A ANEFAC e a MicroStrategy, com o intuito de auxiliar os profissionais a entenderem essa nova realidade, a se adaptarem e terem sucesso, realizaram evento sobre o papel do CFO na era digital
O avanço e o surgimento de novas tecnologias têm transformado profundamente o estilo de vida das pessoas, os comportamentos, as formas de relacionamento, de produção, dos modelos de negócios e, como não poderia ser diferente, as funções, capacidades e exigências profissionais. Ferramentas como blockchain, inteligência artificial, big data e internet das coisas têm ganhado, cada vez mais, o mundo do trabalho e demandando novos perfis e novas profissões.
Nesse contexto, a área de finanças, das empresas, também vem sendo reinventada e tem exigido novas posturas e capacidades de seus gestores. Pensando nisso, com o intuito de auxiliar os profissionais a entenderem essa nova realidade, a se adaptarem e terem sucesso, a ANEFAC e a MicroStrategy promoveram no dia 5 de novembro, em São Paulo, o evento “O Papel do CFO na Era digital”, que reuniu especialistas, headhunters e mais de 50 executivos do setor.
A transformação do papel do CFO na Era Digital foi abordada na palestra “O poder dos dados”, comandada pelo diretor financeiro da Cobasi, Rafael Siqueira. Segundo ele, antes o gestor da área financeira tinha como focos o controle e a mitigação de riscos e hoje, também, vê como fundamental a agilidade nos processos para o alcance dos objetivos da empresa e ainda a colaboração e experimentação na busca do encantamento dos clientes. “Nossa posição tende a ser conservadora, mas precisamos propor inovação e novas soluções. Devemos estar no centro das discussões, ajudar na adoção das novas tecnologias e usar, estrategicamente, os dados para |prospectar, encantar e fidelizar os clientes”.
A velocidade das inovações e transformações tecnológicas, também, ganharam destaque no debate. Criado no início do século passado, o avião demorou 64 anos para alcançar 50 milhões de usuários. Essa marca foi atingida em 62 anos pelo carro, em 50 anos pelo telefone, em 22 anos pela televisão, em 14 anos pelo computador, em 7 anos pela internet, em 4 anos pelo Facebook e em apenas 19 dias pelo aplicativo Pokemon Go. “O que demorávamos mais de meio século para assimilar hoje gasta-se duas ou três semanas”, disse o diretor financeiro da Biomedical, Douglas Cardoso, que conduziu a palestra “Gerenciar e medir investimentos e reduzir custos”.
Baseado em três cases conduzidos por ele, Cardoso destacou que o sucesso dos objetivos de estancar a queda de faturamento ou da busca por aumento de receita das empresas veio por intermédio de dois pilares: a obtenção e trabalho dos dados, seja com a coleta de informações para identificar os gargalos ou na comunicação com as demais áreas das organizações, e o trabalho com pessoas e disseminação da cultura empresarial. “O uso estratégico de dados, hoje, é vital. Em um cenário onde o número de informações é gigantesco é vital utilizar as novas tecnologias como blockchain, inteligência artificial e machine learning para trabalhá-los”, disse, ao ressaltar que hoje o CFO precisa dominar todas essas ferramentas de TI para contribuir com as tomadas de decisões nas organizações.
Multidisciplinaridade deve ser foco
Além disso, quais as competências comportamentais e técnicas que esse mercado sensível às transformações tecnológicas tem exigido dos CFOs? Coube a Felipe Brunieri e Guilherme Federico Malfi, sócios-fundadores da Assetz, traçar um perfil do profissional que tem sido demandado nesse cenário de mudanças.
Visão do negócio, capacidade de influenciar, liderança de equipe e resiliência são as principais competências comportamentais procuradas em um gestor de finanças pelas empresas. “Percebe-se uma grande tendência para um CFO que conheça profundamente o negócio, que esteja próximo a diversas áreas da empresa, como a de vendas e a de marketing, e que dê subsídios para as tomadas de decisões”, frisou Brunieri, ao enumerar também alguns pontos negativos comportamentais, como falta de objetividade e dificuldades de relacionamento interpessoal.
Já as características técnicas mais requisitadas são proficiência em inglês, suporte às áreas de negócios, base contábil, fiscal e em tesouraria e inovação tecnológica. “Mesmo com todas as competências comportamentais e técnicas, é fundamental que o CFO tenha a habilidade de transformar dados em estratégia, caso contrário, não poderá contribuir de forma efetiva”, destacou Malfi.
Para o presidente nacional da ANEFAC, Milton Toledo, os CFOs devem trocar informações, se especializar constantemente e aplicar as novas tecnologias em seu cotidiano profissional para se adequar ao novo mercado. “Esse foi um evento rico em conteúdo, que reuniu especialistas e trouxe bastante aprendizado”, disse ao anunciar que a entidade deve promover diversos eventos nos próximos meses visando a educação continuada para os profissionais da área.
Já o presidente da MicroStrategy Brasil, Celso Oliveira, destacou que o papel do gestor de finanças tem mudado expressivamente nos últimos anos e que a educação continuada é fundamental. “O CFO não é mais apenas um profissional de finanças, mas de negócios. Tanto que nesse evento falamos de vendas, de produtividade e diversos temas relacionados a outras áreas”, disse.
Também participou do evento o vice-presidente da MicroStrategy na América Latina, Amaury Gallisa, que falou da importância do investimento em informação e da velocidade para a eficácia de produtividade nas organizações.
Texto escrito por Deise Dantas