O segredo está em entender que as tecnologias, processos, ferramentas, metodologias e dados são o meio para que a experiência de consumo seja, cada vez mais, relevante e bem sucedida para aí sim criar soluções e produtos que vão saciar a necessidade do consumidor
No cenário que vivemos a mudança é uma constante e um dos setores que sente esse impacto de forma mais rápida e profunda é o financeiro, que vem sofrendo uma transformação irreversível. O desafio das empresas em se manterem relevantes leva a uma corrida para gerar valor aos clientes com atendimento personalizado balanceando eficiência e a adoção de tecnologias, bem como novos modelos de trabalho, entre outras questões.
Uma das principais mudanças, que impactam na transformação acelerada do setor financeiro, são as fintechs e startups, que atuam entregando soluções inovadoras, otimizando como entregam serviços financeiros e com grandes diferenciais para o cliente final. Um bom exemplo é o cartão de crédito. Se te falassem que tem um novo cartão de crédito sem anuidade dificilmente perceberia um diferencial, mas quando o Nubank foi criado ficou muito claro o diferencial a ponto de em, aproximadamente, quatro anos alcançar 20 milhões de clientes no cartão de crédito e conta se tornando a primeira fintech brasileira unicórnio (startups com valor de mercado acima de 1 bilhão de dólares). E este caso não é isolado.
No ano de 2019, as fintechs tiveram uma representatividade significante no ecossistema brasileiro de startups, alcançando o recorde no volume de investimentos recebidos naquele ano que, segundo levantamento da consultoria de inovação Distrito, as fintechs tiveram mais atenção dos investidores no Brasil. Foram ao todo 62 investimentos, que somaram US$ 935 milhões em 2019, salto de 276% com base em 2018.
O aumento do surgimento e também do investimento em fintechs mostra a importância do seu papel na transformação do setor, atuando nas mais diversas áreas com novos modelos de negócio, como conta corrente, cartão de crédito e débito, empréstimos pessoais e corporativos, transferência P2P (pessoa para pessoa), pagamentos, investimentos, seguros, dentre outros. Estas soluções facilitam o dia a dia das pessoas, criam novos modelos, onde os clientes já não precisam de qualquer interação física com as instituições, inovando e aprimorando estratégias que oferecem serviços, experiências e preços diferenciados ao cliente.
Atualmente existem diversas discussões e mudanças no mercado financeiro que aumentam a complexidade, mas ao mesmo tempo abrem novas oportunidades, tendo como exemplo, o Open Banking. Este tema envolve a integração de dados entre diferentes sistemas, como bancos e fintechs, de forma mais automatizada e segura.
Imagina realizar transações financeiras de todas as suas contas bancárias em apenas um aplicativo? Poder escolher entre fazer investimentos ou previdência como se fosse um produto no supermercado? Poder comparar itens de diferentes marcas e fabricantes em um único local? Este é novo cenário de possíveis soluções que o Open Banking traz.
Atualmente, existem diversas discussões e mudanças no mercado financeiro que aumentam a complexidade, mas ao mesmo tempo abrem novas oportunidades, tendo como exemplo, o Open Banking. Este tema envolve a integração de dados entre diferentes sistemas, como bancos e fintechs, de forma mais automatizada e segura.
Isso mostra que as oportunidades não estão surgindo apenas para startups, fintechs e bancos, mas para empresas de diferentes setores, como consultorias e tecnologias, que de acordo com Breno Barros, diretor global de Inovação e Digital da Stefanini Group:
“Por alguma razão, imagino que bem pensada, fez com que as instituições financeiras, que tinham tudo em mãos para inovar o mercado oferecendo plataformas financeiras para outros segmentos, acabaram permitindo que as fintechs e empresas de tecnologias entrassem nesse mercado. E hoje, com os avanços nas leis e normas de arranjo de pagamentos somadas com a agilidade das empresas de tecnologias, estamos criando plataformas modulares que favorecem as fintechs e instituições financeiras. E mecanismos para apoiar empresas de diferentes setores a terem vantagens competitivas, que de forma rápida, segura, modular e ao mesmo tempo personalizadas, como uma plataforma white-label capaz de se adaptar a um novo modelo de negócio ou fonte de receita”.
Isso mostra como Open Banking, pagamento instantâneo etc. são, fundamentalmente, tecnologias emergentes já dominadas por empresas de tecnologias que estão se beneficiando de sua agilidade.
Portanto, há muitas oportunidades no setor financeiro e acredito que a experiência é o verdadeiro norte da transformação. O segredo está em entender que as tecnologias, processos, ferramentas, metodologias e dados são o meio para que a experiência de consumo seja, cada vez mais, relevante e bem sucedida para aí sim criar soluções e produtos que vão saciar a necessidade do consumidor.
Este artigo foi escrito por Natália Lazarini, diretora de transformação digital da ANEFAC.