Mérito em Capital Humano
“O talento, a sensibilidade e a visão humana jamais poderão ser substituídos pela tecnologia”
Para Alcione Albanesi, presidente do Amigos do Bem, ganhadora do Profissional Mérito ANEFAC 2021 na categoria Capital Humano, nos grandes feitos da humanidade sempre haverá a intervenção do homem. “Mesmo com o avanço da tecnologia, as empresas estão cada vez mais investindo na diversidade e nas iniciativas sociais para intensificar a troca com a sociedade, fundamental para o desenvolvimento e crescimento de qualquer negócio”, diz.
A empresária, que é uma das maiores empreendedoras sociais do país, fundou em 1993 os Amigos do Bem, uma das instituições de maior impacto social no país, que transforma milhares de vidas no sertão nordestino. Ela se diz feliz e grata pelo recebimento do Prêmio da ANEFAC, pois são reconhecimentos como esse que mostram que está no caminho certo e estimula a fazer ainda mais e de forma melhor.
A história que começou em uma viagem com 20 amigos para o sertão nordestino, há mais de 27 anos, se transformou no Amigos do Bem, que possui projetos de educação, trabalho e renda, acesso à saúde, água e moradia. A ONG busca promover a inclusão social e romper o ciclo secular de miséria na região. Hoje, 75 mil pessoas são atendidas todos os meses, em 140 povoados do sertão de Alagoas, Pernambuco e Ceará. “Essas conquistas enchem o coração de alegria. Meu sonho é ver um país mais solidário e com menos desigualdades. E nós, do Amigos bem, temos trabalhado muito para isso”, reflete Albanesi.
Para a presidente do Amigos do Bem, todo ser humano é capaz de se desenvolver, desde que lhe sejam oferecidas condições favoráveis. “Quando se fala em transformação, a educação é o principal caminho. Desde o início, trabalhamos com acolhimento e sem julgar. Temos uma miséria cíclica e uma história triste de abandono secular no sertão nordestino. A educação é fundamental para a transformação dessa realidade e diminuição da desigualdade social em nosso país”, acredita. As crianças atendidas no projeto ainda moram em casas de barro, em povoados isolados. Infelizmente, não conseguem oferecer moradia a todos. Mas, por meio da educação, avalia que estão construindo o futuro e permitindo que acessem um universo de possibilidades.
“Acredito que todo ser humano pode se transformar e ser um multiplicador do bem. Quando atuamos com sentimento, nos sentimos motivados a agir e fazer parte do mesmo propósito. Sempre falo que ninguém faz nada sozinho. Tudo só é possível com a ajuda dos meus Amigos do Bem, dos colaboradores e das famílias que também confiam em nós a transformação de suas vidas. “Se não posso fazer tudo o que devo, devo, ao menos, fazer tudo o que posso”, este é o lema dos Amigos do Bem, que movimenta milhares de indivíduos a seguirem nesta caminhada do bem”, ressalta Albanesi.
Raio X
Foi presidente e fundadora da FLC, empresa que se tornou líder no mercado de lâmpadas no Brasil. Em 1993 fundou os Amigos do Bem. É vencedora de diversos prêmios, como Empreendedor do Ano, da Ernest Young, Projeto Generosidade, da Ed. Globo, Mulher Claudia, Trip Transformadores, Personalidade Social do Lide 2018, além de ter sido homenageada com o título de Cidadã Pernambucana e Cearense.
Mérito em Tributos
“Entre as fronteiras do conhecimento, a área tributária tem muita transversalidade no mundo corporativo”
Na visão de Augusto Flores, vice-presidente de Tax South America da Volvo Group, ganhador do Profissional Mérito ANEFAC 2021 na categoria Tributos, a área tributária lida com inúmeras outras como comercial, compras, logística, manufatura, engenharia, jurídico e TI, de tal forma que poderia e deveria desenvolver uma visão e abordagem mais holística quanto aos projetos, novos negócios etc. “O profissional de tax conhece bem contabilidade e finanças e chegaria a CFO tranquilamente, mas para continuar crescendo na carreira corporativa e ir além, precisa ter uma perspectiva mais alongada, uma abordagem como verdadeiro parceiro de negócios, associada a uma boa comunicação e isto não se aprende nas universidades, investir mais nas chamadas “soft skills”, como persuasão, neurolinguística e storytelling”, diz.
Felicidade e responsabilidade redobrada são os sentimentos escolhidos por Flores para mostrar a sua gratidão por ter sido premiado pela ANEFAC. “Daqui para a frente vou continuar trabalhando com grandes times e participando de amplos projetos com a mesma dedicação e empenho”, relata. O trabalho em equipe é uma das coisas que mais gosta. Sempre procura incentivar um ambiente de muita confiança entre seu time, pois acredita ser uma condição fundamental para trabalhar com questões complexas e que mudam constantemente, como é a área tributária, especialmente no Brasil. Outro aspecto é a tradução disso para os colegas de outras áreas e para o acionista estrangeiro, o que torna a comunicação clara e tempestiva, igualmente fundamental. Traduzir esta complexidade com simplicidade também faz uma grande diferença.
Segundo o especialista, para se sobressair em mundo em transformação, é necessário gostar de gente, saber fazer perguntas, escolher as batalhas certas, praticar uma comunicação voltada para a audiência e não defender suas limitações são pontos fundamentais para ter uma carreira destacada no mundo corporativo. É necessário ainda pensar de forma global, alguns anos atrás, o Brasil adotou as boas práticas contábeis, aceitas internacionalmente, e isto foi um grande avanço.
Hoje, o mundo discute as ações do BEPS (“Base Erosion and Profit Shifting”) e questões sobre tributação mínima e o país se movimenta, no intuito de ser aceito como signatário da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em questões tributárias. São questões que têm o condão de derrubar barreiras e abrir oportunidades extraordinárias, em qualquer parte do mundo. “O profissional brasileiro, que já convive num ambiente de negócios mais turbulento e dinâmico, pode perfeitamente se credenciar para grandes projetos em qualquer parte do mundo, se prestar atenção nisso e estiver preparado para acompanhar estas mudanças”, observa Flores.
Ao destacar ainda a estratégia como ponto crucial, o especialista ressalta, que sua definição de metas, no início de cada ano, está plugada aos grandes objetivos da organização, que são cascateados para a área financeira e depois para a tributária. Além disso, “somos chamados constantemente a novos projetos, para o desenvolvimento de novos negócios, para criarmos maquetes tributárias, fluxos e discutirmos o propósito negocial das operações. É fundamental esta visão tributária para reduzirmos ao máximo o nível de surpresas”, explica.
Numa perspectiva de futuro, entende que os profissionais da área devem manter a curiosidade e a sede inegociável para seguir aprendendo, sempre. “É o tal do “lifelong learning”. Não apenas sobre assuntos tributários, trabalhar cada vez mais de uma forma transversal é uma qualidade que deve seguir fazendo a diferença durante muito tempo”, avalia Flores, que aponta ainda: “ter a mente aberta para aprender de várias formas e não apenas através de cursos. Livros, revistas, jornais e cursos seguirão sendo boas fontes de conhecimento, mas hoje há uma riqueza quase infinita em podcasts e plataformas de streaming. Isso nos permite aprender, por exemplo, durante uma caminhada, em horários alternativos do dia, a um custo muito baixo. É preciso tirar proveito disso”, avalia.
Raio X
É mestre em decisões financeiras & mercados financeiros, international tax law, PDLV 5.0 em desenvolvimento de executivos de alta performance, taxation & environment, international taxation e contador. Foi head de tax na Volvo, Biosev e Renault Group e diretor de tax da DAF Trucks, além de ter sido gerente sênior na Deloitte.
Mérito em Auditoria Esportiva
“Uma paixão que virou profissão vai além das fronteiras de qualquer conhecimento”
O futebol, segundo Carlos Aragaki, sócio da BDO, ganhador do Profissional Mérito ANEFAC 2021 na categoria Auditoria Esportiva, é um mercado bastante específico que mescla a razão versus a paixão e o profissional precisa compreender muito esse paradoxo. Outro ponto importante é a necessidade em pensar em nível internacional. “Não há como não seguir o mundo global, por exemplo, a La Liga, cuja função é liderar a estratégia da entidade além das fronteiras espanholas, com uma premissa muito simples: na Espanha, o produto já é considerado premium, as pessoas já o conhecem, já o consomem, seguem as redes sociais. Ela é um benchmark para o futebol brasileiro”, analisa.
Entre as palavras para descrever a emoção em ser premiado pela ANEFAC, o especialista se diz honrado por ter seu trabalho técnico, desenvolvido ao longo de anos em prol do mercado do futebol brasileiro, reconhecido. Entre os pontos que corroboraram para a conquista, acredita que a participação no Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que emana as regras para a profissão, as constantes entrevistas para os meios de comunicação (jornais de grande circulação, revistas, programas esportivos, sites etc.), entre outras.
Em linhas gerais, além disso, seguir as práticas contábeis adotadas no Brasil e, também as interpretações específicas do futebol como a ITG 2003 – R1. “Acredito que as pessoas se destacam por meio de aprendizado constante, em qualquer etapa da sua vida. A busca por especialização é parte da educação continuada, seja por meio de benchmark, convivência direta com os clubes auditados, ministrando aulas para profissionais de clubes e aprimoramento técnico”, explica Aragaki.
Raio X
É mestre em contabilidade e professor do departamento de contabilidade da PUC na cadeira de Auditoria. Participou da elaboração de dois livros (auditoria e compliance em auditoria de entidades desportivas). Atua em auditoria há mais de 25 anos, tendo passado pelas Big Five, já no seguimento esportivo desde 1996. Participa do grupo técnico do CFC, que discute temas voltados às práticas contábeis de clubes de futebol, atuando ativamente da elaboração das normas e interpretações para o segmento. É professor da CBF Academy e coordenador da Câmara dos Contadores do IBRACON.
Mérito em Inovação em Sustentabilidade
“Inovar para gerar impactos sociais e ambientais positivos implica saber onde estão as barreiras para a mudança”
Carolina da Costa, business development & innovation, sustainable & blended finance da Mauá Capital, ganhadora do Profissional Mérito ANEFAC 2021 na categoria Inovação em Sustentabilidade, avalia que, para atuar, nesta área, os profissionais precisam apurar a visão sistêmica, onde os sistemas estão estabelecidos a partir de relações contratuais e incentivos que beneficiam os participantes da relação. “Estudar quais novos incentivos e novos modelos socioeconômicos podem ser propostos visando maior prosperidade sustentável ao negócio. O mercado de capitais tem que fazer a “lição de casa” de avaliar como o capital pode estar a serviço desses novos modelos”, relata.
A ganhadora se diz muito grata e honrada pelo Prêmio e dividi com os colegas da Maua Capital a conquista. “Foi uma enorme surpresa, pois na temática inovação em sustentabilidade há muitos profissionais que mereceriam igualmente, por suas atuações relevantes nos diferentes setores que atuam. Imagino que a ANEFAC quis dar ênfase à contribuição do mercado financeiro nessa temática visto sua potência de amplificar e promover a agenda ESG sistemicamente” diz.
No contexto que atua, a inovação em sustentabilidade, segundo ela, se dá sob o prisma de uma gestora de fundos: apoiar empresas na construção de fundos de crédito customizados e orientados à promoção de cadeias de valor sustentáveis. “É um trabalho a várias mãos e “multistakeholder” em conjunto com empresas que estão implementando modelos de capacitação e financiamento para promover relações sistêmicas equilibradas e prosperidade sustentável em seus ecossistemas”, completa.
Em mundo em transformação, para Costa, os talentos se destacam entendendo com visão crítica e sistêmica as demandas e os problemas do contexto em que atuam e construindo redes de diálogo e colaboração para co-desenhar soluções. “Temos que sair de nossas referências e olhar também o contexto a partir da perspectiva de outros stakeholders. É assim que aprendemos e ampliamos nossos modelos mentais”, pontua.
Além disso, avalia que, é fundamental acompanhar movimentos de inovação em outros contextos, a evolução das tecnologias e hábitos da sociedade, pois essa visão comparativa ajuda a entender tendências e extrair elementos centrais das políticas econômicas e ambientes institucionais promotores (ou detratores) de desenvolvimento. Também é um importante exercício de empatia e expansão do nosso sistema de valores.
“Por maior que haja o deslumbramento com novas tecnologias e modelos de negócios, nosso futuro estará seriamente comprometido se não buscarmos trabalhar para minimizar desigualdades sociais que tendem a se intensificar pós pandemia. Preparar-se para o futuro é, sobretudo, entender com profundidade e criatividade como, no exercício profissional de cada um, pode-se atuar para gerar um entorno mais equilibrado/justo/próspero em termos de ganhos e beneficiados. Precisamos dessa mentalidade coletiva em todas as profissões”, finaliza Costa.
Raio X
É partner na Maua Capital para novos negócios em soluções financeiras sustentáveis, sustainable supply chain finance e modelos de blended finance. Possui mais de 20 anos de experiência em gestão baseada em modelos de inovação e de governança multi-stakeholders com foco em resolução de problemas, criação de valor e novos mercados para ampliação de inclusão socioeconômica. É ex-vice-presidente do Insper, onde foi responsável pelas graduações e pelo centro de empreendedorismo, além de professora de Educação Executiva para C-level e boards. Membro do comitê de sustentabilidade da Anbima e da ABVCAP, conselheira do Hospital Oswaldo Cruz e do Solidaridad Network e, ainda, administradora pública pela EAESP-FGV, M.S. pela EAESP-FGV e University of Texas at Austin e PhD em Cognição pela Rutgers University.
Os executivos foram premiados pela ANEFAC em cerimônia on-line, saiba como foi, clique aqui.
Na mesma noite ainda foram premiados os ganhadores do Prêmio ANEFAC Profissional do Ano: André Luís Rodrigues, WEG, Malu Nachreiner, Bayer, Renata Bandeira, Azul Linhas Aéreas, e Camila Achutti, da Mastertech, confira entrevista com eles, acesse aqui.