Auditor independente e equipes internas das empresas se voltam a trabalhar em sincronia sem perder a essência dos seus papeis
De responsabilidade dos contadores no passado, a demonstração financeira hoje é uma responsabilidade compartilhada por várias áreas. As normas existentes e os processos fizeram com que novos especialistas fossem inclusos neste processo. Na visão de Carisa Portela, CFO na Isa CTEEP, que palestrou no 5º Circuito do Transparência da ANEFAC, que aconteceu no dia 25 de novembro, com o tema: o papel do auditor independente na revisão das DFs, o conceito que esse relatório é de todos é importante, assim como é o da transparência.
“Ambas são construídas no dia a dia. O time precisa olhar e fazer com que a informação flua e chegue da melhor forma, saber qual é a medida certa a ser disponibilizada, levar aquela que faz a diferença e ir além do técnico. Estamos sempre buscando uma leitura mais amigável e que traga mais sobre o negócio. Temos até a liberdade poética de contar uma história sobre o que aconteceu na operação naquele último ano, que realmente agregue valor. O auditor independente vem justamente para ser o balizador de tudo isso, já que é uma das formas mais importantes de conversar com o mercado”, diz Portela.
A elaboração desses relatórios financeiros tem ciclos que passa pelo dia a dia da operação, pelo contexto, pelo planejamento e por um cronograma pré-estabelecido pelos auditores e que envolve o engajamento de todos. Para Patricia Vieira, diretora de controladoria e normas contábeis no Grupo SBF e que palestrou no evento, é uma autobiografia que vai contando a história. “É importante trazer o que é relevante e a transparência e o compliance tem um papel, pois transmitem os princípios éticos. Durante muito tempo como área contábil, tínhamos a percepção que a demonstração financeira era o nosso olhar, mas não, deve atender aos públicos específicos. O auditor independente agrega sob essas informações apontando muitas vezes as que são preciosas e relevantes. Além de ajudar a mitigar riscos e erros”, pondera.
Todo esse ambiente de preparação das DFs evoluiu muito ao longo dos anos. Segundo outro palestrante Rogério Andrade, sócio de práticas profissionais na KPMG, quando olhamos para o passado, se contabilizava e passava para o auditor e depois se publicava, mas com o aperfeiçoamento e surgimento de novas normas contábeis, houve uma mudança de cultura. “A chegada do IFRS trouxe um nível de especialização diferenciado, que exige conhecimento de outras áreas. Já os aspectos regulatórios no Brasil apontaram, ainda, responsabilidades ampliadas, como é o caso da diretoria estatutária, que responde pelo que é divulgado. O que ela faz durante o ano reflete no relatório. Por sua vez, a contabilidade mostra o que acontece na operação e o auditor tem o componente de ser independente, emitindo o olhar de terceiro”, pontua.
Neste processo evolutivo dos relatórios financeiros, a palestrante Carla Bellangero, diretora de comunicação no Ibracon, avalia que outro ponto importante foi o Troféu Transparência da ANEFAC, que ajudou o país. Com relação às necessidades de preparação, ela entende que é preciso saber quais são os temas relevantes e atuais, para que seja um resumo das operações e estejam em consonância com as normas do mercado, que envolve os órgãos reguladores. “A contabilidade pode estar na liderança, mas o preparo passa por toda a companhia, pois será utilizada internamente e externamente”, adverte.
Neste processo evolutivo dos relatórios financeiros, a palestrante Carla Bellangero, diretora de comunicação no Ibracon, avalia que outro ponto importante foi o Troféu Transparência da ANEFAC, que ajudou o país. Com relação às necessidades de preparação, ela entende que é preciso entender quais são os temas relevantes e atuais, para que seja um resumo das operações e estejam em consonância com as normas do mercado, que envolve os órgãos reguladores. “A contabilidade pode estar na liderança, mas o preparo passa por toda a companhia, pois será utilizada internamente e externamente”, adverte.
Enquanto Silvio Takahashi, sócio de auditoria na EY e que palestrou no evento, complementa que a DF é peça individual de cada entidade. “Desde o CPC 07 passaram a ter uma qualidade melhor. Esse espírito de melhoria da comunicação, que nos força sempre a revisitar esse ponto. Quem consegue trazer a informação ao mercado tem mais sucesso. Os ganhadores do Prêmio têm a função de passar isso à frente. Têm muitas empresas se registrando na CVM e que precisam melhorar. Não pode ser um copia e cola. O papel da transparência influencia os preparadores no que é importante e no que não. Nós, como auditores, temos um papel de ajudar, um efeito crítico”, ressalta.
Mercado exige equipes de auditores multidisciplinares e tecnologia adequada a cada negócio
A criação dos conselhos e comitês de auditoria trouxe uma nova fase no relacionamento das companhias com os auditores que exigiu das firmas de auditoria um foco maior em controles internos, em tecnologia, em inovação e respostas rápidas diante das transformações do mercado. “Elas não podem ser iguais uma da outra e precisam ter equipes com vários tipos de especialistas. Além disso, não se pode copiar”, aponta Roberto Fragoso, head de tributos da ANEFAC, que mediou o evento.
No relacionamento com o auditor independente, Portela traz como fator importante a transparência, pois no passado ele era um fiscal, mas hoje realmente existe um relacionamento. A função dele é mitigar riscos e o CFO precisa ser um facilitador. Ao complementar, Vieira constata que o auditor agrega valor. “É fundamental uma comunicação transparente das duas pontas. A companhia abre a porta para o auditor que não veio para pegar erro, mas sim ajudar. O planejamento e abordagem da auditoria naquele período e o cronograma dos dois lados com prazos a cumprir ajuda, além de uma abordagem clara de como serão direcionados os testes. Isso tudo vai gerando um relacionamento de credibilidade”, explica.
Do outro lado, Andrade conta que as firmas de auditoria estão se especializando cada vez mais, trazendo inclusive profissionais de diferentes formações para agregar aos trabalhos. Mesmo ainda sendo necessário o treinamento técnico, cada um traz consigo as suas habilidades que ao final somam ao todo no trabalho do auditor. Takahashi também fala que as equipes multidisciplinares agregam aos processos e trazem um olhar complementar, pois não é mais possível ter apenas contadores envolvidos.
Mais um fato nessa equação, as firmas de auditoria estão investindo em inovação e tecnologia. “Estamos automatizando os processos, queremos trazer mais tempo qualitativo. Substituir rotinas operacionais, como por exemplo, resumos de atas, ferramentas de recalculo, aplicação de drones de acompanhamento de inventários e estoques, entre outros. Precisamos trazer essa inovação para dentro para otimizar nossos tempos, mas as organizações também precisam fazer isso, para que se possa confiar nos controles de acesso, se usamos uma ferramenta, não se pode ter como alterar os dados, pois inviabiliza a aplicação do teste. É um caminho de mão dupla. Se as companhias não estão preparadas o auditor não consegue utilizar com a segurança requerida”, finaliza Bellangero.
O evento 5° Circuito da Transparência, que você assiste na íntegra abaixo, faz parte de uma agenda de debates com muito conteúdo em prol das empresas e fomento das melhores práticas da ANEFAC em comemoração aos 25 anos do reconhecido Troféu Transparência – Prêmio ANEFAC.FIPECAFI. A entidade organizou uma série de ações que visam colaborar com a bandeira da transparência para o mercado, trazendo temáticas importantes que estão sendo discutidas por toda a sociedade e mercado com a transparência. Confira os conteúdos dos demais eventos.
Confira o conteúdo da Agenda da Transparência 2021:
1 ° Circuito da Transparência: Privacidade de dados: as empresas realmente estão mais seguras? Clique aqui.
2 ° Circuito da Transparência: Lei Anticorrupção ajuda a criar um ambiente de negócios transparente e ético. Clique aqui.
3 ° Circuito da Transparência: O que falta à transparência das questões ESG? Clique aqui.
4 ° Circuito da Transparência: Compliance na Gestão de Terceiros. Clique aqui.
6º Circuito do Transparência: ESG na prática evolve políticas e metas bem definidas.Clique aqui.