A implementação pode ocorrer em quatro estágios: compliance e eficiência, gestão ESG, visão ESG e impacto positivo
Em destaque no universo corporativo, quando falamos em ESG nos referimos especificamente aos aspectos ambientais, sociais e de governança dos negócios. De acordo com Nelmara Arbex, sócia-líder de ESG Advisory na KPMG no Brasil, que palestrou no 6º Circuito da Transparência – Cases práticos de ESG, esses fatores acabaram se conectando à estratégia e ao futuro dos negócios e se transformando em um diálogo permanente com a sociedade e demais stakeholders. “Na prática essa demanda vem de fora para dentro e impacta na performance e na forma de agir, como em relação as mudanças climáticas e as campanhas de racismo. A grande questão é como a companhia irá lidar com os impactos causados pela sua operação, como por exemplo, a emissão de carbono, a sua contribuição para a redução da pobreza e como é coerente entre a ação e o discurso”, explica.
Uma das formas de as companhias responderem a tudo isso é com a criação de valor e os fatores ESG podem ajudar sendo aplicados em quatro estágios: compliance e eficiência, gestão ESG, visão ESG e impacto positivo. Arbex lista alguns pontos para que elas tenham sucesso nessa jornada, o primeiro passo é estipular um plano sobre a medida do impacto da sua operação com base em cada um dos aspectos e definir metas para resolver os problemas específicos que a sociedade sofre.
Em complemento, Vanessa Ferreira Lukaisus, diretora executiva tributária no GM Financial, que também palestrou no evento, aponta que em governança deve se tratar de práticas e controles que são procedimentos adotados. Em social de pessoas, de clientes internos e externos e em meio ambiente de ações sobre as mudanças climáticas, uma pauta que deve ser acompanhada de perto. Ela avalia que se deve sair dos pontos negativos de uma visão capitalista para um conceito mais consciente de ser e existir, migrando da esfera da filantropia para o conceito de sustentabilidade mais como um pilar global e não apenas das questões ambientais, mas da empresa como um todo. ESG não é mais um assunto da moda é realidade.
Dentro dos fatores ESG, com relação as dimensões da transparência, num contexto global, o palestrante Augusto Flores, vice-presidente de Tax South America no Volvo Group, aponta o Tax Fair Share, o Minimum Tax Deal e o B Team a serem administrados e implantados. “A transparência precisa estar clara em três dimensões: fisco (obrigações), acionista (gerenciamento) e cliente (marca e reputação). Se fala muito em moralidade e isso impacta diretamente na marca. O tempo entre criar e destruir uma reputação é completamente diferente. Entre os benefícios disso, está a atração de mais capital. Já o risco são os processos feitos erroneamente”, diz.
Com relação ao S no contexto do ESG, de acordo com Lukaisus é fundamental o desenvolvimento de políticas sólidas com investimentos em direitos humanos, diversidade, nos programas voluntários na comunidade onde está inserida, inclusão social e na solidificação dos valores corporativos. “O novo perfil do investidor busca essa informação, procura saber qual é o resultado que a empresa tem, não só sobre o produto, que está adquirindo, mas no core business. Temos um grupo muito exigente que leva as ações muito além da estrutura. Um perfil de um investidor jovem, de 30 a 35 anos, que mesmo estando no começo da carreira já tem todos esses conceitos formados, então são itens que precisam estar na agenda”, reflete.
Na prática a implantação do social é quando uma empresa constrói uma política sólida não só marketing, mas para dentro visando retenção e rotatividade, bem como um ambiente com qualidade para os colaboradores. Lukaisus conta que aqui só funciona se trouxer a preocupação sobre diversidade e inclusão e fazê-la se tornar realidade. Uma pesquisa da Deloitte apontou recentemente que a diversidade já mostra resultado nos mais altos cargos e que empresas com essa sinergia atraem mais investimentos. “É um impacto positivo na sociedade. Gera um ciclo. Acredito que na sigla ESG deveria ter um D de diversidade, pois traria mais força para as ações”, enfatiza.
Ainda nesse ponto de diversidade, não podemos esquecer das gerações. O convívio de diferentes idades ajuda na cultura da formação das diferenças. A tecnologia não traz a maturidade, por outro lado a vivência por si só não traz atualização, então o perfeito é unir as diversas idades, ter uma mistura da experiência e inteligência emocional que os com mais de 40 ou 50 trazem com a rapidez e a jovialidade dos mais jovens. Faz parte do conceito da diversidade inserir esse público, assim como os demais públicos que se enquadram dentro desse conceito.
Outro ponto importante, na visão de Arbex, é que nada disso se faz sem governança corporativa, pois ela ajuda a colocar na ordem do dia a dia dos executivos os aspectos ESG. Também auxilia no processo de definição das metas e do seu acompanhamento, ou seja, concretizar essa agenda está na mão da governança. O G é citado ainda por Flores quando se caminha para a transparência, redução de simetria das informações, redução de captação e riscos de onerações fiscais, a governança está por trás nessa cobrança para que se traga vantagem competitiva.
Ele cita como exemplo as contratações de terceiros. “Nem sempre está relacionado com preço, transparência não significa optar pelo mais barato, mas explicar as cotações e o porquê a opção é pelo orçamento com maior valor. É preciso verificar outros requisitos que são estabelecidos nas boas práticas”, alerta. Em complemento a esse tema, Arbex explica que dentro de uma estrutura ESG o que importa nas contratações é ter critérios bem definidos em linha com os valores da empresa, depois se levanta a questão de preços.
“Por fim, não podemos esquecer que os investidores estão investindo mais nas companhias que estão se adequando aos fatores ESG. O mercado já enxerga o valor”, avalia a moderadora do evento Marta Pelucio, presidente nacional na ANEFAC. Além disso, Lukaisus aponta que uma proposta estruturada de ESG tem como retorno para o negócio um crescimento sustentável de uma receita orgânica. Traz uma redução de custos com menores interversões regulatórias.
O evento 6° Circuito da Transparência, que você assiste na íntegra abaixo, faz parte de uma agenda de debates com muito conteúdo em prol das empresas e fomento das melhores práticas da ANEFAC em comemoração aos 25 anos do reconhecido Troféu Transparência – Prêmio ANEFAC.FIPECAFI. A entidade organizou uma série de ações que visam colaborar com a bandeira da transparência para o mercado, trazendo temáticas importantes que estão sendo discutidas por toda a sociedade e mercado com a transparência.
Confira o conteúdo da Agenda da Transparência 2021:
1 ° Circuito da Transparência: Privacidade de dados: as empresas realmente estão mais seguras? Clique aqui.
2 ° Circuito da Transparência: Lei Anticorrupção ajuda a criar um ambiente de negócios transparente e ético. Clique aqui.
3 ° Circuito da Transparência: O que falta à transparência das questões ESG? Clique aqui.
4 ° Circuito da Transparência: Compliance na Gestão de Terceiros. Clique aqui.
5º Circuito do Transparência: Demonstração financeira é responsabilidade compartilhada entre todos. Clique aqui.
Acesse o conteúdo do evento na íntegra: