Investir mais em startups e incubadoras está na mira de 76% dos CEOs brasileiros e de 69% dos globais. E 80% dos líderes, no Brasil e no mundo, consideram o gerenciamento de ESG fundamental para impulsionar o crescimento de longo prazo
A transformação digital e as políticas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) são reconhecidas como prioritárias por CEOs em todo o mundo, incluindo o Brasil. Essa conclusão está no estudo CEO Outlook, que em 2020 chegou à sua sexta edição.
Realizado em duas etapas, uma anterior à pandemia e outra posterior, ele revela o que os CEOs pensam sobre os negócios e os desafios que enfrentam. Também indica as estratégias que eles estão adotando para conduzirem ao sucesso as organizações que lideram.
Na etapa anterior à pandemia, o estudo baseou-se nas respostas e análises proporcionadas por 1.300 CEOs das principais 11 economias do mundo: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Índia, Japão, Canadá, França, China, Austrália, Itália e Espanha, além de 50 CEOs brasileiros e 270 sul-americanos.
Após a eclosão da pandemia, a pesquisa teve uma nova etapa, com um capítulo sobre os impactos nos negócios, sendo que, entre julho e agosto de 2020, foram entrevistados mais 315 CEOs globais, 80 sul-americanos e 15 brasileiros. Ao todo, mais de 1.600 CEOs das 11 principais economias, 65 brasileiros e 350 sul-americanos contribuíram com a análise.
Há líderes de diversos setores, como bancos, varejo, asset management, energia, life sciences, indústria, telecomunicações, automotivo, infraestrutura, seguros e tecnologia. Os insights não deixam dúvidas: a pandemia impactou profundamente pessoas e companhias. O aspecto mais óbvio é o ganho de importância da comunicação digital. Se esta já estava em alta, com a pandemia se tornou praticamente a única opção de contato entre as pessoas.
Para 40% dos CEOs brasileiros e 50% dos globais, a digitalização das operações e a criação de novos modelos foram agilizados em ritmo extremamente acelerado desde o início da pandemia; 27% e 30%, respectivamente, reconheceram ter obtido em poucos meses, no campo da digitalização dos negócios, um avanço esperado para os próximos anos.
Se antes da pandemia o investimento em tecnologia já era prioridade, isso estará ainda mais no foco dos líderes: 53% dos brasileiros e 67% dos CEOs de economias mais maduras pretendem caminhar nessa direção; 78% e 67%, respectivamente, enxergam a disrupção como essencial ao ganho de diferencial competitivo, e 74% dos brasileiros e 72% dos globais estariam dispostos a ampliar investimentos em tecnologias emergentes, como blockchain e inteligência artificial.
Comparando sul-americanos e globais, 85% dos primeiros e 87% dos segundos pretendem continuar investindo em colaborações digitais e ferramentas de comunicação virtual depois que a pandemia acabar. Não por acaso, 100% dos brasileiros e 69% dos globais pensam em reduzir o espaço físico de seus escritórios.
Investir mais em startups e incubadoras está na mira de 76% dos CEOs brasileiros e de 69% dos globais. E 80% dos líderes, no Brasil e no mundo, consideram o gerenciamento de ESG fundamental para impulsionar o crescimento de longo prazo.
Um dos temas mais recorrentes também é a diversidade: para 82% dos brasileiros e 70% dos globais o progresso em diversidade e inclusão é prioridade, mas avança em velocidade muito inferior à desejável. Mas, para 76% dos brasileiros e 63% dos globais, nos próximos três anos as organizações ficarão cada vez mais atentas para ampliar a diversidade de gênero.
O tema sustentabilidade ganhou novo fôlego: 60% dos brasileiros e 71% dos globais reconhecem que o combate às mudanças climáticas tem grande importância; 82% e 79%, respectivamente, afirmam que há pressão de clientes e colaboradores sobre esse tema.
A pandemia não mudou profundamente as percepções dos CEOs sobre o que é importante para suas organizações serem mais estratégicas. O que houve, no entanto, foi uma maior sensibilização da relevância e urgência de certos assuntos, sobretudo aqueles ligados à sustentabilidade e implementação de novos modelos de trabalho e negócios. A nova realidade será principalmente digital, pouco presencial, disruptiva, atenta à responsabilidade social e ao meio ambiente.
Artigo escrito por Charles Krieck, que é presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul.