“Se eu fizer um breve retrospecto da diversidade de áreas em que atuei, rio sozinho”
Ter foco nos seus objetivos, estudar e experimentar são algumas das determinações de Jorge Augustowski, diretor executivo de economia da ANEFAC e diretor da Lexus. Apesar te ter feito carreira como executivo, ele se diz generalista e empreendedor, mas um generalista com concentração em algumas áreas e aberto para estudar. “Se eu fizer um breve retrospecto da diversidade de áreas em que atuei, rio sozinho: minha maior atuação e por mais tempo, se deu na consultoria, porém, entre outros, já purifiquei ouro, trabalhei com pedras semipreciosas (conheci vários garimpos), tive uma pequena indústria metalúrgica e tive alguma experiência na área de auditoria externa também”, relata.
Augustowski atua em duas áreas, na consultoria empresarial (há mais de 30 anos) e na tecnologia de Israel (há seis anos), essa última atividade surgiu de um trabalho desenvolvido para uma empresa de Israel. “Acabamos nos tornando sócios, e hoje, nos orgulhamos de trabalhar com inovação, nas mais variadas áreas”, explica.
Deixando de lado a parte de ouro e pedras, o diretor executivo de economia da ANEFAC relembra o início de sua carreira, tudo começou na PwC, onde passou 12 anos, na área de Auditoria Externa em 1982, sua ‘porta de entrada’. Focado em mudar para a área de consultoria, em 1984 conseguiu ingressar nessa área na empresa. Ele conta que na época, a estrutura era bem menor e ao ser admitido não tinha um cargo mais Sênior ou Gerencial. “Fiz uma boa carreira, chegando a um cargo gerencial em três anos de consultoria. Fiz grandes e bons amigos, tanto com alguns colegas quanto com clientes”, conta.
Em 1990 fundou a sua primeira empresa de consultoria empresarial. Atuando em planejamento, finanças, custos, orçamento, sistemas de informação e treinamento, nesse período, teve algumas experiências na área de Corporate Finance. Além disso, também ministrou treinamentos, na própria PwC, de onde já tinha saído, para executivos e sócios e depois para os clientes da empresa de auditoria. Também foi professor universitário no curso de Administração de Empresas da ESPM e instrutor no SEBRAE, nesse período foi responsável pelo treinamento de aproximadamente 2 mil executivos.
E, como a casa um bom filho torna, regressou a PwC em 1999 na área de Corporate Finance e quatro anos depois retornou ao mercado de consultoria com a formação da sua segunda empresa. “Em 2013 desenvolvi um projeto para uma empresa israelense que representa várias empresas de tecnologia. Após isso, nos tornamos sócios e essa é a minha outra área de atuação”, cita.
Entre os desafios encontrados, para o executivo, atualmente, é muito difícil estar atualizado. Ao explicar melhor, ele acredita que profissionais, executivos, empreendedores, entre outros recebem uma carga muito grande de informação e, naturalmente, acabam por ficar ansiosos, uma vez que essa carga é muitas vezes superior à capacidade de absorção. “É o mal de nossos tempos. Volta aqui a ponderação: no meu caso, seleciono algumas fontes de informação e interação, dentre elas a ANEFAC, que é um rico ambiente para isso. No restante, leituras específicas e a atualização importante pela atividade de inovação em Israel”, pondera.
Devido a negócios do seu pai, Augustowski acredita ter tido uma boa formação, tendo estudado no Mackenzie, se graduado em Engenharia Química na FAAP e em Administração na USP e tendo realizado vários cursos e experiências profissionais na área de economia.
O economista fala sem falsa demagogia, que o mais importante é o trabalho em equipe, não só no sentido de saber cooperar, gerenciar e trocar informações, visando alcançar um objetivo comum, mas também no sentido de envolvimento (“seu problema é meu problema também”). Além disso, acredita na ética, em todos os sentidos, pois até parece que ética para alguns poucos é diferente para os demais. E relembra: “já trabalhei muitas vezes com vários profissionais que possuem princípios éticos básicos (é o suficiente) e apenas uma vez com aqueles que não possuíam”.
Sua história com a ANEFAC
Desde 2002, um amigo da PwC, membro da ANEFAC convidou o executivo para fazer parte da entidade. “Eu logo me identifiquei. Não fui tão atuante desde o início, porém logo passei a ser, quando percebi e, mais do que perceber, senti a possibilidade de intercâmbio em todos os sentidos: conhecimento profissional, grande fórum de discussões, formação de opinião e de experiências ricas. Assumi a Diretoria de Economia em 2011, onde sou apenas um catalizador e me orgulho de conviver com grandes Economistas”, se orgulha.
Para ele, os Congressos ANEFAC são inesquecíveis. “Nunca vou esquecer uma frase que, pode parecer exibicionista, mas retrata um pouco do espírito, aos olhos da declaração espontânea de uma criança: durante o jantar, em um dos congressos, meus filhos não estavam, mas estava a Michelle, filha da minha esposa, conosco, em uma mesa com 8 ou 10 pessoas (amigos da ANEFAC) confraternizando animadamente. Na época ela deveria ter uns 10 ou 11 anos de idade. Em um determinado momento, ela estava ao celular, não me recordo se com algum parente ou mesmo com a minha Filha, do outro lado. Ao ser perguntada sobre o que estava fazendo, ouvimos a seguinte resposta: “estou sentada em uma mesa, com um monte de velhos inteligentes, esperando o jantar””, conta.
Para 2019, o diretor executivo se compromete a realizar de três ou quatro eventos sob a forma de painéis de economia, com discussão dos grandes temas inerentes e os aspectos que não estarão, necessariamente, publicados nos jornais. “Temos reuniões internas de nosso Núcleo de Economia, onde discutimos questões específicas de forma a expressar nossos pontos de vista sobre grandes temas econômicos e publicá-los na nossa revista e outros meios de comunicação e que subsidiam as discussões dos painéis”, garante.
Família internacional
De origem polonesa, seu pai fugiu da 2ª Guerra e perdeu quase toda a Família lá: dos 10 irmãos, quatro sobreviveram, os demais, seis, junto com seus avós (que não conheceu), foram mortos em campos de concentração, ou coisa pior (existe coisa pior). “A minha mãe, nasceu no Uruguai, também filha de poloneses. Perdeu os avós na 2ª. Guerra, mas seus pais conseguiram sair antes, junto com seus dois irmãos. Eram muito ricos na Polônia, mas tiveram que deixar tudo para trás. Meu pai, ficou entre o Brasil e o Uruguai, onde casou com a minha mãe. Eu nasci lá, minha Irmã também, mas nos mudamos para São Paulo, eu tinha quatro anos de idade”, relembra.
Casado há 11 anos com a Golda Nasser, têm dois filhos do primeiro casamento, se tornou pai aos 26 anos, quando sua filha nasceu e depois aos 31 veio o segundo filho. Sua esposa tem uma filha de seu primeiro casamento. “Meus filhos, como que uma peça do destino, moram longe, cada um num canto do mundo (se é que mundo tem canto). Mas, conversamos sempre. Com minha filha, todos os dias e com meu filho, um pouco menos, pelo fuso não favorecer. Talvez se estivessem por aqui, conversaríamos menos…rs. Minha filha, a Nicole Augustowski, tem 35 anos, mora em Israel há 15 anos (Tel Aviv). Trabalha na área de Marketing de uma empresa renomada na Alemanha, que possui uma divisão em Israel, com 200 profissionais que estudam a “mobilidade do futuro”. Eu brinco com ela e digo que “não entendo o que ela faz nem como ganha dinheiro”. É uma das revoluções dos nossos tempos. A Nicole, em Israel, acrescentou Sara em seu nome, em homenagem a minha Mãe. Minha filha viaja o mundo todo a trabalho e, naturalmente, para o Brasil também”, relata.
O filho dele, o Renato Augustowski, tem 30 anos e mora com a esposa nos Estados Unidos (Nova Iorque). Foram para lá há três anos, para o seu MBA na NYU (New York University), que concluiu há um ano. Atualmente, trabalha em um Banco, em Investment Banking. “Academicamente, temos uma coincidência: na FEA-USP, eu fui laureado com o “Prêmio de Melhor Trabalho de Formatura”. Pois é, algumas décadas depois, ele recebeu o mesmo Prêmio na PUC”. Já a filha da minha esposa (eu acho “enteada” uma palavra feia…rs), a Michelle Nasser Nussbacher, tem 22 anos e mora conosco (ou morava, pois essa também criou gosto por viajar um pouco…rs). Fez um programa de intercâmbio e está fazendo um estágio na área de Marketing e Comunicação em um jornal de Israel”, conta.
Em relação aos desafios pessoais, o executivo avalia que todos temos o seu pacotinho, isso em todos os sentidos, e já passamos por questões mais severas envolvendo saúde, problemas da família e finanças, por exemplo. Para ele, talvez, os desafios cumpridos não sejam mais percebidos como desafios. “Assim, entendo que o maior desafio foi procurar manter a serenidade e tomar as decisões certas em todas elas, o que nem sempre é possível, pois não nascemos com isso pronto e leva um tempo até termos os “calos” da serenidade. Adicionalmente, aprender a conhecer nossos limites; é o famoso “conhece a ti mesmo”, mas, reunindo limites, serenidade e ações, eu tento seguir a filosofia das “3 vestimentas da alma”: o pensamento, a palavra e a ação”, observa.
Pedala, pedala, pedala….
Procuro pedalar três vezes por semana, mas nem sempre é possível. Pedalo em grupo ou sozinho. No meio da semana, à noite, em grupo, pedalamos uns 30 a 35 km. Aos domingos de manhã, em grupo ou sozinho, uns 50 a 70 km”, diz o diretor executivo da ANEFAC. Ele ainda aponta que essa atividade ajuda no profissional e no pessoal. “Não é um exercício completo, mas é um relaxamento completo e um bom condicionamento, tanto físico como mental. Durmo muito bem após um “pedal” (como nós dizemos). Fora o aspecto de amizades e de conhecer lugares especiais, que nos passam despercebidos muitas vezes”.
O compromisso para pedalar é enorme e não sai da agenda. O executivo conta que aos domingos pela manhã, muitas vezes alguém quer marcar algo, podendo ser até uma reunião profissional. Em geral, ele nega e informa que tem médico, psicólogo, psiquiatra, academia e “personal”. E a pessoa responde: “Puxa, você faz tudo isso no domingo de manhã?”; então ele responde: “Não, eu pedalo, mas é o equivalente”.
Mesmo assim, o executivo explica que conciliar vida pessoal e profissional não é fácil e nem sempre possível, mas é importante. “Da família, do meu lado, já há pouca gente aqui no Brasil. Tenho um primo com o qual sempre damos um jeito (pretexto) para almoçar uma ou duas vezes por mês. Já a família de minha esposa é muito grande e, religiosamente, jantamos juntos todas as sextas-feiras, na casa dos meus sogros, de 20 a 30 pessoas. Então, talvez, o segredo seja esse. Ter uma agenda positiva, que consiste em um compromisso leve, mas recorrente e automático, que se torna um pretexto para outras atividades em família”, avalia.
A tecnologia
A tecnologia na vida Augustowski é um ponto relevante. “Eu sempre me dei bem com a tecnologia, no sentido mais abrangente e não apenas Tecnologia da Informação. Mas isso, como interessado e não como área de eficácia. Utilizo bem equipamentos e ferramentas, como suporte às minhas atividades profissionais e pessoais. E foi sempre assim. Utilizo meu smartphone em sua plenitude, com vários aplicativos úteis, associados ao smartwatch, na vida pessoal e profissional. Faço anotações (manuscritas) de entrevistas com clientes em um tablet e as mesmas são transmitidas para a nuvem e armazenadas nas pastas de cada projeto, no meu ultrabook, ultrafino e leve, sem partes móveis, com memória sólida (SSD) de 1 Terabite. confecciono Mind Maps como suporte às atividades. Aprendi isto com um amigo e consultor da área de estratégia. Na década de 90, um Cliente e Amigo, no centro, já brincava comigo quando íamos almoçar a pé, em dias de chuva, dizendo que quando eu pego chuva, “é perigoso eu dar um curto-circuito” (em função dos dispositivos “wereables”)”, explica.
Atualmente, o executivo possui sistemas de CRM e ERP, com relatórios e telas excelentes e customizados com todo o tipo de informação e controle. Mas, nem sempre foi assim, quando trabalhava na PwC, na década de 80, e recebeu o primeiro “microcomputador”. Ele conta que estudou (leu um livro) sobre um tal de VisiCalc. “O livro me foi emprestado por um gerente de auditoria mais aficionado do que eu…rs. Bem, esse foi o “tataravô” do Excel. A partir daí, desenvolvi vários modelos de orçamento e simulação para os clientes. Muitos me perguntavam “quem era o programador”. Eu explicava que não era mais necessário saber programação para utilizar um “computador”. Resultado: ministramos cursos sobre a utilização de “microcomputador” para executivos e isto se transformou em um produto pioneiro de grande valor agregado”, relembra.
Anos depois, apesar de não ser sua área de eficácia, desenvolveu modelos de Corporate Finance, análise de investimento e orçamento, consagrados em vários setores. “Nas faculdades onde estudei, tive matérias de TI, incluindo linguagens de programação que não são mais usadas, como Fortran e Algol, para mainframes. Cheguei a utilizar cartões perfurados, porém não parei no tempo. Sabia fazer programação em calculadoras científicas e financeiras. Mas também utilizei Régua de Cálculo. Me orgulho em poder fazer a maioria dos cálculos de matemática financeira em uma calculadora de 4 operações”, ressalta.
Para Augustowski, existem medos: “Em um estágio de maturidade, com meus filhos encaminhados, minha maior preocupação é a de procurar manter minha saúde e tratar de evitar as degradações naturais do passar do tempo, tanto físicas como mentais. Em resumo: tenho medo de perder meu cérebro”. Já com relação a felicidade, no seu entendimento, ela não é um objetivo, mas sim uma consequência. “Ou você é feliz ou não é. Claro, você não para e analisa se é feliz ou não, em momentos de adversidade ou de forma contínua. Há atividades e realizações que te trazem a felicidade como recompensa”, conclui.