Era uma vez um cego que pediu para um amigo explicar como era o branco.
Branco é uma cor como, por exemplo, a neve! A neve é branca, disse o amigo
Entendi. Branco é uma cor fria e úmida, retrucou o cego.
Não! O branco não precisa ser frio e úmido, esqueça o exemplo da neve. O papel, esse é um bom exemplo: o papel é branco.
Ah! Já sei. O branco é uma cor que amassa.
Não! O Branco não tem nada a ver com amassar. Vou lhe dar outro exemplo. Pense num coelhinho albino. Pensou? Pois bem, ele é inteiramente branco.
Agora sim, peguei a ideia. O branco é peludo e macio
O branco não precisa ser peludo, nem macio. A porcelana, por exemplo, é branca e não tem nada de peluda ou macia.
Compreendi! O branco é uma cor bem lisa e escorregadia, disse o cego.
A conversa foi indo, indo, indo, sem chegar a lugar algum. Quanto maior era o número de exemplos, mais o cego se distanciava da realidade.
Ouvi esta história do professor Pastore há mais de duas décadas, mas ela é bem atual para os tempos de pandemia.
Em tempos que muita gente quer falar, mas poucos querem ouvir, a comunicação fica bastante comprometida.
Não há como se comunicar se não houver de fato empatia, mas essa história nos mostra que empatia não é só uma palavra, é acima de tudo uma atitude e vocabulário.
Minha avó dizia que o cachorro que foi mordido por uma cobra tinha medo de linguiça.
Você pode achar que o cachorro seja covarde, que é apenas uma linguiça, mas é só a empatia que vai possibilitar entender que aquele medo, trata-se de algo muito vívido em sua memória afetiva.
Nestes tempos de Covid-19, a gente precisa se comunicar mais, e descer da arrogância de que nosso vocabulário é compreendido da mesma forma por todos.
“Cada um de nós compõe a sua história, cada ser sem si” forma sua visão a partir daquilo que vê com os olhos ou com o coração.
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Lord Excrachá é criação de Emerson W. Dias, vice-presidente de Capital Humano da ANEFAC e fundador do portal e da série de livros O Inédito Viável.