Brasil e Argentina influenciam um no crescimento do outro, questões ideológicas devem ser deixadas de lado
Em continuidade a rodada de eventos para CFO’s, a ANEFAC Internacional realizou o 1° Encontro de Executivos na Argentina, em 27 de novembro, em parceria com o Argentine Institute of Financial Excecutives (IAEF). O evento teve como tema central: Argentina & Brasil Horizonte Econômico e Financeiro e foi conduzido por Luís Artur Nogueira, jornalista, economista e palestrante.
O encontro discorreu sobre as perspectivas econômicas da região e do mundo, e contou com a presença de Milton Toledo, presidente nacional da ANEFAC, Matias Bedacarratz, diretor executivo ANEFAC Argentina, e os participantes do mercado: Jose Luis inglese, presidente da Aysa, Claudio Doller, senior partner BDO, e Guillermo de Felipe, head C-LEVEL.
“Em pouco tempo, já avançamos muito com as ações da ANEFAC Argentina. Estamos em contato com universidades de renome, entidades que estão há mais tempo no país, e empresas apoiadoras, sempre com o posicionamento de complementaridade, e levar mais informação aos executivos. “Foi o primeiro evento onde a ANEFAC foi apresentada ao mercado e aos executivos. Isso facilitará a realização de outros, e a continuidade do nosso trabalho”, explicou Toledo.
Para Matías Bedacarratz, diretor executivo da ANEFAC Argentina, definitivamente, a importação e exportação mútuas são muito significativas para ambos os países e, por trás de cada dólar, existem empresas e executivos importantes que compram e vendem de um lado e do outro. “Para começar, compartilhamos sobre a ANEFAC com executivos seniores de empresas com sede na Argentina, com interesses comerciais com o Brasil, um olhar sobre a projeção política e econômica da região e os possíveis cenários de médio e longo prazo. Foi muito importante, pois nos permitiu apresentar a entidade na Argentina, perante organizações locais e executivos importantes. Enriquecendo sua aparência nos cenários esperados e permitindo que eles tenham mais ferramentas para as suas decisões de planejamento econômico e financeiro. Por sua vez, fornecendo novos links e abrindo as portas para conectar a Argentina ao Brasil”, avaliou.
Essa troca de experiência vai contribuir para ambos os países e empresas, segundo o presidente nacional da ANEFAC, pensando em “C” level. “É impressionante a presença do Brasil, do Português. Tive a oportunidade de conhecer alguns executivos, e muitos falando português. E todos curiosos para entender e se atualizar do que vem acontecendo, de como estão sendo conduzidos as questões chaves, e como será o futuro de ambos os países. A curiosidade dos executivos brasileiros e argentinos para saber o que está acontecendo no país vizinho é grande. Há muitas empresas atuando nos dois países, é importante chegar um conteúdo abrangendo ambos, e se possível a América Latina”, disse.
Relação comercial Brasil X Argentina é decisória para a melhora da economia de ambos os países
Historicamente, a importância da relação comercial do Brasil com a Argentina é enorme, para Milton Toledo, quando um ou outro não está bem, a balança comercial é diretamente afetada, o seguimento automotivo é um exemplo. Matías Bedacarratz complementa: as relações são extremamente importantes para a Argentina e para o Brasil. “O Brasil é o maior mercado de exportação e importação da Argentina e a Argentina é o terceiro maior mercado de exportação e importação do Brasil. Devido às recentes mudanças políticas, abre-se um novo estágio comercial bilateral no relacionamento, mas ainda está longe de se saber se será o mesmo, melhor ou pior do que os que vividos até aqui. O que sabemos é que nunca deixará de ser importante para os dois”.
De acordo com Luís Artur Nogueira, a Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil em termos de produtos industrializados. “O Brasil tem na China o seu principal parceiro comercial, que compra basicamente commodities agrícolas e minério de ferro, já a Argentina compra produtos com alto valor agregado que são os industrializados, só para dar um exemplo da importância desse mercado, no ano passado de cada 10 carros, que o Brasil vendeu para o mundo inteiro oito foram para a Argentina. Como o país entrou em crise, a produção de carros despencou em 2019 por aqui”, relatou.
Há muitos pontos a se destacar nessa relação. Nogueira enumera alguns: em primeiro lugar a proximidade entre os dois países ajuda muito, como são vizinhos é obvio que fortalece, além disso, são os dois principais países do bloco Mercosul. “As relações comerciais são fortes porque temos empresas atuando, simultaneamente, nos dois mercados. Empresas que diversificaram a sua produção uma parte na Argentina uma parte no Brasil, então elas importam e exportam produtos, peças e insumos de um para o outro, isso gera uma rede comercial muito grande e importante. O Brasil importa muito trigo, por exemplo. As duas economias dependem uma da outra. Quanto mais um vender para o outro, mais ambos vão crescer, hoje, o Brasil vende menos para eles, e isso está atrapalhando o crescimento por aqui”, aponta.
Pensando em 2020, segundo Nogueira, o Brasil elegeu um candidato de centro direita a Argentina um de centro esquerda, portanto, estão em posição diferentes em termos ideológicos, inclusive em termos econômicos, o Brasil tem uma agenda econômica mais liberal, mais pró mercado enquanto a Argentina intervencionista mais com a participação do estado na economia. “Ambos os governos precisam deixar essas questões ideológicas de lado e trabalhar em conjunto. Deveria haver um pragmatismo ao pensar na economia de ambos os países. Em relação ao Mercosul, que por questões políticas está estremecido, mas com o acordo com a União Europeia, que é importante para esse bloco e vai ser implementado aos poucos, há uma grande expectativa”, finaliza.