financeiro
O Brasil possui um dos mais complexos sistemas tributários do mundo. São mais de 88 tributos, mais de 2 mil declarações, mais de 250 tipos de documentos. 47 novos atos legais são publicados diariamente. As empresas brasileiras gastam em média 2.600 horas/ano para a declaração dos impostos enquanto a média mundial é 325. “Ainda assim, o sistema tributário brasileiro está a frente de muitos países por conta da modernização dos processos e ferramentas”, avaliou Dulce Siqueira, Gerente de Clientes da ViaFlow.
Segundo ela, isto requer das empresas alto nível de eficiência, flexibilidade e automação para evitar a exposição fiscal desnecessária. “A redução de custo deixa de ser o principal direcionador e a transformação digital vira prioridade, pois tem forte correlação com o aumento de receita por funcionário. A transformação digital é a aplicação de capacidades digitais em processos, produtos e ativos para melhorar eficiência, incrementar valor ao cliente, gerenciar risco e viabilizar novas formas de monetização”, explicou.
“O RPA – Robotic Process Automation -, permite as empresas automatizarem facilmente tarefas de software realizadas por muitas pessoas através de entrada de dados manuais com alto volume e repetitivas, liberar estas pessoas para realizar trabalhos de maior valor, eliminando erros com digitação e consequentemente risco para a operação. Entre os benefícios estão a redução de custo, o aumento de produtividade (1 robô pode fazer o trabalho manual de até 5 pessoas com redução de 30% do tempo e sem erros), o aumento na segurança das informações, a preservação dos sistemas, a melhoria dos processos de negócios e a otimização dos recursos humanos”, analisou Siqueira.
Mas a especialista da ViaFlow entende que estender pessoas com trabalhadores digitais permite aos negócios crescerem em escala, pois os robôs estão continuamente aprendendo novas habilidades para permanecerem úteis para a empresa.
Os negócios e a robotização
A gestão de negócios no ambiente tecnológico atual requer e deve ser pensada pela lógica da nova economia compartilhada que visa uma mudança de hábitos, no contexto da digital transformation é a servitização, a digitalização e a centralidade do cliente. O serviço como “verdadeiro” negócio, baseado em soluções e serviços baseados em software”, expos David kallás, head de administração da ANEFAC e sócio da KC&D.
As empresas precisam, para Kallás, abraçar a ideia de soluções com base em dados e informações, para entregar de maneira única e personalizada. De acordo com ele, o impacto do novo contexto para a realidade dos executivos deve ser o do copo vazio para identificar novas oportunidades e modelos de negócio, novos problemas a serem resolvidos, novos métodos de trabalho ágeis, com equipes realmente multidisciplinares e globais. E adverte: as principais barreiras para a inovação nas empresas são as resistências internas das pessoas.
A liderança na Indústria 4.0
É preciso mudar. “É necessário ter competências para traçar um caminho para a harmonia com as máquinas. Podemos usar o conceito da neurociência, que expõe a mentalidade fixa x a mentalidade de crescimento. Isso levando em conta os pilares desse movimento que são a virtualização, a descentralização, a orientação a serviços, a modularidade e a interoperabilidade”, relatou Adriana Fellipelli, CEO da Fellipelli, que foi palestrante no Congresso ANEFAC 2019.
Para ela, entre os aspectos positivos da Indústria 4.0 estão a redução nos custos de produção, as mudanças de todos os processos, as incumbências estratégicas, a cultura organizacional, uma produção muito mais flexível, a prática de colocar um novo produto na rua e o público consumidor, que é outro. As competências necessárias ao futuro serão capacidade de resolução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade, gestão de pessoas, coordenação e articulação, inteligência emocional, capacidade de julgamento e de tomada de decisão, orientação para o serviço, negociação e flexibilidade cognitiva.
A melhor maneira de lidar utilizando a neurociência na Indústria 4.0 é melhorar o pensamento, de acordo com a especialista é preciso fazer pequenas mudanças na forma como comunicamos para mudar o foco da mentalidade fixa para a de crescimento. “Pode-se focar no processo e não no conteúdo”, finalizou.