Melhores produtos, soluções, condições diferenciadas e atendimento podem ser responsáveis pela continuidade das empresas
Se nos primeiros meses de 2020 havia o otimismo de crescimento nas principais economias do mundo, agora na metade do ano isso mudou drasticamente. Em alguns casos, as projeções antes positivas se tornaram previsões de crescimento próximas a zero. Hoje, com o dólar superior a R$ 5 na cotação oficial, a crise internacional e a recessão que está a caminho por causa da paralisação dos meios de produção em todo o mundo, muitas incertezas pairam sobre os investidores, acionistas e também sobre não investidores. Nesse cenário, afinal, como deve ficar para as pequenas e médias empresas?
“A ordem é otimismo e cautela. Otimismo porque muitas empresas mantiveram relacionamento com seus clientes, mesmo aquelas que estão totalmente sem operações e sentem a expectativa de retomada, e cautela porque esse consumidor provavelmente virá impactado financeiramente pela crise, o que fará com que muitas empresas necessitem de recursos”, avalia Márcio Silva, diretor executivo de PMEs da ANEFAC.
Apesar da resistência em tomar empréstimos, ele acredita que muitas terão que se endividar para ter condições operacionais e financeiras para o próximo semestre, porém é preciso ter alguns cuidados:
- É necessário? Qual a finalidade? Entendendo que será necessário recorrer ao empréstimo, deve-se utilizar o recurso para aquela finalidade e traçar os objetivos que se pretende alcançar.
- A taxa de juros é muito importante, é preciso saber se essa está de acordo com o risco do negócio e compatível com as garantias apresentadas.
- O prazo é importante porque quanto mais longo, menos afeta a liquidez de curto prazo.
- Deve-se analisar se a parcela será suportada com razoável tranquilidade pelo resultado operacional, neste caso a projeção orçamentária é fundamental.
É consenso entre as empresas que o segundo semestre será bem diferente do que estavam acostumadas. No comércio, mesmo aqueles tradicionais e que estão sendo fortemente impactados, o retorno ocorrerá gradualmente e com protocolos rígidos de saúde, é importante que isso seja discutido e preparado no ambiente interno das empresas. Segundo Silva, há um aumento no interesse em desenvolver as plataformas digitais tanto para o comércio como para as reuniões de negócios. “Muitas empresas já modificam o seu layout para receber os clientes com segurança e conforto, além de mudanças nos processos de funcionamento, como agendamento, show room digital, whatsapp e por aí vai”, diz.
O que as empresas de médio e pequeno porte devem fazer?
Foi perceptível que as empresas que já mantinham um canal de proximidade com os seus clientes e ofereciam muito mais que produtos, soluções e condições diferenciadas puderam continuar vendendo, mesmo com as restrições impostas pela Covid-19 e com pouco mais de risco. “Cativar e fidelizar o cliente passa a ser um investimento que vale a pena. É muito ruim ver uma empresa ter atritos com clientes antigos por não entender a importância do bom relacionamento neste momento que requer ações mais ousadas. Além disso, percebemos nesse período que soluções tecnológicas são fundamentais para atender com eficiência os clientes e consumidores, bem como na qualificação profissional dos colaboradores. Esse momento acendeu a luz de emergência de algumas empresas, pelo fato dos gestores e colaboradores não terem habilidades gerenciais que pudessem dar uma resposta no início da crise”, alerta Silva.
Para finalizar, ele acredita que as empresas devem buscar desenvolver capacidades diferenciadas, como entender as necessidades de clientes, agilidade no atendimento com a finalidade de fidelização, relação com fornecedores na busca de preços competitivos e motivação dos empregados. Estratégias financeiras como a busca por crédito, controle de caixa, redução de custos também devem receber grande atenção. Não se pode esquecer que o Brasil já estava em crise e fechou com baixo crescimento em 2019, portanto se muitas empresas já precisavam, antes da pandemia, migrar para um modelo mais eficiente de operação essa questão agora é indispensável.