Buscar todas as informações e saber interpretá-las é um grande diferencial no mundo do Big Data
Com o cenário político, aparentemente, definido para o ano de 2019, é esperado que a economia brasileira volte para os trilhos. Há perspectivas de investimentos e muitas mudanças no mercado. Para João Paulo de Oliveira Lima, diretor de controladoria da Movida, tivemos muitas ações e investimentos represados, aguardando a estabilização do cenário político para se iniciar um novo ciclo virtuoso dentro da economia. Ele acredita que a mensagem geral das urnas foi muito boa e traz reflexões importantes. “Uma vez o ambiente político estabilizado, como parece que está, os investimentos começarão a aparecer e a economia voltará a prosperar novamente. Obviamente, depende de outras ações, como as reformas previstas, e o Governo fazer o básico: gastar menos do que arrecada”, afirma. Conheça mais sofre a visão do executivo que fala sobre mercado, controladoria, orçamento, entre outros assuntos.
Como você avalia a evolução das empresas brasileiras na área de controladoria?
Nós passamos por profundas mudanças ao longo dos últimos anos, tanto na legislação aplicável a contabilidade como na forma com que a alta administração demanda informações para a tomada de decisão nas empresas. A informação, que já era importante, passou a ser insumo fundamental. O desafio da controladoria é fornecê-la de forma rápida, com a maior exatidão possível e obedecendo as regras de compliance das companhias. Além disso, a controladoria passa a ter papel importante na análise dos movimentos estratégicos, pois ao final, todos esses movimentos, após executados, têm que refletir o resultado esperado, sem trazer riscos a companhia por descumprimento de obrigações quer seja de ordem tributária ou contábil. A controladoria passou a ser uma ferramenta fundamental e ter maior participação nas ações que envolvem o planejamento estratégico.
Quanto o assunto é orçamento nas empresas, o que devem prestar atenção?
Um orçamento bem elaborado e num nível de detalhe razoável fornece, antecipadamente, elementos que ajudam na gestão dos custos e das vendas. A atenção deve ser dada ao “entorno” do orçamento. Seu cumprimento vai exigir bons processos de aprovação, alçadas condizentes com a estrutura da companhia e mais que o simples acompanhamento, dar o tratamento correto de qualquer desvio que tenha ocorrido. O orçamento não deve ser uma peça elaborada que compara números previstos com realizados com o intuito de explicar o porquê do não atingimento do resultado, mas sim utilizado como mais uma ferramenta de gestão em todos os níveis da organização para se manter no caminho traçado.
Ainda sobre orçamento, o que as empresas brasileiras têm feito que pode se destacar positivamente?
Temos há algum tempo uma onda muito forte do chamado OBZ (orçamento base zero). Ele tem sido importante, pois leva a entender o detalhe de todo e qualquer gasto realizado pela companhia. Nesse conceito, qualquer despesa tem que ser justificada para a sua inclusão no orçamento. Isso coloca um foco maior na revisão geral de todos os gastos da companhia antes mesmo deles serem contratados.
Quais serão os principais problemas que as empresas devem enfrentar no seu ponto de vista em 2019?
Confiança do consumidor e do próprio empresariado. O maior índice de desemprego contribuiu diretamente para a redução do consumo e, quem tinha dívidas deixou de pagar, gerando também um alto crescimento da inadimplência, o que desequilibra as contas. Trazer de volta o índice de confiança do consumidor em níveis pré-crise será um desafio.
A retomada dependerá da agenda de reformas prevista. O desequilíbrio fiscal tem gerado incertezas nas decisões de investimento dos empreendedores. Sem investimentos não teremos geração de empregos que por sua vez prejudicará ainda mais o consumo. A confiança do empresariado será fundamental nesse momento.
Onde as empresas devem apostar para crescer?
Não creio que exista uma fórmula para isso. Quem utilizou esse tempo difícil para se reorganizar, e apostou em tecnologia para ser competitivo e inovação para surpreender deve largar na frente.
Dados e estratégias têm assumido grande destaque nas atividades das empresas?
Hoje em dia não é mais possível pensar na estratégia de negócios sem refletir sobre seus dados históricos, mas também as tendências, as inovações e os hábitos dos clientes, principalmente, no varejo que é muito dinâmico. Na era digital, buscar todas essas informações e mais do que buscar, saber interpretá-las da maneira correta é um grande diferencial considerando que estamos iniciando no mundo do Big Data.
Quais os principais desafios para as empresas no cenário econômico atual?
Se manter competitivo com um nível elevado de serviço para clientes que se mostram cada vez mais exigentes. Do ponto de vista da controladoria, é estar com um time preparado para fornecer informações com velocidade que ajudem o management da companhia a aliar a estratégia de negócios com a alocação correta de recursos. Manter-se constantemente atualizado tecnicamente para estar à frente dos eventos que possam trazer algum impacto nas demonstrações financeiras da empresa e se preparar para eles.
Como a Movida tem se preparado para crescer?
Após um período de crescimento exponencial das operações, temos nos estruturado ao longo de 2018 com o reforço da experiencia/qualificação do time de controladoria, implementação de controles e processos, um ERP robusto e a disseminação da cultura de atendimento ao nosso cliente interno de maneira rápida e confiável.
Quais os principais cenários que a empresa deverá trilhar no próximo ano?
A Movida vem se posicionando, não como uma locadora de veículos, mas sim como uma empresa de mobilidade com uma plataforma diversificada para atender as necessidades de seus clientes. A Movida tem um DNA muito forte em inovação e essa também deve ser a marca da companhia para o próximo ano.
A Movida vem demonstrando crescimento consistente nos últimos dois anos, mesmo em meio a crise econômica que afeta todo o país, reforçando sua estrutura de capital e ganhando capilaridade, escala e aparecendo como uma opção de mobilidade para a população. A empresa como um todo está bastante engajada e entusiasmada com o que vem sendo construído e esse clima fortalece toda a estrutura para oferecermos mais serviços de qualidade. Vamos virar a chave e #partiumovida para 2019.
Raio X
João Paulo Lima iniciou sua carreira profissional como trainee de auditoria em uma Big Four (Deloitte), por onde atuou por quase 10 anos. Chegou a posição de gerente de auditoria externa e atuou em grandes empresas e projetos durante esse período nos mais variados ramos de atuação. Depois passou por Votorantim, no segmento de siderurgia, Ermenegildo Zegna, varejo de luxo, já como responsável por toda a área financeira na América Latina, IMC (dona das redes Viena, Frango Assado e Olive Garden) e hoje, atua como responsável pela Controladoria da Movida.
“Nós passamos por profundas mudanças ao longo dos últimos anos, tanto na legislação aplicável a contabilidade como na forma com que a alta administração demanda informações para a tomada de decisão nas empresas”