Você já ouviu falar em uberização, plataforma, empresas exponenciais, futuro do trabalho, concentração de riqueza, the winner takes all?
Se sim, você está atualizado para ir a qualquer evento grande atualmente, e melhor de tudo, você conseguirá entender o que eles falarão por lá.
Se a resposta for não, sinto lhe informar, você está frequentando ambientes que já sofrem esses impactos, mesmo sem saber. Então é bom ficar atento.
Pois é, uma nova onda de coisas está acontecendo no mundo, dizem que é a “quarta revolução industrial”. Ela une o mundo físico, o biológico e o digital. O impacto é sistêmico, afeta indústrias, serviços, governos, escolas, hospitais, etc, De todas as revoluções anteriores, esta é a que traz mais velocidade de mudanças e com maior amplitude e profundidade.
O termo (“quarta revolução industrial”) foi criado por Klaus Schwab, um cara muito bom de netwoking, que desde os anos 60 percebeu que gente graúda não tinha um lugar legal para se reunir e discutir o futuro do mundo. Ele, então, inventou o Fórum Econômico de Davos na Suíça e, desde então, como fundador e presidente recebe anualmente a elite do mundo, celebridades e gente que por alguma razão se destacou.
Todos os anos o pessoal vai lá nas montanhas geladas, aquelas que inspiraram o escritor Thomas Mann a escrever o clássico A Montanha Mágica, publicado em 1924, e que é um livro profético sobre os temas que hoje se discutem no Fórum.
Quem vai, volta cheio de novidades, agora nem tanto porque com a internet e os smartphones, antes de aterrissar no aeroporto daqui, todo mundo já assistiu a boa parte do evento e já recebeu muitos vídeos e imagens que farão parte das apresentações de qualquer palestrante que estiver nos eventos que citei no começo deste texto.
Um efeito da quarta revolução são os “info proletários”, os novos trabalhadores que atuam nestas empresas uberizadas, operando em plataformas e que pretendem ser ou já são exponenciais.
É um sujeito que não tem vínculo empregatício, portanto sem qualquer direito trabalhista. Para alguns, eles são chamados de microempreendedores, para outros, são apenas vítimas do trabalho precarizado.
Veja a lógica, dirige-se um carro ou uma bicicleta alugada, leva-se clientes de uma empresa que não é onde ele trabalha, ou comida de um restaurante que também não é onde ele trabalha. Muitas vezes gente que faz isso como forma de complementar a renda ou a única renda, com uma jornada de várias horas sem descanso. Não muito diferente do usuário, que está no escritório até tarde da noite, já ultrapassando a marca das 12 horas diárias, esperando a comida, ou o motorista para ir para casa.
Isto provoca muitas mudanças na sociedade, surgem profetas dizendo sobre as competências do futuro, os tipos de trabalho que existirão e assim vai, muita gente com medo, será que tudo isso vai ser resolver?
Não sei, mas acredito que sim e já vejo daqui cem anos os livros de história dizendo como foi o momento vivido hoje:
“O sistema de produção dava lugar às máquinas. A tecnologia trazia o progresso, mas também as desumanas jornadas de trabalho, os salários aviltantes, a poluição, a concentração da riqueza nas mãos de poucos. Foi nesse contexto que surgiram as primeiras agitações entre operários, reivindicando condições mais dignas de trabalho. Também surgiram os reformistas políticos e as ideias utópicas e anarquistas”
Atual?
O problema é que este texto eu tirei de um livro publicado em 1818. O livro foi escrito em plena época de mudanças profundas na sociedade trazidas pela 1º Revolução industrial na Inglaterra.
Aliás o nome desta crônica é o filme de Charles Chaplin lançado em 1936, que trazia com muito humor uma denúncia sobre a condição de trabalho daquela época, já durante a 2ª revolução industrial…
Como cantou Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades, o tempo não para”.
Profecia, ou seria pesquisa histórica?
Se você tem um causo inusitado, engraçado ou curioso envolvendo o mundo corporativo para contar, envie para esta coluna pelo e-mail comunicacao@anefac.org.br, que nosso lorde está pronto para escrachar. Mas pode ficar tranquilo, como todo lorde que se preze, Lord Excrachá é discreto. (Importante: As identidades dos colaboradores desta coluna não serão divulgadas.)
Lord Excrachá é criação de Emerson W. Dias, vice-presidente de Capital Humano da ANEFAC e fundador do portal e da série de livros O Inédito Viável.