O IBGE aponta que apenas 30% das posições de liderança são ocupadas por mulheres. Quando se observa apenas as posições de diretoria, o número cai para 6%.
“Resolver a desigualdade de gênero em todas as suas dimensões poderia adicionar US$ 12 trilhões ao PIB global em 2025. Apenas no Brasil, essa mudança poderia gerar um PIB 30% maior, em 2025, com até US$ 850 bilhões a mais em circulação”.
Essa é a conclusão do estudo: O Poder da Paridade, produzido pelo McKinsey Global Institute, em 2015, apontando que a diversidade é uma grande alavanca de performance financeira.
A diversidade de gênero, em papéis de tomada de decisão na liderança, tem correlação positiva com rentabilidade.
Pipeline da liderança
Ao longo da carreira, a presença das mulheres apresenta uma forte queda, principalmente para mulheres negras:
- Nível de entrada: 47% são mulheres (31% brancas e 16% negras);
- Nível executivo: 21% são mulheres (19% brancas e 3% negras).
As mulheres representam mais de 40% da mão de obra global, performando uma grande força para a economia mundial (Banco Mundial, 2012). Contudo, apenas 21% chegam às altas carreiras executivas (Mckinsey, 2020).
Teto de vidro
Uma barreira invisível parece impedir que as mulheres acessem posições de destaque, mantendo-as nos cargos de média gerência. “Teto de vidro”, expressão cunhada por dois jornalistas do Wall Street Journal, em 1986, é utilizada correntemente para descrever o fenômeno no qual mulheres com preparo semelhante ao dos homens não ascendem com a mesma igualdade às posições mais elevadas nas hierarquias institucionais.
E no Brasil?
O Brasil está na 92ª posição do ranking mundial em desigualdade de gênero, dentre 153 países, segundo o Relatório Mundial sobre a Desigualdade de Gênero 2020 do Fórum Econômico Mundial.
Globalmente, o Fórum calcula que a diferença de gênero no mundo, em termos de política, economia, saúde e educação só será eliminada em 100 anos. No entanto, a desigualdade econômica, a mais acentuada, poderá demorar 257 anos para desaparecer.
No Brasil, a estimativa do Fórum é que a desigualdade esteja superada em 59 anos. A boa notícia é que o país tem hoje igualdade em termos de educação e de saúde. Já a desigualdade econômica continua elevada. O IBGE aponta que apenas 30% das posições de liderança são ocupadas por mulheres. Quando se observa apenas as posições de diretoria, o número cai para 6%. Segundo o Censo de 2010, mulheres representam 51% da população brasileira, 46% do mercado de trabalho, 43% dos empreendedores e 58% dos universitários, no entanto, sua remuneração no mercado de trabalho é 25% menor que a dos homens (PNAD, 2014).
No setor de seguros
O estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, promovido pela ENS em 2019, revela que apesar das mulheres representarem 55% deste setor, ocupam apenas 26% dos cargos executivos e recebem em média 71% dos salários pagos aos homens.
As seguradoras têm trabalhado a diversidade e inclusão, como pilar estratégico. Ter mulheres na liderança permite espelhar o perfil da sociedade dentro da empresa. Além disso, muitas famílias são chefiadas por mulheres, que definem as prioridades financeiras e influenciam as decisões de compras.
O valor da diversidade
O estudo Mercer Diversidade de gênero na prática – quando as mulheres prosperam, os negócios prosperam, mostra a diversidade como ingrediente chave para a performance.
- Aumento do PIB: a diversidade contribui para o crescimento macroeconômico, aumentando o PIB e reforçando os sistemas de segurança social.
- Maior rentabilidade: empresas com mulheres em cargos executivos apresentaram desempenho superior àquelas com comitês de executivos compostos apenas por homens.
- Qualidade na tomada de decisões: equipes diversas apresentam maior inteligência coletiva.
- Melhor oferta de produtos e serviços: uma força de trabalho diversificada alcança consumidores que demandam atenção personalizada.
- Funcionários motivados e aumento da satisfação: a diversidade aumenta o engajamento e a satisfação dos funcionários.
A diminuição das diferenças entre as mulheres e os homens nos indicadores escolhidos, com igualdade de oportunidades, respeitando e apoiando os direitos humanos e não discriminação de qualquer pessoa, trarão o desenvolvimento de uma cultura de inclusão, essencial para viabilizar os benefícios que a diversidade tem a oferecer!
Quer saber mais?
MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE. The power of parity: How advancing women’s equality can add $12 trillion to global growth, 2015. Disponível aqui.
BANCO MUNDIAL. Igualdade de Gênero e Desenvolvimento, 2012. Disponível aqui.
MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE. Women in the Workplace, 2020. Disponível aqui.
FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL. Relatório Mundial sobre a Desigualdade de Gênero, 2020. Disponível aqui.
ENS – ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS. Mulheres no Mercado de Seguros, 2019. Disponível aqui.
MERCER. Diversidade de Gênero na Prática – quando as mulheres prosperam, os negócios prosperam, 2019. Disponível aqui.
Artigo escrito por Daniela Paschoal Neves Santos, que é advogada, especialista em Seguros e Previdência, professora, palestrante e escritora. Autora do livro Risco e Compliance, Ed. Senac e coautora do livro Mulheres no Seguro, Ed. Leader.