Ao completar 35 anos, com o tema novos tempos, grandes talentos, o Prêmio ANEFAC Profissional do Ano, um dos mais tradicionais da ANEFAC, premiou no dia 16 de dezembro em cerimônia, pela primeira em sua história, on-line, executivos das áreas de Economia/Finanças, Administração, Contabilidade e Jovem Destaque, respectivamente, Henrique Freire, CFO da EDP, Alexandre Velilla Garcia, CEO da Cel.Lep, Tadeu Cendón Ferreira, board member da IFRS Foundation, e Mariana Ramos Dias, CEO e Co-Founder da Gupy, pela significativa contribuição ao mercado e desenvolvimento das empresas onde atuam. Nesta mesma noite, foram premiados, igualmente, os ganhadores do 1º Prêmio Profissional Mérito ANEFAC, clique aqui.
Novos tempos, grandes talentos. Como será o profissional do futuro? Difícil responder a essa pergunta. As soluções digitais estão, cada vez mais, mudando as organizações. Novas tecnologias começaram a revolucionar as empresas imensamente. Mas esse processo, também conhecido como digitalização, vai muito além de máquinas inteligentes. Tal reformulação nos ambientes corporativos trouxe à tona novos desafios para os executivos: como fazer com que os as empresas tenham um futuro sustentável? Mais que isso: como ajustar as práticas corporativas às necessidades do ambiente que estão inseridas?
Segundo o presidente nacional da ANEFAC, Milton Toledo, as novas demandas já mudaram o perfil do executivo. “Muito tem se falado sobre aquele profissional capaz de analisar dados, concentrado em funções estratégicas, com visão de futuro, preocupado com a diversidade e a sustentabilidade e ainda multidisciplinar, com conhecimento em diferentes áreas. Novos tempos, grandes talentos, não poderia traduzir melhor o que estamos enfrentando”, explicou. Enquanto, para Flavio Riberi, coordenador do MBA contabilidade e finanças da Fipecafi, essa premiação é motivo de orgulho, pois reforça e se conecta com os nossos valores em prover os profissionais métodos para alçar voos ainda mais altos em suas carreiras.
O ganhador do Prêmio ANEFAC Profissional do Ano de 2000, Mathias Mangels, managing director na Symnetics, abordou as grandes transformações que tem um efeito imenso sobre os profissionais. Entre os pontos trazidos por ele, a necessidade de criar valor para o ser humano com toda a tecnologia, pensar no bem estar desse indivíduo. “Necessitamos melhorar a produtividade, criar oportunidades, sermos ágeis, termos senso de urgência, falta mudança de ética e de valores e tudo isso, em todos os países, precisa andar mais rápido. Além disso, liderança, pois com os novos tempos, precisamos de liderança dos novos talentos. Mas essa liderança precisa ser horizontal, termos foco, sabermos nos comunicar, tomarmos decisões propositais e fundamentalmente ter respeito pelos empregados e ter novos valores e sermos éticos”, expôs.
A indicação dos premiados é feita pelos associados e diretoria, depois o conselho dentro do regulamento idêntica aqueles que serão premiados. Santiago Luz, sócio da BDO, fez a entrega simbólica do prêmio e do certificado a Henrique, Franci Pacheco, executiva de negócios do Valor Econômico, a Alexandre, Marina Martins Brito Cunha, coordenadora da pós-graduação em contabilidade, controladoria e finanças da Fipecafi, a Tadeu e Marcus Vinicius Gonçalves sócio-líder de tax da KPMG no Brasil, a Mariana. Os homenageados ainda puderem conferir os depoimentos dos familiares e colegas de empresa.
A Revista ANEFAC conversou com os executivos sobre a importância do prêmio em suas carreiras, requisitos para recebê-lo, desafios de 2020 e tecnologia e ser humano. Confira abaixo:
Administração
Alexandre Velilla Garcia, CEO da Cel.Lep
Como foi receber o Prêmio ANEFAC Profissional do ano?
Uma grande e grata surpresa. E, uma enorme honra dada a tradição e a importância do prêmio em si e da própria instituição, a ANEFAC. Além disso, notadamente um aumento da minha responsabilidade pessoal e profissional, pois acabamos ficando em destaque, visto a repercussão do prêmio. Por fim, um importante combustível para continuar – de forma mais intensa ainda – nessa importante jornada profissional ancorada nos pilares: trabalho árduo, estudo ininterrupto, ética e visão estratégica.
Desde que assumi a liderança do Cel.Lep temos fortalecido nosso posicionamento de muita inovação e alta qualidade em tudo o que fazemos, sendo protagonistas de uma importante disrupção na indústria da Educação, por meio da transformação digital, que nesse ano de 2020, com a Covid-19, se mostrou imperativo e de extrema importância, não só para passar pela crise mundial, mas também para confirmar que esse caminho de disrupção é um caminho sem volta.
Ao longo de 2018 e 2019, fizemos importantes parcerias estratégicas com grandes players da indústria de tecnologia, o que nos colocou em posição de grande destaque no mercado e na imprensa. Além disso, temos uma trajetória profissional e pessoal de mais de 25 anos, ancoradas em pilares bastante sólidos e relevantes, trilhados majoritariamente na área de finanças.
Qual a sua principal atividade hoje?
O Cel.Lep é uma das principais escolas de idiomas e tecnologia do Brasil, fundada em 1967 e atendendo mais de 25mil alunos anualmente. Nestes 53 anos, a Escola permanece focada em oferecer um ensino amparado sempre em inovação, alta qualidade e excelência, a fim de formar pessoas para um mundo cada vez mais global e digital. O Cel.Lep contempla, em seu conteúdo pedagógico, os quatro pilares educacionais da UNESCO e sua matriz é certificada pelo PEA-UNESCO. Recentemente nos tornamos bicampeões no prêmio Top Educação, como melhor escola de idiomas do país.
Nos últimos anos o Cel.Lep intensificou sua transformação digital e a pandemia só acelerou esse processo. Hoje, somos uma escola multicanal, com diversas plataformas disponíveis para que seja possível oferecer a melhor solução para alunos e escolas parceiras. Uma destas plataformas se traduz nas soluções Bilíngue e de coding para a grade intracurricular das escolas de Educação Infantil ao Ensino Médio, que incluem consultoria pedagógica, avaliação e treinamento do corpo docente, e acompanhamento pedagógico.
O que representou 2020 na sua carreira?
Seguramente foi o ano mais intenso, difícil e complexo de toda a minha carreira. Fomos testados no limite máximo e ao extremo. Aprendizado ímpar!!! Próximo ano ainda será bastante desafiador, mas melhor que 2020. Com certeza quem estiver mais desenvolvido e penetrado no digital, terá mais sucesso.
Tecnologia e ser humano? Para onde vamos?
Acredito piamente num mundo HÍBRIDO, em que as ferramentas tecnológicas avançadas, em especial a inteligência artificial, darão ao mundo um ambiente de muita precisão, rapidez e eficiência, de forma global e indistinta. E por outro lado, o SER HUMANO, numa posição ainda mais importante em toda a história da humanidade, sendo fator chave em ética, moral e relações, colocando os valores humanos em primeiro plano.
Finanças e Economia
Henrique Freire, CFO da EDP
Como foi receber o Prêmio ANEFAC Profissional do ano?
É uma grande satisfação ser reconhecido como Profissional do Ano da área de Finanças por uma entidade de tamanha credibilidade, que destaca as melhores práticas de governança. Tanto em 2018 quanto em 2019, a EDP alcançou os melhores resultados financeiros de sua história de quase 25 anos no Brasil. Estes resultados não são pontos isolados. Eles refletem um esforço contínuo e consistente de toda a equipe da EDP na busca de um portfólio de investimentos diversificado, balanceado e com risco controlado, aliado a um rigoroso controle de custos e a um nível de endividamento saudável.
Qual a sua principal atividade hoje?
À frente da vice-presidência de finanças, implementamos o programa de Orçamento Base-Zero, por meio do qual buscamos a máxima eficiência de custos em todas as operações da EDP. Também somos responsáveis por assegurar um equilíbrio saudável entre os investimentos da companhia e seu nível de endividamento. Na vertical de relações com investidores, cuidamos da elaboração de políticas de remuneração de nossos acionistas, garantindo a eles a máxima rentabilidade. Cabe a nós, ainda, o papel de zelar pela governança e transparência em nossas operações financeiras e no relacionamento com todos os stakeholders. Além disso, a área de TI da EDP e seu reconhecido programa de robotização ficam sob nossa responsabilidade, o que nos dá uma perspectiva bastante interessante sobre as possibilidades de ganhos de eficiência, escala e assertividade em nossos processos.
O que representou 2020 na sua carreira?
2020 foi um ano desafiador, que exigiu de nós a capacidade de reagir rápido e, também, de nos reinventarmos. Num primeiro momento, a companhia ativou seus protocolos de gestão de crise e colocou em marcha um plano de contingência cujas prioridades eram: proteger suas pessoas, garantir a continuidade de sua operação e ajudar a sociedade. Superada a primeira etapa de reação à pandemia (react), a EDP passou a trabalhar na recuperação de resultados (recover) e na identificação de alternativas e oportunidades dentro do novo cenário (reshape). Internamente, chamamos essa iniciativa de Plano 3R.
Foram criados oito subcomitês com a missão de levantar informações e oportunidades em cinco campos: Green recovering e Growth; Digital e Cliente; Inovação e Capital Allocation; Diversidade & Inclusão e Workplace reshaping.
Os resultados já começaram a ser percebidos no segundo trimestre, no qual registramos lucro líquido de R$ 237 milhões, número 25,5% maior que o do mesmo período do ano anterior. O EBITDA chegou a R$ 586 milhões, um crescimento de 5,5% na comparação com 2019. Graças a esse desempenho, a companhia fechou o semestre com EBITDA de R$ 1,3 bilhão, um avanço de 1,9%, e lucro líquido de R$ 508 milhões, uma alta de 4,9% sobre a primeira metade do ano passado.
Na frente de Capital Allocation, merece destaque a aquisição de 1.318.100 ações preferenciais da Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A (Celesc). Com esta operação, a EDP passou a 28,77% do capital social da distribuidora catarinense, algo que que faz parte do objetivo estratégico da Companhia de reforçar sua presença e as sinergias em Santa Catarina, onde já constrói dois empreendimentos, os lotes Q e 21 de linhas de transmissão.
Tecnologia e ser humano? Para onde vamos?
Acompanhando as tendências globais, a digitalização é um dos pilares estratégicos do Grupo EDP. A companhia foi a primeira do setor elétrico brasileiro a implantar um robô para a realização de processos repetitivos, o R1SP. A partir dessa experiência, desenvolveu um Centro de Excelência em Robotização (CER), responsável pela governança de do processo de implantação da digitalização do trabalho na Empresa.
O que buscamos com esse modelo é que a robotização não implique na substituição de trabalho humano pelo digital, mas na valorização do componente humano, fazendo com que as pessoas possam se dedicar a tarefas em que a análise crítica e a criatividade sejam mais relevantes. É por essa razão que, na esteira desse movimento, ao lado de EY, Korn Ferry e FIAP, a EDP foi uma das fundadoras do Pacto Empresarial pela Digitalização Humanizada do Trabalho, conjunto de boas práticas empresariais que busca garantir que o ser humano esteja sempre no centro das decisões sobre mudanças tecnológicas tomadas dentro das companhias.
Em 2018, o Pacto se uniu ao Manifesto Nação Digital, liderado pela IT Mídia, e deu origem ao Movimento Brasil Digital, iniciativa que tem como proposta fazer do Brasil uma referência em inovação e inclusão digital por meio de ações nos pilares da educação, empreendedorismo, infraestrutura e governo. A iniciativa, que tem a EDP na vice-presidência, já reúne cerca de 30 empresas, como GPA, Petrobras, Whirlpool, Microsoft e IBM.
Contabilidade
Tadeu Cendón Ferreira, board member da IFRS Foundation
Como foi receber o Prêmio ANEFAC Profissional do ano?
Recebi a ligação com grande entusiasmo e orgulho. Afinal, são 31 anos trabalhando pela contabilidade, com paixão. Eu gosto do que eu faço e trabalhar com o que nós gostamos já é um prêmio em si. Receber um prêmio, que no passado foi dado a tantas pessoas que eu admiro, que me inspiraram e continuam me inspirando, me deixa cheio de orgulho e, ao mesmo, me incentiva a continuar trabalhando para a profissão.
Acho que foi um conjunto de fatores que me fizeram ganhar. O trabalho como board member do IASB foi sem dúvida o grande feito no último ano, ainda mais suceder ao Amaro Gomes, profissional que enfrentou com competência, logo nos primeiros anos de seu mandato, a resposta do IASB à crise financeira de 2008 e a adoção do IFRS no Brasil e em vários países da America Latina. Era muita responsabilidade. Entendo que esse prêmio não é para quem trabalha com contabilidade, é para quem trabalha para a contabilidade. Isso significa trabalhar para o desenvolvimento da profissão, seja por meio de contribuição em debates, envio de cartas comentário, estudos acadêmicos, preparação de artigos, participação em eventos relacionados, presença ativa em organizações como Ibracon, ANEFAC, CFC e tantas outras. Sempre gostei e trabalhei para colaborar com os debates da profissão. A posição no IASB é a continuação desse trabalho, mérito não só meu, mas de todos aqueles que sempre me apoiaram, incluindo, e principalmente, minha família.
Qual a sua principal atividade hoje?
O trabalho de board member do IASB reforça o velho ditado de que se temos duas orelhas e uma boca não é à toa. Os projetos de emissão ou alteração de normas contábeis exigem que escutemos com muita atenção todos os stakeholders, ponderando os argumentos, considerando a estrutura conceitual básica da contabilidade.
A Fundação IFRS tem 150 colaboradores, de 36 diferentes países, com diferentes backgrounds profissionais. Isso faz com que os assuntos sejam tratados de maneira muito mais diversa e abrangente, resultando em conclusões mais completas. A minha missão de melhoria dos relatórios financeiros, é global, mas tenho também como atribuição, representar a América Latina. Nesse sentido, pretendo ajudar a dar mais transparência sobre os trabalhos realizados aqui e buscar uma maior interação com a região.
O que representou 2020 na sua carreira?
Já escutei de algumas pessoas que estavam fazendo aniversário que esse ano não valeu, não conta!! Mas brincadeiras à parte, sem dúvida foi e está sendo um ano de grandes desafios, mudanças e, por que não, oportunidades para rever o que estamos fazendo e o que podemos fazer melhor e diferente daqui para frente. Apesar da pandemia, o tipo de trabalho que realizamos aqui no IASB pode em grande parte ser feito remotamente. Sem dúvida o contato pessoal, a interação, faz a diferença. Mas enquanto não podemos fazê-lo, temos trabalhado virtualmente e com grandes resultados. Em vários eventos, patrocinados ou não pela Fundação IFRS, o número de pessoas participando aumentou consideravelmente, inclusive o número de participantes de diferentes países. Aqui no IASB temos vários projetos importantes acontecendo nesse momento e, portanto, os próximos anos certamente serão de muito trabalho.
Tecnologia e ser humano? Para onde vamos?
O uso de tecnologia em nossa vida pessoal e profissional tem avançado significativamente e, com a pandemia, esse processo acelerou ainda mais. Mas é importante que ela seja utilizada para melhorar nossas vidas. Essas melhorias vão desde ter na palma da mão o check-in de uma viagem, saber como vai estar o tempo, realizar uma transação financeira, pedir uma pizza, aproximar as pessoas, mesmo que a distância física seja grande, compartilhar um problema e buscar soluções, monitorar o meio ambiente, agilizar os processos. A tecnologia em nossas vidas tem uso quase infinito e é um processo irreversível. Mas deve ser usada de forma inteligente, para fazer o bem, pregando o respeito mútuo e preservando nossa saúde mental.
Jovem Destaque
Mariana Ramos Dias, CEO e Co-Founder da Gupy
Como foi receber o Prêmio ANEFAC Profissional do ano?
Esse prêmio foi uma surpresa maravilhosa e uma grande alegria para mim. Felizmente temos recebido alguns prêmios do mercado e vejo que tudo isso é um reforço positivo para continuarmos investindo nas nossas crenças que tem permitido a Gupy crescer tanto: foco em termos os nossos colaboradores e usuários realizados e uma máquina de crescimento muito eficiente. Acredito que o prêmio é um reconhecimento pelo destaque que a Gupy tem tido cada vez mais no mercado de startups e de RH, e isso não apenas pelas inovações de ponta e serviços de grande qualidade que oferecemos, mas também pelo como estamos fazendo tudo isso, com uma cultura interna muito forte e com um cuidado genuíno com as pessoas.
Qual a sua principal atividade hoje?
Hoje sou cofundadora e CEO da Gupy, a maior HRTech do Brasil. A Gupy tem cinco anos e já é a maior plataforma de contratações on-line do país. Como CEO de uma startup que cresce pelo menos 200% ao ano, costumo dizer que é como se estivesse pilotando e trocando as peças de um foguete em altíssima velocidade. Minhas principais funções são criar e ajustar constantemente a visão já que estamos em um mercado que está se transformando rapidamente, ser embaixadora da nossa cultura para que ela nos guie no como estamos construindo a empresa e, por fim, alinhar a nossa estratégia com os planos táticos do nosso dia a dia e garantir que estamos trazendo e mantendo ótimos talentos conectados com o nosso propósito.
O que representou 2020 na sua carreira?
2020 sem dúvida foi um ano que marcou a minha carreira. Com o início da pandemia fomos muito afetados com aproximadamente 80% de todas as vagas, dos nossos clientes, congeladas. Naquele momento precisei reforçar muito competências como empatia, transparência, agilidade e muita resiliência para que junto com o time da Gupy conseguíssemos não só reverter um cenário complexo que poderia ter consequências muito ruins para o futuro da Gupy, mas também nos reinventar para aumentar nossa proximidade com os clientes e o aumentar o nível do serviço que oferecemos. Dessa forma hoje, seis meses depois do início da pandemia, estamos crescendo mais do que antes e batendo diversos recordes internos o que nos levará a mais do que novamente dobrar o faturamento em 2020.
Tecnologia e ser humano? Para onde vamos?
Enxergo a tecnologia como uma grande aliada do ser humano para focarmos os nossos esforços em agregar mais valor para o mundo. Essa união é muito poderosa e nos leva a termos cada vez mais produtos e serviços de qualidade, mais acessíveis e customizados para o que necessitamos e isso nos permite construirmos um mundo cada vez mais inclusivo, humano e melhor.