AES Tietê, EDP, ISA CTEEP, JSL, Localiza e Petrobras apontaram informação relevante como ponto crucial para uma demonstração transparente
Existe muito espaço para se melhorar, este é o sentimento de todas as empresas ganhadoras do Troféu Transparência ANEFAC® que participaram do 1º Meeting Day da Transparência realizado em 05 de dezembro, em São Paulo. AES Tietê, EDP, ISA CTEEP, JSL, Localiza e Petrobras foram as empresas que compuseram o time deste primeiro evento, que teve como objetivo promover um intercâmbio entre as ganhadoras, as auditorias e os participantes, justamente para mostrar os pontos de atenção que fazem com que essas demonstrações financeiras estejam no seleto grupo de premiadas da edição de 2018. Além das empresas, participaram do debate Ronaldo Martins, CEO do Ronaldo Martins & Advogados, Silvio Takahashi, socio da EY, Ulisses Magalhães, sócio da KPMG, Dario Lima, sócio da BDO, Marta Pelucio e Milton Toledo, ambos vice-presidentes da ANEFAC.
“Uma coisa é você examinar uma demonstração financeira de um parceiro e ver a forma como ele escreve, outra coisa é ver a visão dele, como se prepara, quais são os cuidados que tem e como funcionam os processos da empresa que atua. Com essa troca de experiência poderemos fazer melhorias em nossos processos. Elaborar a demonstração financeira é um processo contínuo, quando terminamos uma já pensamos na próxima. Ter essa troca de experiências, proporcionada pela ANEFAC, foi uma oportunidade incrível”, avalia Fernanda Gallinaro, especialista de consolidação e reporte financeiro da EDP no Brasil.
Para Samir Ferreira, controllership director da JSL, o meeting day foi simplesmente enriquecedor. “Pude aprender com os colegas, que palestraram, e também tive a oportunidade de expor um pouco sobre o que fazemos na JSL e o que consideramos de boa prática. Com esse tipo de evento, podemos evoluir para termos cada vez mais uma demonstração financeira mais transparente”, diz. Complementando, Alehandra Brant, gerente de informações externas da Localiza, acredita que todos ganharam com o evento. “É bom que a gente crie esse espaço para discutir os pontos problemáticos sobre as DFs quando não se está discutindo no mercado”, pontua.
“Foi muito proveitoso, mais uma vez uma iniciativa da ANEFAC que agregou muito valor para nós, da Petrobras. Primeiro, porque podemos trocar conhecimento com quem, também, prepara as demonstrações financeiras em suas empresas e depois podemos debater ideias e conceitos. Saímos daqui com pontos positivos que vamos com certeza levar para ‘casa’ para ver o que podemos melhorar nas nossas DFs e na nossa transparência”, aponta Amós Cancio, gerente geral de contabilidade da controladora, de subsidiarias e do consolidado da Petrobras.
De acordo com Roberto Ferrari, CEO da Ferrari Gestão de Ativos, o meeting day da transparência possibilitou a troca de experiência entre todos os presentes. “Nós trabalhamos com governança corporativa e encontros, como esse, que estimulam a transparência na governança corporativa são extremante relevante. As empresas que buscam informação, o mercado e o investidor veem com bons olhos”, ressalta. Para Marisa Koga, CEO da Assurance Traduções Contábeis, que trabalha com traduções de DFs e demais relatórios contábeis, o encontro propiciou a todos os presentes uma grande troca de ideias, além de compartilhar informações que agregaram às demais empresas participantes.
O que as demonstrações financeiras ganhadoras têm
Cada empresa ganhadora do Troféu Transparência ANEFAC® 2018 apresentou os desafios e as oportunidades para se elaborar uma demonstração financeira transparente. Entre os pontos abordados a análise de informações do balanço, as demonstrações financeiras em partes como relatórios de apoio e notas explicativas, os impactos das normas internacionais, as mudanças de infraestrutura, levando em consideração sistemas, ferramentas e pessoas, e por fim, as preocupações relevantes para a elaboração das DF’s desse ano.
Pela primeira vez entre as ganhadoras, Carisa Portela Cristal, controller na ISA CTEEP, acredita que falar para um público, onde tantas empresas já ganharam outras vezes, é uma grande oportunidade. “Procurei desafiar os colegas que estão nesse seleto grupo que ainda dá para ser melhor, ainda tem espaço para ser inovador, para ser mais usual e olhar para o setor e buscar o que o leitor lê em uma DF. Pois, até que ponto estamos conseguindo atrair esse público, então de fato, tem que organizar as duas coisas, não deixar de ser transparente, mas persistir a transparência de uma forma mais objetiva e agradável para o leitor”, salientou.
“Eu destacaria dois pontos importantes para se ter uma demonstração transparente, trazer uma informação de forma assertiva e objetiva ajuda muito na qualidade da nossa demonstração financeira e, junto com isso, a divulgação de informações relevantes para o mercado sem ferir o que a norma contábil determina”, observa Pedro Vitagliano Teixeira, gerente de controladoria na AES Tietê. Para ele, esse trabalho de adequação as normas, mas, também, entregando informações que o investidor o stakeholders é a chave do negócio e lógico, junto com tudo isso, ter pessoas dedicadas e qualificadas com a mesma ideia para fazer um documento com excelência e qualidade.
Fernanda Gallinaro, da EDP, entende que o principal ponto é não fazer a demonstração financeira para o contador e sim pensar em todos os stakeholders e todos os leitores das DFs. É importante que ela seja lida e entendida. Quando nos propomos a fazer a DF o objetivo é, além de trazer os principais assuntos, tratar as questões de relevância e transparência, que precisam ser claras na mensagem que a companhia quer passar”, cita. Enquanto que na JSL, um setor bastante diferente do de energia, a empresa é regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o tipo de serviço traz algumas divulgações diferenciadas como as práticas de receitas de transporte e de carga, o serviço de armazenagem ou de movimentação. “Sempre visamos a comunicação com o usuário da demonstração financeira sem esquecer a técnica contábil claro, envolvemos sempre os auditores nas nossas discussões de modo que os temas sempre sejam bem endereçados e bem tratados para ter uma divulgação personalizada sobre o que aqueles eventos significam”, conta Samir Ferreira, da JSL.
Para a controller da ISA CTEEP, ainda há muito espaço para evoluir, “nós soubemos que nesse Prêmio, mesmo, foi difícil encontrar a última ganhadora, no entanto, que reduziram uma empresa, isso mostra o quanto a gente ainda está carente”. Ela acredita que isso manifesta que o time de avaliadores do Troféu Transparência ANEFAC® teve que fazer um esforço para chegar as premiadas. E complementa, “para ser transparente é necessário ter uma empresa que acredite e que valorize a transparência não adianta estar apenas na área contábil, a companhia como um todo tem que pensar e ser transparente e ainda querer demonstrar as suas ações. A demonstração financeira não é da contabilidade, ela é da companhia e, nasce desde o momento que se faz a primeira operação sendo transparente em toda a sua divulgação”.
Acreditando que há muitas preocupações na elaboração das demonstrações financeiras, Alehandra Brant, da Localiza, pondera sobre a necessidade da atualização das IFRS e dos CPCs, que são as normas técnicas, mas também com o compliance e com a qualidade das informações das DFs de uma forma geral e, principalmente, com a abertura de informações relevantes. “Os principais desafios de estar em um departamento que prepara as DFs de reporte é que a informação divulgada fica centralizada nessa área, ou seja, tudo o que é divulgado está alinhado com o conhecimento e contido em uma única gerência e equipe. Agora os malefícios é que as vezes precisamos nos infiltrar mais em todos os departamentos e saber até quando envolver cada um, mas têm mais benefícios do que malefícios”, evidencia.
“A busca do seu melhoramento nas suas demonstrações financeiras nunca pode acabar. É preciso buscar sempre se reinventar por causa da importância que tem as DFs sejam as métricas ou os novos normativos contábeis, que são avaliados e estudados até serem implementados e também a questão se conseguimos melhorar em termos qualitativos, então que se melhore em termos de informação e se busque e seduza o investidor para ler as DFs”, avalia Amós Cancio, da Petrobras.
De acordo com Teixeira, a Aes vive um momento de transição de pessoas e de estrutura, e isso está sendo um desafio muito grande, pois é preciso adequar as pessoas e a estrutura para dentro dessa qualidade da elaboração da demonstração financeira. “Estamos focando muito na qualificação desses profissionais junto com a revisão de processos e mudanças internas, no centro de serviços compartilhados, em uma controladora corporativa mais forte, mais dedicada ao processo de divulgação das informações e de informações gerenciais”, diz.
Em termos de futuro, o gerente da Aes Tietê entende que a empresa irá trabalhar em automatização de sistemas e investimentos nessa área para melhorar. “A automatização está fazendo com que tenhamos mais tempo para se dedicar ao que realmente importa, na qualidade das informações gerenciais, com isso, o profissional tem mais tempo para estudar e elaborar um relatório com mais qualidade se a informação básica vier mais eficiente”, vislumbra.
Gallinaro também vislumbra para o futuro a automatização na EDP. “Principalmente dentro do setor de energia, a empresa é líder no processo de robotização, temos uma série de robôs fazendo trabalhos mecânicos que, antigamente, eram feitos por pessoas, mas a gente não vê isso como uma coisa ruim, porque os robôs fazendo esse trabalho mecânico sobra muito mais tempo para as pessoas, os profissionais, fazerem uma análise mais crítica e trazer mais qualidade naquele número. Acreditamos que esse é o futuro, ter as pessoas mais focadas na análise e cada vez menos em processos manuais e repetitivos”, adverte.
“Acho que precisa evoluir mais no técnico porque a formação técnica, hoje, não está suficiente para o que a norma, a legislação contábil, vem exigindo de uma forma geral e ao mesmo precisamos enxugar mais as DFs, que precisam ser mais relevantes e precisas”, salienta Brant. Já Cancio enxerga que ainda temos muito que desenvolver no âmbito digital, hoje, apesar de toda a onda digital ainda trabalhamos com muito papel. “Acho que é um caminho que temos que seguir menos papel, melhorias de processos, e digitalizar mais os nossos resultados para quem quer que usufruía dessas informações”, conclui.