Profissional da área financeira necessitará desenvolver as “tech skills”, ter postura de “parceiro do negócio” e gerar mais valor agregado a sua atividade

Luis Oliveira, finance controller LATAM da Robert Half
Os tempos atuais são de incerteza. Em meus 30 anos de carreira profissional, não havia passado por um período tão desafiador. Grandes crises, como a que vivemos, promovem grande disrupção. Não é diferente quando o assunto é o mercado de trabalho para os profissionais da área de finanças.
As empresas passarão a dar muito mais ênfase a estratégia a ser adotada, em detrimento ao operacional. Neste cenário a figura do CFO ou diretor financeiro ganhará muito mais destaque. O mercado necessitará de profissionais com mais bagagem, que tenham experiência em enfrentar problemas complexos e grande capacidade de análise de informação. Mais do que nunca esse será o responsável pela gestão do caixa e bom controle de custos. Também ganharão força os profissionais com boa experiência em:
• Gestão de crédito e cobrança: com capacidade de conduzir negociações com clientes que enfrentam situação financeira sensível;
• Gestão de tesouraria: com boa experiência em negociações bancárias, para ser capaz de renegociar linhas de crédito, conduzir acordos com fornecedores e manter o caixa sob absoluto controle;
• Planejamento financeiro: com habilidades de comunicação porque necessita de trânsito livre em todas as áreas para coletar informações precisas de receitas e despesas e assim poder desenvolver um planejamento orçamentário que seja factível.
É notória a revolução tecnológica que estamos vivendo, acentuada nos últimos meses. As empresas têm buscado soluções não apenas para poderem manter suas atividades de forma remota, mas também para serem produtivas e proporcionarem uma experiência aperfeiçoada dos seus produtos e serviços para os clientes. Essa revolução tecnológica cria uma busca por novas competências, e talvez a principal delas seja a chamada “alfabetização digital”. Independentemente da área que o profissional atue, precisa entender como as ferramentas tecnológicas podem ser usadas para melhorar a forma como desempenha seu trabalho.
Na área financeira esse aspecto é extremamente impactante, hoje já é aceitável esse profissional trabalhando de forma 100% remota. Logo, as habilidades com ferramentas do MS Office, com ERPs In Cloud e de comunicação on-line fazem parte do pacote de “tech skills” desejados para as funções nessa área. Além de dominar as ferramentas tecnológicas, será exigido, cada vez mais, do profissional de finanças a postura de “´parceiro do negócio”. Ou seja, atuar cada vez menos em tarefas transacionais e gerar mais valor agregado. Para isso, deve sair da mesa e buscar entendimento sobre a empresa, seu mercado e seus concorrentes.
Se por um lado as empresas recrutadoras já estão identificando novas competências na busca dos profissionais de finanças, estes por sua vez também tenderão a mudar a forma como se relacionarão com as empresas em que trabalham. As pessoas darão mais importância para o que realmente importa, como a família, a saúde e os momentos simples. Considerando que neste momento estão sendo forçados a serem mais tecnológicos por necessidade profissional, mas por opção darão mais importância para as experiências, porque estando em casa contra a vontade, passa-se a perceber como faz falta poder ir em um jantar de família, um show, um passeio à praia ou um happy hour com os amigos.
Com isso, os profissionais também buscarão as empresas que sejam mais humanas, mais inclusivas e que respeitem as características e a individualidade de cada um. O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional será muito mais valorizado. Segundo uma pesquisa da Robert Half “O impacto da Covid-19 na carreira e no local de trabalho”, 86% dos 800 entrevistados entre abril e maio de 2020 manifestaram desejo de trabalhar de casa mais vezes após o final do período de isolamento social. Logo, o home office passará a ser uma tendência.
Assim como a humanidade já superou desafios similares em sua história, também venceremos este período. O importante é que empresas e profissionais tenham em mente que se formos capazes de transformar esse período de crise e insegurança em oportunidades de transformação, seguramente sairemos desta crise ainda mais fortes e preparados para a nova realidade que viveremos pós-pandemia.
*Artigo escrito por Luis Oliveira, que é finance controller LATAM da Robert Half