Não aceitar esse cenário coloca você em perigo, pois as suas escolhas estratégicas poderão não considerar potenciais elementos que trarão grandes problemas à imagem, ao compliance e, obviamente, à receita do negócio
Pensei muito em como começar esse artigo e após uma enorme reflexão decidi iniciar indo direto ao ponto: Ainda não sabemos como será o futuro pós-pandemia, mas tenho certeza de que sua empresa está em risco. E não falo do já tão comentado prejuízo econômico, cito aqui um risco de imagem e perenidade decorrentes de comportamentos ilícitos. Historicamente, vemos que as crises têm potencial de gerar uma perda da “racionalidade moral” uma vez que o individualismo e a auto sobrevivência podem passar a ocupar papel prioritário na tomada de decisão das pessoas. Mesmo aquelas que antes desconsideravam burlar regras podem passar a cogitar essa saída se entenderem que suas vidas dependem disso, seja de maneira objetiva ou subjetiva.
Não aceitar esse cenário coloca você em perigo, pois as suas escolhas estratégicas poderão não considerar potenciais elementos que trarão grandes problemas à imagem, ao compliance e, obviamente, à receita do seu negócio. Sendo assim, é fundamental sua atenção a fatores situacionais e de contexto que estarão presentes na sua organização pelos próximos meses.
• Sacrifício profissional é diferente de exploração
Uma coisa é um esforço intenso, conjunto, justo, recompensado e reconhecido. Outra é cobrar de forma robusta para que as atividades sejam realizadas de maneira sobre humana a fim de atender expectativas, normalmente financeiras. Ambas podem trazer resultados minimamente esperados, mas o segundo caso traz, em sua garupa, uma maior possibilidade de ocorrência de agressões morais, fraudes, ocultamento de falhas entre outros problemas de comportamento.
Tenha em mente que esse momento que vivemos possui, como já visto, um potencial significativo de tornar indivíduos mais fragilizados e sensíveis e a percepção de injustiça, o medo, o distanciamento e a solidão podem aflorar julgamentos e ações retaliativas ou protetivas certamente indesejadas. Também é bem provável que algumas pessoas tenham que fazer mais com menos recursos ou parceiros e o stress é um forte potencializador para a flexibilização moral. Sendo assim, o ideal é reforçar os códigos de respeito, relacionamento e expectativas corporativas conduzindo a retomada do trabalho de forma que todos estejam, de fato, em um mesmo barco.
• Assume que você já teve prejuízo
Não são muitos os que aceitam o prejuízo de forma natural, menos ainda aqueles que gostam de perder, mas saiba que ignorar essa realidade pode te trazer problemas. Fomos alvo de uma crise global. É certo que queremos diminuir os impactos vividos, mas avalie qual o limite para isso. Frases chavão como “missão dada é missão cumprida” ou “o impossível não existe” são ótimas para a motivação, mas, em situações reais, sempre dependem de um contexto específico. Negar a realidade e entrar em um quadro maníaco em busca de resultados aumenta a possibilidade de falta de integridade em nome de um objetivo ideal.
•Existem oportunidades e “oportunidades”
Não faça nada indevido ou às margens do permitido a fim de tentar recuperar o ano. Se é para pensar estrategicamente que seja para solidificar um caminho.
• Os efeitos psicológicos da crise durarão muito mais que a quarentena
Ainda não sabemos ao certo quais serão os resultados emocionais desta crise, mas a psicologia nos mostra que os efeitos mentais podem durar muito mais do que o evento real. Isso impacta tanto o seu colaborador e a família dele, como o seu cliente e outros participantes da sua cadeia produtiva. Ignorar essa realidade pode resultar em uma repulsa social e é certo que você não quer isso para a sua marca. Cuidados com as cobranças, metas, comunicação interna e externa podem ser um grande diferencial na retomada dos negócios, tanto financeiramente como para uma potencialização de engajamento futuro.
*Artigo escrito por Antonio Carlos Hencsey, fundador da @Eticalizando, diretor executivo e Co-fundador da FairJob e professor de pós-graduação e MBA