O IASB realiza consulta com objetivo de discutir potenciais mudanças no tratamento contábil de combinações de negócios

Leonardo Lima, vice-presidente adjunto da Regional Rio de Janeiro da ANEFAC e sócio diretor da KPMG
Cada vez mais os investidores têm solicitado informações de melhor qualidade nas demonstrações financeiras, de forma que se tenha a compreensão se a aquisição de um negócio foi bem sucedida e se o preço pago foi razoável. Muitos levantaram preocupações de que as perdas por redução ao valor recuperável (“impairment”) do goodwill são reconhecidas “muito pouco e tarde demais”. Por outro lado, para muitos preparadores, o teste de redução ao valor recuperável é visto como complexo, demorado e caro de ser executado.
O International Accounting Standards Board (IASB) publicou um Discussion Paper Business Combinations – Disclosures, Goodwill and Impairment. Este documento inclui visões preliminares baseadas em pesquisas realizadas pelo órgão que explora:
- se as empresas podem fornecer melhores informações sobre suas combinações de negócios sem custos excessivos;
- se o teste de redução ao valor recuperável pode ser mais eficaz, menos caro e complexo; e
- se deve reintroduzir a amortização do goodwill.
O ponto de partida do IASB foi considerar se um teste de impairment de goodwill mais eficaz forneceria um sinal tempestivo sobre o desempenho de uma aquisição, por exemplo, efetuando o teste de impairment do goodwill diretamente, diferente do modelo atual onde o teste de impairment do goodwill é efetuado de forma indireta, através da Unidade Geradora de Caixa. A visão preliminar do IASB é que não seria viável realizar tal teste a um custo razoável.
Amortização do goodwill
Existem preocupações entre os usuários das demonstrações financeiras de que os valores contábeis do ágio podem estar superavaliados.
Em resposta, o IASB explorou se a amortização do goodwill deveria ser reintroduzida. Alguns veem a amortização como um mecanismo simples para reduzir o risco de superavaliação do goodwill. Outros argumentam que o goodwill não é um ativo que se desgaste, com uma vida útil definida, indicando então que o modelo atual (realização teste de impairment anual) fornece informações mais úteis.
Não há consenso no IASB quanto a não reintrodução da amortização do goodwill e manutenção do modelo de redução ao valor recuperável. Portanto, o órgão está interessado em ouvir quaisquer novos argumentos práticos ou conceituais para levar o debate adiante.
Teste de impairment do goodwill
Em resposta ao feedback de alguns preparadores de que o teste de impairment é complexo, demorado e caro, o IASB propõe:
- isenção do teste de redução ao valor recuperável anual obrigatório para o ágio, intangíveis de vida útil indefinida e intangíveis ainda não disponíveis para uso, a menos que existam indicadores de necessidade de redução ao valor recuperável destes ativos; e
- simplificar o cálculo do valor em uso, removendo certas restrições.
Período para comentários termina em 31 de dezembro de 2020
Devido à pandemia COVID-19, o International Accounting Standards Board estendeu o período de comentários sobre o Discussion Paper Business Combinations – Disclosures, Goodwill and Impairment, que finalizará em 31 de dezembro de 2020. É uma excelente oportunidade para fornecer seus comentários sobre este Discussion Paper, que aborda umas das questões atualmente mais controversas relacionadas aos relatórios financeiros.
Artigo escrito por Leonardo Lima, que é vice-presidente adjunto da Regional Rio de Janeiro da ANEFAC e sócio diretor da KPMG.