Ampliado, evento teve a participação das empresas ganhadoras do Troféu Transparência 2019: CEMIG, COPASA, Localiza, M. Dias Branco, Petrobras, AES Tietê, EDP, Guararapes, ISA CTEEP e Lojas Renner
Compartilhando experiências, as empresas ganhadoras do Troféu Transparência 2019 – Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN – apresentaram os “segredos” para ter uma demonstração financeira de destaque no mercado, no 2º Meeting Day da Transparência. É consenso entre elas que “aprendendo uma com a outra as empresas podem evoluir os seus relatórios”.
Tendo um time de peso, o evento aconteceu em Belo Horizonte no dia 28 de novembro com conteúdo e mediação dos especialistas Celso Oliveira, presidente da MicroStrategy Brasil, Douglas Cardoso, diretor executivo ANEFAC Belo Horizonte, Elcione Oliveira, gerente de contabilidade da COPASA, Felipe Fernandes, sócio da KPMG, Leonardo Magalhães, superintendente de controladoria da CEMIG, Mauro Figueiredo, contador da Localiza, Rogério Magalhães, sócio de auditoria da EY, e Rogério Oliveira, advogado tributário VMS, e com a organização de Boli Rosales, superintendente da ANEFAC.
Já no dia 2 de dezembro o evento foi realizado no Rio de Janeiro com a participação de Celso Oliveira, presidente da MicroStrategy Brasil, Magali Façanha, gerente de controladoria da M. Dias Branco, Mauro Jacob, sócio Gaia, Silva Gaede ADV e presidente regional ANEFAC Rio de Janeiro, Max Cavalho, diretor da BDO, Roberto Santos, sócio da EY, Rodrigo Araújo Alves, chief accounting, Amós Cancio, gerente geral de contabilidade, ambos da Petrobras, e Vera Elias, conselheira na Neoenergia e diretora da ANEFAC. Estiveram presentes ainda, Matheus Finochio, diretor, e Bolí Rosales, superintendente, ambos da ANEFAC.
A capital paulista foi a última a receber o 2º Meeting Day da Transparência no dia 4 de dezembro, e reuniu Adilvo França, sócio da EY, Alexsandro Tavares, gerente contábil da Renner, Carisa Cristal, controller da ISA CTEEP, Gilberto Izumida, contador da Guararapes, Renan Sobral, gerente contábil da EDP, e Rodrigo Martins, especialista em contabilidade da AES. Além dos membros da ANEFAC, Marta Pelucio, presidente regional São Paulo, Ulysses Magalhães, head de contabilidade, Roberto Fragoso, head adjunto de tributos, e Boli Rosales, superintendente.
Em São Paulo, Rodrigo Martins, especialista em contabilidade da AES Tietê, apontou alguns pontos importantes que a empresa deve levar em consideração em todo o processo de preparação das demonstrações financeiras. “São muitas empresas dentro de uma só. Com as mudanças de estratégias que tivemos, houve um impacto grande na forma como elaboramos os nossos relatórios. Em termos de racionalização, que é uma tendência, não adianta divulgar muitas informações que não têm relevância, é preciso passar a régua do que realmente deve ser divulgado. Colocamos somente o que está ligado ao nosso negócio”, disse.
Na AES Tietê, a prioridade é apontar nas DFs o que está sendo feito e de que forma, além de um histórico confiável das informações. Segundo Martins, existe uma preocupação com os stakeholders, por isso, antes da publicação eles fazem um alinhamento com o RI para avaliar quais são os principais questionamentos e melhorá-los, além de evitar dúvidas.
Outro ponto importante na AES Tietê é as notas explicativas. “Vamos monitorando, temos uma matriz de técnica accounting, que serve de apoio para as atualizações complexas das normas. Padronizamos os relatórios e implantamos um programa preparado para receber um grande volume de informações. Já fazemos um acompanhamento e validação nos trimestres para melhor os processos ao final do exercício. Há um envolvimento de todas as áreas”, explicou Rodrigo Martins.
Sobre as normas de IFRS, na EDP, existe dentro da estrutura um profissional que é especialistas em normas internacionais, pois elas devem ser entendidas e analisadas a fundo. “Temos uma pessoa focada. Para nós, trouxe uma melhoria enorme, pois ela está atenta as alterações e já prepara o memorando sobre o que está acontecendo ou do que está por vir. Mesmo sobre aquelas que ainda estão em estudo e depois se reúne com todos os envolvidos. Esse ano, tivemos o IFRS 15 e o 9 que impactaram muito em nossos negócios”, relatou Renan Sobral, gerente contábil da EDP.
Em termos de infraestrutura, a EDP, à medida que surgem as novas normas de IFRS, busca no mercado ferramentas ou automatizações, que atendam essas demandas, para que os processos não se tornem manuais e assim evitar erros. A EDP foi pioneira no sistema de robotização no Brasil. “Olhamos para esse processo com um viés grande e ambicioso. Estamos aprendendo. Acreditamos que teremos grandes avanços, e o futuro da nossa área passa pela robotização”, chamou a atenção Sobral.
Além disso, de acordo com o especialista da EDP, o trabalho é feito de forma antecipada, buscando entender o que se precisa melhorar dentro do processo e isso inclui os bonecos das DFs e o alinhamento com os auditores. “Fazemos muito benchmarking. Olhar outras empresas ajuda. Também fazemos o job rotation para despertar o máximo de experiências possíveis. A EDP foi seis vez ganhadora do Troféu Transparência, três vezes a mais transparente internacionalmente, e isso converge com o ambiente de governança. É uma empresa que tem em seus valores a ética e a transparência. Acreditamos que valoriza muito a marca, somos reconhecidos por isso”, disse.
Carisa Cristal, controller da ISA CTEEP, apontou que as empresas não deveriam ter “medo” do fisco e dos órgãos reguladores. “Temos a intenção de fazer a melhor coisa, deveríamos trabalhar juntos. A melhor opção seria se pudéssemos compartilhar um com o outro. Tem uma outra questão ainda, estamos distantes do mercado, as demonstrações financeiras continuam com um laço que é técnico, o que está escrito é puramente técnico. O que temos que pensar na DF, não é só torná-la soft, mas talvez deva existir um capítulo resumido com link para as principais notas explicativas, de forma que a pessoa consiga achar com facilidade a informação”, alertou.
Na análise da controller, os profissionais deveriam ter uma visão de futuro e uma solução. “A mudança está na forma de falar. Temos que ter um esforço em dizer, encontrar soluções e desenvolver marketing profissional. Ser parceiro, promover sessões de conhecimento entre o negócio e a contabilidade, ter maior empatia, reproduzir nas demonstrações mais do que números. A DF é mais que número, é uma história. Nós, somos aqueles que levam para o mercado o que uma empresa faz”, expos Cristal.
Na Guararapes, mais conhecida como Riachuelo, as pessoas passaram a ser capacitadas. “Não é simplesmente fazer uma demonstração, é preciso entender o reflexo de uma ação dentro do negócio, não é só um lançamento. “Contratamos consultorias que trouxeram conhecimento. Desenvolvemos novos processos. Fizemos processos para identificar a origem e as informações que chegam à contabilidade. Sempre em alinhamento com a auditoria”, observou Gilberto Izumida, contador da Guararapes.
No quesito tecnológico, segundo Izumida, a empresa investiu na criação de um banco de dados e isso mudou a realidade de apresentar os balancetes. É necessário ir mais afundo na informação, ir à raiz. “Não falamos só em cadastrar o item, mas identificar a origem. Com a automatização, as informações são únicas. Além disso, temos que fazer uso da inteligência artificial, e ter um sistema de informações correto e confiável, mas devemos ter conhecimento para discernir. A empresa precisa entender a importância da contabilidade, pois nós apresentamos os riscos. Nas DFs temos revisão de qualidade, é conferida por vários grupos dentro da empresa”, relatou.
Para Alexsandro Tavares, gerente contábil da Renner, a participação em seminários diversos contribuiu na hora de elaborar as demonstrações financeiras. “Uma vez estava num encontro com o prof. Eliseu Martins sobre relevância das informações e entendemos o quanto isso é fator decisivo numa boa DF. Fizemos essa análise de excesso. Do ponto de vista das normas internacionais, buscamos estudar antes as publicações. Precisamos estar fora da empresa. Depois com esse conhecimento, construir juntos tanto na parte tributária quanto na contábil. Trazendo as peculiaridades da empresa. Criamos comitês técnicos para avaliar as normas. Tenho participado em grupos técnicos de outras entidades também”, avaliou.
Uma linguagem mais simples também é necessária para o gerente da Renner. “Reorganizamos as notas explicativas e as suas políticas. Colocamos um resumo dos fatos relevantes. Aprimoramos as tabelas e buscamos melhorá-las visualmente. Temos uma ferramenta para consolidar as informações. Devemos ser mais ativos e menos reativos”, finalizou.