Especialista faz raio x das necessidades e mapeia avanços tecnológicos
“A falta de planejamento pode ser considerada como um dos principais fatores responsáveis pelo fechamento da maioria das empresas brasileiras”, acredita Oswaldo Pelaes Filho, supervisor e professor de finanças do curso de Administração da ESPM. Para ele, ainda contribuem a falta de informações sobre o mercado, o desconhecimento do mercado potencial e de seus hábitos de consumo, dos seus concorrentes e do capital de giro necessário para o seu funcionamento.
Além disso, em tempos de instabilidade econômica, o especialista acredita que é ideal se concentrar em pequenos crescimentos gradativos, pois, qualquer alteração significativa no cenário econômico pode gerar um impacto que poderá levar a empresa à falência. Sendo assim, ele recomenda que as empresas devem poupar investimentos em bens de capital e aumentar a preocupação com o risco de crédito de seus clientes, a fim de manter o caixa saudável e reduzir a inadimplência.
Empresas com boa geração de caixa e adequada gestão sobre o capital de giro tendem a sobreviver em tempos de instabilidade. Entretanto, de acordo com ele, a inovação também é um fator determinante nesses momentos, muitas empresas ganharam destaque e cresceram em tempos de crise por meio de sua velocidade de adaptação e geração de novas tecnologias.
A tecnologia cada vez mais integra sistemas e fornece informações mais elaboradas para a tomada de decisão das empresas. Pelaes entende que é extremamente necessário realizar um acompanhamento contínuo da situação financeira da empresa, inclusive de pequeno porte, agilizando a tomada de decisão ao longo do dia a dia.
A integração entre os sistemas de vendas, de orçamento e de controle de custos, na visão do professor da ESPM, é uma peça fundamental para pequenas empresas e a cada dia há mais empresas que laçam sistemas em nuvem que permitem relatórios e análises complexas por preços acessíveis. O especialista chama a atenção para a tecnologia, que atualmente é o principal foco inovador para auxiliar os gestores a acompanharem a vida financeira e o orçamento das empresas, sendo disruptiva dos infinitos controles de planilhas que com o tempo irão se tornar obsoletos para a finalidade de controle gerencial.
Com isso, é impossível não falar sobre o impacto da Indústria 4.0 na vida financeira das empresas. “A Indústria 4.0 se trata da quarta revolução industrial, gerando inovações como simulações virtuais, impressão 3D, realidade aumentada, inteligência artificial, internet das coisas, big data. Esta revolução permite que empresas tenham sistemas interligados de alta precisão, permitindo a redução dos estoques, a redução de ociosidade, o aumento da velocidade de informação, impactando a tomada de decisão gerencial e operacional”, enaltece.
Além dos próprios sistemas, “a Indústria 4.0 está modificando o mercado financeiro por meio das chamadas fintechs, empresas financeiras que procuram soluções inovadoras por meio da tecnologia”, salienta. De acordo com a Associação Brasileira de Startups, a área financeira é a segunda no ranking de empresas inovadoras. Essas atuam nos seguintes segmentos: meios de pagamento; créditos, financiamentos e negociação de dívidas; gestão de investimentos; seguros; bancos digitais; moedas digitais; contabilidade; câmbio etc.
Dessa forma, a Indústria 4.0 está tornando o mercado financeiro mais acessível e prático para pequenas e médias empresas, além de apresentar soluções inovadoras. “A vida financeira das empresas está mudando completamente e a tecnologia está na frente desse processo. Por exemplo, hoje em dia, statups de crédito analisam não apenas se há dívidas no nome do cliente, mas também o seu estilo de vida e a sua participação nas redes sociais para classificá-lo de forma cada vez mais personalizada”, pontua.
Planejamento financeiro é primordial
Diante deste cenário, o especialista avalia o Planejamento financeiro como uma necessidade primordial. “Este é o processo por meio do qual se calcula quanto de financiamento é necessário para garantir a continuidade das operações de uma empresa e se decide a necessidade de fundos que será investida na empresa e como os mesmos serão financiados”.
O planejamento financeiro, segundo Pelaes, auxilia o empresário a estabelecer as metas financeiras de curto e longo prazo que serão estratégicas para alcançar os objetivos do seu negócio, bem como servir como base para a tomada de decisões para garantir a criação de valor aos acionistas da empresa. “Ele deve ser realizado por meio da projeção de receitas custos e despesas com base no estabelecimento de premissas consistente com a expectativa dos cenários econômicos futuros. Deve-se estudar três cenários possíveis, um denominado realista, um pessimista e um otimista”, explica.
Aliado a isso, para ele, a inadimplência é um dos grandes problemas enfrentados pelos empresários, pois ela gera uma série de consequências negativas, tais como falta de capital de giro, atrasos nos pagamentos das obrigações da empresa, juros, prejuízos e redução da competitividade do negócio.
A melhor maneira de manter o caixa de uma empresa saudável é por meio de um rigoroso planejamento e controle financeiro. Segundo Pelaes, a empresa deve conhecer todas as suas obrigações e seus prazos de pagamento, bem como todas as suas entradas de recursos. “Deve-se fazer um demonstrativo de Fluxo de Caixa e atualizá-lo periodicamente, fazendo os ajustes necessários para garantir que as entradas de caixa sejam suficientes para cobrir as saídas de caixa”, finaliza.