Competências necessárias, para o mercado de trabalho de hoje, vão além e exigem hard skills, soft skills, conhecimentos multidisciplinares e atividades práticas
Ser um profissional qualificado e atender as demandas do mercado de trabalho não são tarefas fáceis hoje em dia. Sabemos que as atividades práticas são essenciais para capacitar estudantes para o mercado de trabalho. Mas na visão de Maria José Teixeira, coordenadora geral técnica do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Paulista (UNIP) elas podem ser, com estudo e dedicação, aprendidas e desenvolvidas pelo aluno ao longo de sua vida profissional. “Além disso, são necessárias as chamadas hard skills. Evidentemente, para alcançar boas chances no mercado, o aluno deve dominar as habilidades técnicas para exercer as diversas atividades contábeis. Deve, por exemplo, acumular conhecimentos em legislação societária, legislação tributária, ficar atento à convergência das normas brasileiras de contabilidade às normas internacionais de contabilidade e apresentar formação adequada. São, portanto, habilidades facilmente comprovadas”, aponta.
Mas o mundo está em plena transformação. E cada vez mais, segundo ela, o mercado de trabalho se interessa por profissionais que não apenas apresentem as competências técnicas, mas, principalmente, que apresentem atitudes emocionais e comportamentais diferenciadas. São as chamadas soft skills. São mais difíceis de serem comprovadas, pois estão, diretamente, relacionadas à personalidade e ao temperamento do profissional”, complementa Teixeira.
Durante muito tempo valorizou-se o profissional especialista, que domina uma determinada competência, tornando-se referência naquilo que faz. O profissional que se dedica a uma área específica adquire experiências práticas e mais aprofundadas em um determinado conhecimento e isso pode ser traduzido em uma excelente forma de buscar ascensão profissional e excelentes salários. As competências técnicas podem se tornar um diferencial, em determinadas áreas, à medida em que o mercado profissional exige especialistas com um elevado grau de conhecimento e preparação.
Segundo Teixeira, atualmente a tendência do mercado é buscar profissionais que possuam conhecimentos multidisciplinares, capazes de atuar em diversas áreas. São aqueles que acumulam competências mais diversificadas, com ampla visão de negócios, que conheçam as várias áreas da empresa, mas que, de alguma forma, possam acrescentar algum diferencial nas funções que desempenham. As empresas precisam dos dois. Profissionais especialistas e multidisciplinares são complementares no mundo corporativo. Espera-se formar o especialista-multidisciplinar. Com isso, ela adverte: que se formem aqueles que possuam competência especialista em algum assunto, mas que não se esqueçam das habilidades gerais. Que tenham amplos conhecimentos gerais sobre o mundo corporativo e ao mesmo tempo técnicos em áreas estratégicas. Que se forme um profissional flexível, capaz de mudar de acordo com as necessidades e objetivos propostos pela empresa.
Atualmente, o mercado de trabalho busca os que reúnem certas competências e os alunos e professores devem estar atentos para atender às suas expectativas, por meio de habilidades que já são experimentadas no ambiente acadêmico. Teixeira lista algumas dessas:
Relacionamento interpessoal: facilidade de relacionamento entre professores, alunos e pessoal administrativo.
Comunicação: saber se expressar de maneira clara, trocar ideias, saber ouvir e argumentar.
Colaboração: saber trabalhar em equipe, ajudar o colega para atingir os objetivos.
Flexibilidade: estar aberto às mudanças institucionais.
Liderança: compartilhar as experiências com os alunos e motivá-los na obtenção de melhores resultados.
Determinação: tomar decisões para atingir resultados de forma eficaz.
Equilíbrio emocional: saber trabalhar sob pressão, lidar com feedbacks, encarar obstáculos.
Contador: um profissional em transformação
No entendimento de Maria José Teixeira, da UNIP, o aluno de Ciências Contábeis tem consciência que a profissão de contador passa por um processo de reinvenção. “Com o avanço da automação, diversas atividades repetitivas como lançamento de notas fiscais, conciliações contábeis, conferência de dados passam a ser feitas por máquinas. Isso não significa que a profissão contábil vai deixar de existir e sim que o profissional precisa se adaptar à nova realidade e encarar essas transformações como oportunidade de progresso técnico e profissional, dedicando-se a tarefas que envolvam julgamentos mais complexos e estratégicos”, diz.
A tecnologia, ou seja, a automação de trabalhos repetitivos trouxe inúmeros benefícios à atividade contábil. Para ela, cada vez menos, o contador necessita usar processos manuais para a verificação de documentos, lançamentos contábeis, apuração de índices, entre outros. E complementa: Esses procedimentos tendem a se automatizar com a tecnologia que está, progressivamente, se tornando mais barata e acessível. O contador, ao se liberar desses procedimentos, terá mais tempo para se dedicar à análise e interpretação da situação da empresa, descobrir novos negócios, fazer projeções, tomar decisões, enfim, melhorar a qualidade dos serviços prestados.
O perfil do contador mudou e consequentemente o do aluno também, avalia a coordenadora geral técnica do Curso de Ciências Contábeis da UNIP. “Não existe mais espaço para aquele contador ocupando uma sala repleta de pastas, papeis e documentos. Agora quase todos os arquivos são eletrônicos. Ficam guardados no computador. Hoje, o contador é consultado para a tomada de decisões com base em um grande volume de informações. O aluno deve estar preparado para trabalhar com essas mudanças e com as novas perspectivas da profissão”, salienta.
Ao escolher a profissão de contador e ingressar no curso de Ciências Contábeis o estudante deve reunir algumas características, de acordo com Teixeira:
- Estar disposto a constantes atualizações;
- Gostar de números. Embora Ciências Contábeis não seja uma ciência exata e sim uma Ciência Social, existe uma aproximação com número;
- Gostar de aprender coisas novas;
- Mostrar interesse;
- Saber trabalhar em equipe;
- Postura ética;
- Aproximação com novas tecnologias;
- Saber que vai estudar a vida toda para se manter atualizado. Não existe espaço para contadores desatualizados;
- Estar disposto a desafios.
“Mas mesmo sabendo que irá estudar a vida toda, a profissão é fascinante. Ter a oportunidade de trabalhar com desafios é estimulante. Do que o jovem gosta? De desafios. Com certeza se dará muito bem na profissão. Mas, hoje, o jovem está atento a tudo que acontece em sua volta e, certamente, já percebeu a grande aceitação da profissão no mercado de trabalho. O contador não é mais aquela figura antiga, é moderno, é dinâmico, é arrojado, se relaciona com todas as áreas da empresa”, finaliza.