Estamos ensaiando um caminho de regresso à normalidade. Apesar de não se ter ainda uma ideia clara e segura de que no Brasil o pior já teria passado, especialmente quando casos positivos de contágio de coronavírus ainda estão por aqui. Vários outros países, em particular a Europa, nas próximas semanas e meses, posicionam-se no mesmo sentido: procurar reativar a economia que ficou praticamente congelada durante esse período.
A diferença com o Brasil é que por lá o pico da pandemia parece ter passado e a retomada das atividades vai se consolidando aos poucos, aqui a situação não é bem assim. Ainda há muitas mortes e os casos de contágios estão em ascensão e isso vai refletir na atitude das pessoas e na forma como vão se comportar ao longo do processo. Certamente que não haverá euforia, mas sim cautela até possivelmente o surgimento de uma vacina.
A tarefa de colocar a economia nos trilhos novamente será imensa. As restrições deixadas pelo coronavírus vão se manter por algum tempo ainda, dificultarão a retomada e impactarão fortemente na circulação e no comércio global, pois o abastecimento e o consumo não serão como antes. Outros novos desafios ainda assombrarão o mundo: a rivalidade entre as grandes potências internacionais, a perda de receita mundial e o endividamento público em nível global causado pela pandemia, que pesarão muito na retomada da economia.
É fato que os países menos desenvolvidos poderão ser os mais prejudicados devido à falta de investimento internacional. Nesse cenário, o Brasil precisa de muito para voltar aos trilhos. Para ultrapassarmos uma crise desta magnitude, acreditamos que devemos ser mais solidários enquanto indivíduos, empresas, governo e país, mas acima de tudo agirmos com responsabilidade. Não podemos errar, não há espaço para os erros do passado como a corrupção, que há anos destrói o país.
A pandemia ao mesmo tempo que nos lembrou o quanto o mundo está interconectado, nos tornou ainda mais dependentes da conectividade. A transformação digital impôs as empresas do mundo inteiro uma avaliação sobre elas mesmas e uma transformação urgente e rápida. Preparados ou não, os líderes deram “um jeito”, aqueles que não o fizeram irão possivelmente quebrar, ou irão ainda mais ter de correr atrás do prejuízo.
No caso do Brasil, há que ver a dimensão do que se perdeu, encontrar os caminhos para recuperar a capacidade de crescer, pelo menos nos níveis anteriores, e de se reinventar para buscar vantagens no mundo do “novo normal”. Não vamos nos reconstruir da noite para o dia, o nosso grande desafio é voltar à normalidade, mas esta não é a mesma que existia antes. O que conhecemos como mundo pode ser que não existe mais, a grande verdade é que não sabemos.
O grande dilema enfrentado é a saúde versus a economia. O capitalismo que perpetua tem praticamente no consumo a base da economia, mas como vai funcionar daqui para frente, não temos certeza. Acreditar que podemos recomeçar no ponto que ficou para trás é ilusório, retomar as estratégias anteriores pode ser desastroso. Há que agir no imediato para aumentar a capacidade das empresas, dos municípios, dos estados e do país. Há que haver uma reinvenção, isso é fato, mas de toda a sociedade.
Trazendo essa realidade para nós, a ANEFAC nesses últimos meses se reinventou, tornou-se digital e conectada. Transformamos os eventos presenciais em on-line, até o Congresso ANEFAC sucumbiu ao novo formato. Resgatamos o podcast Momento ANEFAC e por meio dele estamos trazendo conteúdo com especialistas renomados. Lançamos o Educa ANEFAC, uma plataforma digital de conteúdo extremamente relevante e diversificada. Mas é importante lembrar, que além disso, não deixamos para trás a nossa essência que é fazer networking. Mantemos nossa missão conectando pessoas e empresas com a finalidade de promover negócios. Negócios, hoje, tão necessários para ajudarmos o Brasil a sair dessa.
Com o objetivo de prover informação e levar opções às empresas, aos seus negócios, aos nossos associados e parceiros, produzimos essa edição da Revista ANEFAC Digital. Procuramos olhar para a frente, além do óbvio, trazer possibilidades para auxiliar na retomada da economia. Esperamos que esse conteúdo possa ser um bom começo na reflexão sobre como construir o “novo normal”.
Boa leitura!
Milton Toledo,
presidente nacional da ANEFAC