Profissional da área financeira necessitará desenvolver as “tech skills”, ter postura de “parceiro do negócio” e gerar mais valor agregado a sua atividade
Os tempos atuais são de incerteza. Em meus 30 anos de carreira profissional, não havia passado por um período tão desafiador. Grandes crises, como a que vivemos, promovem grande disrupção. Não é diferente quando o assunto é o mercado de trabalho para os profissionais da área de finanças.
As empresas passarão a dar muito mais ênfase a estratégia a ser adotada, em detrimento ao operacional. Neste cenário a figura do CFO ou diretor financeiro ganhará muito mais destaque. O mercado necessitará de profissionais com mais bagagem, que tenham experiência em enfrentar problemas complexos e grande capacidade de análise de informação. Mais do que nunca esse será o responsável pela gestão do caixa e bom controle de custos. Também ganharão força os profissionais com boa experiência em:
• Gestão de crédito e cobrança: com capacidade de conduzir negociações com clientes que enfrentam situação financeira sensível;
• Gestão de tesouraria: com boa experiência em negociações bancárias, para ser capaz de renegociar linhas de crédito, conduzir acordos com fornecedores e manter o caixa sob absoluto controle;
• Planejamento financeiro: com habilidades de comunicação porque necessita de trânsito livre em todas as áreas para coletar informações precisas de receitas e despesas e assim poder desenvolver um planejamento orçamentário que seja factível.
É notória a revolução tecnológica que estamos vivendo, acentuada nos últimos meses. As empresas têm buscado soluções não apenas para poderem manter suas atividades de forma remota, mas também para serem produtivas e proporcionarem uma experiência aperfeiçoada dos seus produtos e serviços para os clientes. Essa revolução tecnológica cria uma busca por novas competências, e talvez a principal delas seja a chamada “alfabetização digital”. Independentemente da área que o profissional atue, precisa entender como as ferramentas tecnológicas podem ser usadas para melhorar a forma como desempenha seu trabalho.
Na área financeira esse aspecto é extremamente impactante, hoje já é aceitável esse profissional trabalhando de forma 100% remota. Logo, as habilidades com ferramentas do MS Office, com ERPs In Cloud e de comunicação on-line fazem parte do pacote de “tech skills” desejados para as funções nessa área. Além de dominar as ferramentas tecnológicas, será exigido, cada vez mais, do profissional de finanças a postura de “´parceiro do negócio”. Ou seja, atuar cada vez menos em tarefas transacionais e gerar mais valor agregado. Para isso, deve sair da mesa e buscar entendimento sobre a empresa, seu mercado e seus concorrentes.
Se por um lado as empresas recrutadoras já estão identificando novas competências na busca dos profissionais de finanças, estes por sua vez também tenderão a mudar a forma como se relacionarão com as empresas em que trabalham. As pessoas darão mais importância para o que realmente importa, como a família, a saúde e os momentos simples. Considerando que neste momento estão sendo forçados a serem mais tecnológicos por necessidade profissional, mas por opção darão mais importância para as experiências, porque estando em casa contra a vontade, passa-se a perceber como faz falta poder ir em um jantar de família, um show, um passeio à praia ou um happy hour com os amigos.
Com isso, os profissionais também buscarão as empresas que sejam mais humanas, mais inclusivas e que respeitem as características e a individualidade de cada um. O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional será muito mais valorizado. Segundo uma pesquisa da Robert Half “O impacto da Covid-19 na carreira e no local de trabalho”, 86% dos 800 entrevistados entre abril e maio de 2020 manifestaram desejo de trabalhar de casa mais vezes após o final do período de isolamento social. Logo, o home office passará a ser uma tendência.
Assim como a humanidade já superou desafios similares em sua história, também venceremos este período. O importante é que empresas e profissionais tenham em mente que se formos capazes de transformar esse período de crise e insegurança em oportunidades de transformação, seguramente sairemos desta crise ainda mais fortes e preparados para a nova realidade que viveremos pós-pandemia.
*Artigo escrito por Luis Oliveira, que é finance controller LATAM da Robert Half