
Guilherme Dultra, diretor de finanças pessoais da ANEFAC
O aumento em investimentos de renda variável tem demandado maior preocupação por parte dos reguladores e autorreguladores, pois há a necessidade de garantir um sistema com maior proteção para investidores que não estão, necessariamente, familiarizados com esses produtos
Nos últimos dois anos observamos entradas líquidas positivas e crescentes em fundos de investimento, nas suas várias classes. O brasileiro, impulsionado pela queda de juros domésticos, gradativamente está migrando de ativos de renda fixa tradicionais como CDBs, LCIs e LCAs para ativos de maior risco, o que inclui fundos de investimentos.
O gráfico baixo mostra que os fundos multimercado e de ações foram os que captaram o maior volume de recursos ao longo do ano de 2020. Isso demonstra uma clara mudança de comportamento do investidor, uma vez que eles estão buscando maior retorno para os seus investimentos e, com isso, aceitando também maior risco.

Fonte: ANBIMA
Contabilizando os fundos tradicionais de Renda Fixa, Ações, Multimercado e Cambial, os fundos de Previdência, os ETFs e os fundos Estruturados (FIDCs, FIIs, FIPs), a indústria local alcançou o patamar de R$ 5,86 trilhões de patrimônio líquido no fechamento de novembro de 2020 (gráfico abaixo), correspondente a uma alta acumulada de 8,07 % em 2020.

Fonte: ANBIMA
Esse movimento é bastante positivo para o amadurecimento do mercado financeiro brasileiro ao demandar a criação e o desenvolvimento de investimentos que gerem maiores rendimentos. Entretanto, esse aumento do volume investido em fundos mais sofisticados – ações, multimercados, ETFs, fundos estruturados (FIPs, FIDCs e FIIs), de previdência e de investimento no exterior – têm demandado maior preocupação por parte dos reguladores e autorreguladores, pois há a necessidade de garantir um sistema com maior proteção para investidores que não são necessariamente familiarizados com esses produtos -. Ou seja, não compreendem totalmente os riscos associados.
Nesse sentido, a atuação de órgãos que regulam a indústria como CVM e ANBIMA são cada vez mais importantes para a evolução do setor e informação dos investidores.
Artigo escrito por Guilherme Dultra, que é diretor de finanças pessoais da ANEFAC.