Por Roberto Vertamatti*
Comentário geral:
A inflação, neste momento, está sob controle e, as perspectivas quanto ao dólar são de estabilidade, no entanto, o crescimento da economia ainda é baixo e deve continuar, principalmente em função do alto custo do estado brasileiro, em todos os níveis e nos três poderes. Portanto, sem uma reforma profunda da Previdência, hoje, a maior despesa do governo e que tem crescido em progressão geométrica e, sem a redução dos gastos com o funcionalismo, que também tem crescido muito acima da inflação, não será possível termos um crescimento econômico de forma mais vigorosa e consistente nos próximos anos.
A eleição do presidente Bolsonaro, alguém não comprometido com os esquemas anteriores que mantém um estado inchado e ineficiente, é uma esperança de que este rumo possa mudar a partir de 2019, buscando muito mais eficiência e redução do custo deste mesmo estado. É bem verdade que as forças retrógradas e mantenedoras de um estado paquidérmico, ainda estão em todo o espaço público, o que nos remete a uma urgente e necessária reforma deste estado, ainda que demore, mas precisa ser iniciada urgentemente.
No cenário internacional, as eleições americanas de meio de mandado, tiveram um resultado não tão bom para o presidente Trump, a perda do controle da Câmara pelo partido Republicano. No entanto, apesar deste revés, o partido do presidente saiu fortalecido no Senado, o que deverá facilitar a sua reeleição em 2020, em especial se a economia mantiver o crescimento atual. Por outro lado, a China, outra grande economia, deverá continuar crescendo em 2019, mas em nível, ligeiramente, inferior ao que ocorreu nos anos recentes. A perspectiva de crescimento mundial para 2019 é semelhante a 2018, da ordem de 3%, projetando para os países desenvolvidos um crescimento médio, ligeiramente, menor e, para os países em desenvolvimento, um crescimento médio, ligeiramente, superior.
A paridade do dólar em relação às outras moedas, inclusive a brasileira, deverá sofrer pressão por valorização, como resultado do importante crescimento da economia americana e, o consequente aumento dos juros naquele país.
Nossa economia e perspectivas:
A grande expectativa é uma redução do tamanho do estado brasileiro, ainda que parte da população não tenha a exata compreensão deste fato. Com a mudança na composição da Câmara, com a eleição de muitos novos deputados, as perspectivas são mais otimistas para começarmos a ter um estado mais eficiente e, portanto, menor.
Nossa carga tributária é muito elevada e deverá, ainda que marginalmente, iniciar um processo de redução, uma das metas do presidente Bolsonaro. Mas, esta redução não acontecerá no nível que necessitamos, a não ser que tenhamos uma reforma profunda da previdência e a redução importante dos gastos públicos.
Acreditamos que as perspectivas são positivas para a economia brasileira em 2019, devendo acontecer uma retomada dos investimentos e uma melhora do emprego, ainda não no ritmo que almejamos.
O retorno de uma política exterior, muito mais pragmática, deve melhorar o relacionamento econômico com os Estados Unidos e os países desenvolvidos, ampliando as perspectivas do nosso comércio exterior. A política anterior do Lula e da Dilma, favorecendo países com fracas economias como Cuba, Venezuela, Bolívia, Angola, entre outros, custou e custa muito caro para o Brasil, com praticamente nenhum resultado econômico, a não ser despesas e riscos no recebimento futuro dos empréstimos feitos.
Com relação ao crédito, reduzido nos últimos três anos em função da recessão, deveremos iniciar um novo processo de crescimento, em especial em função da retomada da confiança.
Na infraestrutura os leilões e concessões deverão ser incentivados a partir do próximo governo, com melhores perspectivas para a contratação de mão de obra nesta área.
As commodities, importante pauta de exportação do Brasil, continuarão tendo uma ligeira recuperação nos seus preços, diante do cenário atual, favorecendo o Brasil.
Em função deste quadro e pelos atuais indicadores econômicos, a perspectiva é que nossa economia deverá ter um crescimento mais consistente em 2019, podendo chegar a 2,5% ou 3%, mas vai depender das reformas, em especial da previdência, como já comentamos.
As mudanças históricas que tanto queremos para o Brasil, dependem, acima de tudo, de uma consciência maior da nossa população e, isto somente será alcançado, com a melhoria continuada da educação.
Recomendação:
Comento aqui duas propostas que, com certeza, melhorariam e, muito, o desempenho da economia brasileira: o fim da estabilidade do funcionalismo público com a criação de um novo poder Administrativo e, sem a influência política (vários países desenvolvidos funcionam desta forma), além disto, seria importante fazermos um novo pacto federativo onde as receitas de hoje: 70% do governo federal, 25% dos estados e 5% dos municípios, sejam alteradas para: 40% para o governo federal, 30% para os estados e 30% para os municípios, devendo a saúde, segurança e educação, serem totalmente de responsabilidade dos estados e municípios, com proibição de ajuda por parte do governo federal, a não ser em caso de catástrofe climática.
*Roberto Vertamatti é professor, sócio da Apus Consultoria e conselheiro da ANEFAC
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