Premiação é uma ideia que mudou o mercado brasileiro e passou a balizar a transparência corporativa nas empresas
“O Troféu Transparência ANEFAC® desempenha um importante papel ao contribuir, há mais de duas décadas, alinhado aos 50 anos da ANEFAC, para o aperfeiçoamento, ano após ano, do processo de prestação de contas das empresas em nosso país. Nós, da PwC, trabalhamos com o mesmo objetivo, isso nos inspirou nesta parceria com a ANEFAC. O Prêmio é um excelente indicador de quais empresas devem ser consideradas como benchmarking na prestação de contas”, relata Fernando Alves, sócio-presidente da PwC Brasil.
Para Raul Corrêa da Silva, presidente da BDO no Brasil, iniciativas como essa, especialmente oriundas de entidades formadoras de opinião como a ANEFAC com 50 anos, são essenciais para que as boas práticas sejam devidamente reconhecidas. “Empresas que contam com essa chancela servem de inspiração e referência para todo o mercado”, acredita.
“O Troféu Transparência ANEFAC® é uma iniciativa muito alinhada com os anseios da sociedade por um ambiente de negócios sempre mais justo e ético. O incentivo à informação de qualidade e transparência traz consigo a busca contínua das empresas pela formação e atração dos melhores profissionais assim como a criação de estruturas de governança que supervisionem continuamente seus processos de relatórios financeiros”, observa Rogério Garcia, sócio de auditoria da KPMG no Brasil.
Como vimos, a transparência tem sido, na visão de Claudio Camargo, sócio-líder da EY, cada vez mais, uma condição de credibilidade para as empresas no mercado, seja por expectativa dos investidores, dos clientes ou de outros atores. O reconhecimento das empresas-modelo formaliza e reforça essa tendência. “Para se construir um legado, ética e transparência são fundamentais. É cada vez mais importante demonstrar que a empresa opera com integridade. Segundo levantamento Global Fraud Survey, realizado pela EY no Brasil, a integridade do negócio depende mais do comportamento individual responsável (50%) do que de ações de áreas ou níveis hierárquicos específicos, tais como a Administração (24%), a Área de Compliance (12%), Recursos Humanos (6%) ou o Conselho de Administração (2%)”, relata.
Marcelo Magalhães Fernandes, sócio-líder de auditoria da Deloitte, aponta que o Troféu Transparência ANEFAC® incentiva que as empresas que queiram ser transparentes e almejem ganhar. “A transparência gera confiabilidade, seja numa relação pessoal ou profissional, ela aproxima as pessoas, no caso das empresas que têm transparência conseguem se aproximar dos stakeholders e não só dos investidores, mas com todos aqueles que têm relação com a empresa, clientes, fornecedores, na minha visão transparência agrega valor para as empresas e quem incentiva essa transparência também incentiva que as decisões tomadas tenham credibilidade. É importante que as empresas divulguem informações mais transparentes, que o mercado permeie essa cultura, assim como os órgãos reguladores, entidades e outros”, expõe.
Para a EY, explica Camargo, é de suma importância manter a transparência junto aos seus clientes e, consequentemente, para o mercado. Como reflexo desse trabalho, a EY foi reconhecida no Programa Empresa Pró-Ética 2017, pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, como uma organização que adota medidas de integridade relacionadas à prevenção e ao combate à corrupção. “Em uma época de intenso combate à corrupção, regulamentações nacionais e internacionais mais exigentes e aumento constante da expectativa do mercado por transparência nos negócios, ser transparente é mais importante que nunca”, salienta.
“O compromisso com a transparência traz benefícios relevantes a uma empresa em seu relacionamento com o mercado, assim como diversos outros interessados em suas informações financeiras. Uma análise criteriosa sobre a qualidade da informação a ser incluída nas demonstrações financeiras de uma empresa permitirá a tomada de decisão mais informada sobre investimento, assim como poderá contribuir para os melhores custos de captação no mercado de capitais”, aponta Garcia.
Para Silva, a transparência tornou-se uma premissa para a atuação de qualquer empresa. Mais do que alcançar credibilidade perante clientes, parceiros, fornecedores e investidores, a empresa com essa característica tem acesso facilitado a novas oportunidades de negócios, especialmente junto a mercados internacionais.
“Transparência é um pilar fundamental para os negócios e passou a ter crescente importância conforme foi se ampliando local e globalmente a percepção de que o resultado de uma empresa vai muito além da sua atividade principal. Portanto, a transparência é importante não só na maneira como as empresas operam e apresentam seus resultados, mas, também, como um valor cada vez mais reconhecido pelas diversas partes interessadas nas performances das organizações”, destaca Alves.
De acordo com a pesquisa global com CEOs lançada este ano pela PwC, 59% dos líderes empresariais brasileiros consideram a transparência de suas estratégias de negócios um aspecto importante para gerar confiança nos negócios. Globalmente, um percentual um pouco menor, 50% manifestou a mesma opinião. Isso indica que o aspecto transparência está contemplado nas estratégias de negócios tanto de empresas brasileiras quanto estrangeiras. E que este é um caminho sem volta.
Para Alves, ser transparente faz toda a diferença em qualquer negócio, assim como nas relações profissionais e pessoais. “A adoção de uma postura transparente dos objetivos, compromissos e forma de atuação e divulgação clara e tempestiva de tudo o que é relevante sobre as atividades empresariais, fortalece a legitimidade de qualquer entidade. Permitir a tomada de decisão baseada em informações confiáveis e prestar contas de suas atividades e do impacto por elas causado é fundamental para a sustentabilidade dos negócios no contexto de uma sociedade progressivamente mais atuante”, relata. Nessa mesma linha, segundo Camargo, as empresas que ainda não possuem políticas de transparência precisam se adaptar, pois houve um amadurecimento do mercado em relação à ética e à transparência, principalmente diante dos escândalos de corrupção e das iniciativas para combate-las.
“A transparência pressupõe controles rigorosos e a implantação de ferramentas que possibilitem uma rica e eficiente análise de dados. Sócios, CEOs e diretores também têm papel fundamental. Deve partir deles o exemplo para contaminar, positivamente, toda a equipe. Informação e comprometimento são as chaves para a transparência”, contempla o presidente da BDO no Brasil. Para ele, a disseminação da importância da transparência entre as empresas brasileiras se deve as mudanças na legislação referente ao tema, muitas delas em razão de práticas inadequadas na administração das empresas, com reflexos contábeis duvidosos, permitiram uma mudança considerável nas práticas de transparência e, ainda as próprias empresas do middle market que não são obrigadas a divulgar balanços constataram a importância de se enquadrar a esse novo cenário, sob pena de deixarem de ter relações comerciais com companhias de grande porte.
“Percebemos novos comportamentos das empresas em relação à ética e à transparência diante do cenário econômico, político e social, que moldaram situações difíceis que começam agora a retomar sua forma original. Mas o ambiente empresarial ainda está muito voltado à redução de custos e à preservação de caixa”, pondera o sócio líder da EY.
Dessa forma, Fernando Alves adverte, as empresas que não seguem as boas práticas de governança e que não desenvolvem uma cultura de transparência, inevitavelmente terão sua reputação prejudicada e serão cada vez mais questionadas por seus stakeholders. Ainda, se tornarão menos competitivas. “Nós, avançamos muito no que diz respeito à transparência. Assim como ocorreu globalmente, isto se deu em decorrência de um processo evolutivo de crescente consciência por uma atuação mais transparente. O crescimento econômico e populacional, entre outras forças que vêm modificando o cenário global, fez com que nossa perspectiva se tornasse cada vez mais ampla, especialmente, com a evolução da tecnologia digital”, diz.
Em termos de boas práticas de governança, o sócio-presidente da PwC Brasil acredita que um dos aspectos de maior tensão passou a ser o gap entre o crescimento econômico e o social, isso provocou mudanças na percepção e expectativas dos diferentes atores da sociedade, dando origem a novas demandas, como a de relações mais transparentes. “A prestação de contas, por meio das demonstrações financeiras, também vem se modificando em virtude dessas novas forças. Tivemos importantes avanços no sentido de torná-las mais abrangentes e acessíveis. Os dados financeiros continuarão a ter uma função importante e sendo constantemente aprimorados, refletindo a evolução de nossa sociedade”.
“Os negócios têm passado por transformações em um ritmo acelerado, trazendo desafios para as empresas em várias dimensões. Se por um lado há um avanço exponencial de tecnologias e entrada de novos players, por outro, o acesso a capital, a gestão de pessoas, segurança da informação e a manutenção da relação com o mercado estão cada vez mais desafiadores. Todos exigem mais das companhias e elas não podem apenas responder às demandas, precisam antevê-las. As empresas devem tomar decisões mais rápidas e precisas para sustentar o crescimento do negócio. Neste ambiente, práticas robustas de Governança Corporativa devem suportar decisões rápidas, fundamentadas e assertivas”, avalia Claudio Camargo.
“O mundo com o acesso a informação está mais globalizado, a China está logo ali, a internet facilita um ambiente para fazer negócios, sem caminhar para essa evolução de transparência, as empresas terão um espaço menor no mercado, sem transparência não há investimentos, e sem capital a empresa não cresce, sem isso não conquista o mercado. Para a empresa ser bem-sucedida ela precisa caminhar para essa evolução, a transparência gera credibilidade, então cada vez mais, num mundo globalizado, é impossível não ser transparente”, analise Fernandes.
Para o sócio da Deloitte, o ingrediente para a empresa mudar essa cultura de não transparência, o alto comando da empresa precisa estar envolvido com a bandeira da transparência. “Porque se o gestor não acha importante todo grupo não achará, e dali para frente sempre haverá a discussão em ser ou não transparente e isso irá nortear todas as ações para frente. Esse tipo de cultura impacta em qualquer assunto de ética, transparência, por exemplo, se a empresa tem a cultura, mas contratou um executivo que não tem, ou ele se adapta ou não fará mais parte daquela empresa”, analisa.
Aprimorar processos é ponto para avanço da transparência nas empresas
Na mesma linha, Alves defende que a operação Lava Jato, assim como outros processos e investigações de más práticas nos negócios também é parte do processo de uma nova percepção sobre a responsabilidade e os impactos dos negócios nas várias esferas da sociedade. “Um dos efeitos positivos é despertar para a importância de aprimorar processos, estabelecer controles e definir as fronteiras nas relações”. Silva também acredita que por mais que a corrupção esteja sendo escancarada por iniciativas como a Lava Jato, só a pressão mais efetiva da sociedade pode mudar, com o apoio fundamental das entidades representativas de profissionais do setor.
Já quando se fala no nível de transparência nas empresas públicas e privadas, Silva ressalta que há diferenças. “Quando falamos do poder público, apesar de existirem controles internos e contabilidade, a necessidade de melhorar a transparência é lenta, por falta de poder de mobilização da própria população. A organização política também impede correções do sistema em funcionamento, o que faz do poder executivo uma presa do apoio parlamentar. No caso do poder público, a estrutura política atual e a desmobilização dos cidadãos comprometem os avanços. Já na iniciativa privada, os avanços são notórios. Mas talvez, ainda, haja necessidade de se criar uma cultura de transparência plena, desde o baixo escalão até a alta cúpula”, aponta.
Para Camargo, não deve existir diferença entre as políticas de transparência nas empresas públicas e privadas. “A base é a mesma e todas precisam passar pelo mesmo processo e análise. A formalização dos pilares da transparência é o caminho para consolidar a cultura e as práticas que sustentam o comportamento ético e transparente das pessoas e das organizações. Isto se apoia em um sistema sólido de governança corporativa – que promove não só o compliance das organizações, mas também seu desempenho, pois, como vimos, os dois aspectos caminham juntos”, diz.
Garcia acredita que estamos vendo no Brasil um aprimoramento progressivo e relevante na transparência das empresas brasileiras. “Tivemos passos muito importantes neste caminho, especialmente com a adoção das normas internacionais de contabilidade que tornou as informações destas empresas comparáveis aos seus pares internacionais. Desde então, vemos um processo contínuo de maturidade que tem buscado sempre o atendimento do interesse público na prestação de contas”, avalia.
Precisamos estar atentos, defende o sócio-líder de auditoria da Deloitte. “Na questão da Lava Jato o mundo tem uma percepção que o Brasil não é transparente, o país caiu no ranking dos mais corruptos, a situação piorou, ao mesmo tempo que evoluímos, essa percepção se espalha. A transparência busca valorizar a confiabilidade das informações, o investidor que está fora pode ser contaminado”, analisa
Empresas de auditoria e a transparência
“A transparência está implícita em nosso propósito de “construir confiança na sociedade e resolver problemas importantes”, na medida em que é impossível estabelecer relações de confiança sem ela. Mais do que isso, nosso negócio é também trabalhar para preservar a confiança nos negócios de nossos clientes. E, um dos principais canais para isto é a divulgação de informações e prestação de contas concretamente fidedignas”, diz Fernando Alves ao falar sobre o trabalho da PwC.
“O trabalho de campo é a marca de uma empresa de auditoria. E naturalmente, por estarmos intimamente ligados ao dia a dia do cliente, cada profissional da nossa equipe assume o compromisso de traduzir os valores e as políticas de compliance da BDO, adequadas às normas de ética, independência e confidencialidade”, aponta Raul Correa da Silva.
Em relação às demonstrações financeiras, Claudio Camargo, da EY, as empresas brasileiras deveriam comparar seus relatórios contábeis com os de empresas do exterior, que sejam exemplos de boas práticas em suas demonstrações. “Identificado esses cases de benchmarks, as instituições devem analisar os possíveis ajustes, quando aplicável, para adotar tais práticas. Essa análise deve considerar o objetivo das demonstrações financeiras de informar aos diversos interessados de forma objetiva, ou seja, é importante encontrar o equilíbrio entre a divulgação das informações requeridas e dados adicionais efetivamente úteis”, considera.
“Todas essas relações que trabalhamos da porta para dentro e para fora, todas essas relações são pautadas na cultura da transparência, com o maior número de informações possível conseguimos tomar decisões e a transparência passa em incentivar as pessoas dentro das empresas a serem transparência, somos uma empresa que transpira transparência”, avalia Marcelo Magalhães Fernandes.
O Brasil implementou em 2010 o IFRS, de acordo com Camargo, dessa forma, os relatórios contábeis das empresas brasileiras – principalmente de capital aberto – possuem um nível de divulgação bem similar às de instituições de outros países. “Obviamente, o desafio de melhoria das demonstrações financeiras é uma busca constante, motivo da existência do Troféu Transparência ANEFAC®”, fala.
“As demonstrações evoluíram, há diversas ações dos órgãos reguladores, entidades, academia, que tem incentivado, mas há muito que evoluir, passamos por alguns percalços, pois, no mundo globalizado quando acontece o que aconteceu no Brasil, isso acaba permeando para as empesas, mas se olharmos uma década atrás, foi o UFRs, hoje, a gente tem uma melhoria notável, ainda estamos muito aquém de outros países”, adverte Fernandes, da Deloitte.
De acordo com Silva, a média de auditores e contadores por habitante ainda está muito aquém da de países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, ou mesmo da dos vizinhos Argentina e Chile. “As normas impostas para o setor de auditoria, especialmente, após o escândalo da Enron, e as exigências de adequação a padrões internacionais de contabilidade aceleram o caminho rumo à transparência nas operações empresariais. Hoje, ela é uma realidade inquestionável e um diferencial competitivo. É preciso que as entidades setoriais e conselhos de classe atuem mais intensamente para estimular a formação de profissionais na área, com a valorização frente aos desafios atuais e usuários cada vez mais exigentes na busca por informação adequada e confiável. E isso, certamente, pode ser incentivado pelo processo de convergência a um padrão internacional”, exemplifica.
“A elaboração das DFs sofreu uma série de modificações nos últimos anos. Uma das mais significativas foi a introdução da Lei 11.638, que foi uma importante atualização das normas contábeis e nos aproximou dos padrões internacionais. Houve mudança, inclusive, no parecer do auditor. Tanto na forma quanto no conteúdo, tornando-o menos formal e mais informativo. As mudanças refletem a evolução da sociedade e dos negócios e seu principal objetivo é assegurar a credibilidade do relatório”, observa Alves.
Na EY, os compromissos incluem tolerância zero com práticas como suborno e o desenvolvimento de um programa prático e eficaz de combate à corrupção. “A EY se compromete também a adotar ações adequadas contra o suborno e a corrupção, além dos profissionais serem incentivados a denunciar quaisquer suspeitas de conduta irregular. Na EY ainda mantemos registros precisos, transparentes e completos de todas as transações efetuadas”, finaliza Camargo.