5 anos em 90 dias: educação digital trouxe ao aluno mobilidade, flexibilidade, autonomia e conforto e dificilmente voltará ao modelo anterior
Ao que parece o setor educacional no Brasil e no mundo não será mais o mesmo. “As escolas adotarão no mínimo modelos blended de ensino, ou seja, educação digital atrelada ao estudo presencial. Quem não se preparou ou não se preparar enfrentará dificuldades”, essa é a visão de Renata Bianchi, diretora acadêmica e regulatória da Trevisan Escola de Negócios. Para ela, o grande problema, dessa nova realidade, é que mais de 50% das escolas do país não estão preparadas para o modelo digital e terão um impacto significativo se não reverem o seu modelo de negócio.
As empresas já investem milhares ou milhões de reais em transformação digital e as instituições de ensino que acompanharem este processo de transformação (a chamada revolução X.0) colherá muitos frutos. Segunda ela, na Trevisan já haviam desenhado esta transformação desde 2018, e, por conta disso não tiveram qualquer impacto quando a pandemia chegou. “Não ficamos um dia sem aula desde que os órgãos federais nos pediram para “fechar as portas”. Num final de semana, migramos milhares de alunos do ensino presencial para o on-line ao vivo, sem perder a qualidade e com um engajamento altíssimo de professores e alunos”, explica.
Temos que entender que a diferença deste “novo normal” é que estamos confinados e, de acordo com Bianchi, tivemos que nos adaptar com o trabalho, a escola, a escola dos filhos e todos os outros afazeres, sem sair de casa. E aponta: a tendência para este “novo normal”, quando o isolamento social estiver mais liberado, trará novos conceitos e as pessoas realmente serão diferentes, pois tiveram suas vidas modificadas e enxergarão muitos pontos positivos. “As famílias se reencontraram e não irão querer perder este convívio, as empresas utilizarão mais o “home-office” como forma de trabalho, as escolas serão mais digitais, e, acredito que o ser humano fará escolhas a partir de agora focadas em mobilidade, flexibilidade, convivência e conforto”, aponta.
Instituições de ensino deverão estar em dicotomia com a transformação digital
Na percepção da especialista, tudo será diferente e quem não acordar para o novo cenário, que se desenhou e ficar no modelo analógico de ensino, vai desaparecer. Sendo assim, para ela, toda a comunidade acadêmica (alunos, professores e colaboradores) se adaptará bem ao ensino digital, pois trouxe ao aluno mobilidade, flexibilidade, autonomia e conforto, e, será muito difícil ele trocar tudo isso somente para estar presencialmente num prédio. O momento presencial deve ser para uma imersão em determinado assunto, com professores atuantes no mercado e com empresas que deem o contraponto do que os setores exigem destes profissionais. Momentos de networking são importantes, mas devem ter propósito.
Os alunos viram que o modelo de educação digital traz benefícios que ele não encontrou no modelo presencial, acredita Bianchi, da Trevisan. “Não precisará mais enfrentar o trânsito das grandes cidades, mesmo porque muitas empresas já adotarão o “home-office” como forma laboral, e, o aluno já estará em casa trabalhando e não precisará se deslocar para estudar. Na hora que põe na balança os benefícios que tudo isso trouxe não irá querer voltar mais ao presencial”, ressalta.
Já para o mercado, a educação digital também se faz presente, pois muitas universidades corporativas ou empresas, com grandes treinamentos, viram a educação digital como uma forma melhor e mais conveniente do seu colaborador se capacitar. Muitas empresas dizem que não terão mais treinamentos presenciais no seu escopo anual, além de grandes savings de traslados e hospedagens.
Com relação ao futuro, ela entende que é hoje! “Chegou e tivemos cinco anos antecipados em 90 dias. Pequenas, médias e grandes empresas, escolas, prestadores de serviço, indústria e outros setores, tiveram que “a fórceps” se modificar em um curtíssimo espaço de tempo e como diz nosso grande pesquisador Yuval Harari, somente os seres humanos possuem esta habilidade de adaptação e principalmente compartilhamento de informações, e, isso vimos de muito perto. A transformação digital trará ferramentas para que nós possamos ser mais produtivos e mais ágeis em nossas ações, mas ainda o ser humano precisa estar apto a tudo isso, por isso, o nosso papel como gestores é investir no treinamento destas pessoas para que este hiato seja cada vez menor”, finaliza.