Inovar não significa apenas adquirir novas plataformas tecnológicas, é necessária uma visão holística do negócio
Falar de Transformação Digital hoje já faz parte do discurso dos executivos, a dificuldade está na execução e de como de fato fazer isso acontecer para transformar uma companhia em mais ágil e inovadora. Na visão de Natália Lazarini, diretora executiva de transformação digital da ANEFAC e executiva na Stefanini como Head de Digital Business, a inovação tecnológica é um acelerador para que a transformação aconteça. “Por muito tempo, as empresas mantiveram o modo de trabalhar e agora precisam encarar esta onda das novas tecnologias como internet das coisas, robótica e IA, que serão os principais direcionadores da transformação dos negócios nos próximos três anos”, diz.
Para a executiva, as empresas brasileiras possuem alguns principais desafios:
- Mudança de mindset: tem que começar de cima para baixo, a transformação é um processo de mudar a cultura e os processos de uma empresa.
- Estruturação e gerenciamento de dados: gerar inovação nos negócios por meio de dados.
- Falta de conhecimento: não conhecer as inovações tecnológicas leva à resistência por parte dos colaboradores e até dos executivos. As empresas precisam investir em preparar colaboradores. Há uma dificuldade em reter talentos. Sem as pessoas certas não é possível fazer, mesmo que a empresa tenha a melhor tecnologia.
- Digitalizar processos: a digitalização, principalmente em um primeiro momento, deve ter o objetivo de trazer mais agilidade aos processos internos, analisando erros e melhorias.
- Pensar em resultados de médio e longo prazo: as empresas são imediatistas com relação aos resultados, esquecem que é preciso estratégias futuras para acompanhar a transformação.
- Investimento: ausência de competências ou recursos, como habilidades específicas para o desenvolvimento de novos projetos ou falta de recursos humanos para essa função.
Se analisar as principais empresas que estiveram há 10 anos no ranking em comparação aquelas que mais faturam e crescem no mundo é fácil entender a mudança cultural e comportamental hoje no mundo. “É importante analisar o que fez mudar as necessidades e o comportamento do consumidor. O grande impacto foi o acesso e a escalabilidade da tecnologia e da informação no dia a dia das pessoas, que acabaram se tornando mais críticas e exigentes, fazendo com que o gosto e o consumo mudassem. E, também no que as empresas tinham antes de proposta de valor para o que elas precisam construir hoje já prevendo a necessidade do futuro. Com isso, veio desespero de mudança organizacional e estratégica para atender a velocidade de como as coisas acontecem”, explica Lazarini.
Com os últimos anos marcados pela recessão econômica ou baixo crescimento, os investimentos em digitalização no Brasil foram voltados para a busca de aumento da eficácia e eficiência dos negócios, mas não para a mudança que a Transformação Digital pode oferecer.
Como surfar a onda da Transformação Digital?
“A transformação digital requer mudanças em todos os níveis da organização, especialmente de líderes e tomadores de decisões. Conseguir a adesão dos executivos é apenas parte do processo, no entanto, é vital que todos os funcionários estejam dispostos a viver essa transformação. A mudança cultural precisa garantir que os colaboradores façam parte dela e mostrar que Educação e Cultura são grandes aliadas. Investir em capacitação é fundamental”, alerta Natália Lazarini.
Muitas vezes os desafios começam com a necessidade de nova plataforma, segundo a especialista, é importante sair do comodities e analisar se os sistemas atuais se tornaram obsoletos e precisam ser substituídos, ou se não são tão benéficos quanto antes para funcionários e usuários. A atualização ou aquisição de novos sistemas podem automatizar e agilizar os processos organizacionais. Uma mudança de tecnologia pode alterar completamente os negócios como um todo.
“Mas a transformação digital não é simplesmente adotar novas tecnologias, é um empreendimento completamente holístico que requer uma visão explícita de como essas ferramentas digitais podem ser aproveitadas, bem como um plano detalhado para a sua execução. Voltando ao conceito de maturidade digital, é necessário examinar onde sua empresa se encontra no espectro para planejar totalmente a sua estratégia. Ao considerar as metas de curto, médio e longo prazo, seu comitê de transformação digital e inovação pode garantir que a visão geral faça sentido com a estratégia da empresa”, analisa a diretora executiva da ANEFAC.
Que ainda adverte: Avalie e faça ajustes consistentemente, uma empresa que permanece transparente e aplica recursos dedicados à coleta e análise de dados e a projetos de inovação e intraempreendedorismo tem mais chances de obter resultados positivos. Conheça a jornada do seu consumidor e o coloque no centro, visando analisar e estudar todo o seu comportamento, hábitos e costumes. Suas dores e anseios, suas vontades e desejos para que a sua empresa consiga sempre já ter as respostas antes mesmo do seu cliente levantar os questionamentos.
Do ponto de vista de Lazarini, o setor financeiro é o que mais se destaca no uso das novas tecnologias atreladas aos negócios e está surfando a onda Digital. As Fintechs já estão com a cadeia de valor direcionada para a inovação. Nos próximos anos, o segmento de saúde e educação estarão a todo vapor.
Quando pensamos em Transformação Digital logo vem tecnologia na cabeça, mas inovar com tecnologia é uma tendência, mas não deve ser somente isso. “Não se trata apenas de levar mais tecnologia às empresas, o grande desafio é implementar uma cultura digital e avaliar como se manter relevante frente a tantas mudanças. Para isso, se deve buscar repensar a inovação e de como usar o ecossistema para apoiar na solução dos problemas, criar métricas, projetar os desafios de negócios e acelerar ou reinventar os resultados da empresa”, pontua Lazarini.
Não se faz inovação sem pessoas. Os colaboradores precisam trabalhar com foco na jornada do consumidor/cliente, independente da área que atuam. A tecnologia é um facilitador-chave para auxiliar onde a empresa quer ir. Os dados e as plataformas mostram um caminho e ajudam a orquestrar riscos, mas sem atitude e mindset digital, ágil e transformador a empresa vai continuar trabalhando como trabalhava.
A Transformação Digital na ANEFAC
“O que mais me move é o propósito e o tenho como um direcionador da minha carreira e vida pessoal. E por acreditar que através da colaboração, conexão e do compartilhamento somos capazes de transformar diferentes negócios, tenho como objetivo ajudar executivos e empreendedores a compreenderem que a tecnologia e a Inovação são fatores chaves para a transformação do seu negócio. Fortalecer o elo de grandes/médias empresas com startups para que culturas organizacionais diferentes possam acrescentar e acelerar negócios. Acredito que podemos, de forma prática e dinâmica, mostrar que errar faz parte do processo e que tudo se torna mais fácil quando é compartilhado. Para isso, pretendo estar presente nos desafios das empresas promovendo encontros, comitês, palestras e conteúdo para trocarmos juntos desafios e experiências do dia-a-dia”, finaliza.