Para o período de 2018 a 2022, a Sabesp planeja investir diretamente cerca de R$ 17,3 bilhões, sendo R$ 7,1 bilhões em água e R$ 10,2 bilhões em coleta e tratamento de esgoto
Uma certificação de qualidade, para ele, o Troféu Transparência ANEFAC® demonstra um reconhecimento pelos esforços na busca pela excelência e clareza nas divulgações, pois todos ganham com a transparência, empresas – tornando-se mais confiáveis e atrativas, “stakeholders” – através de parcerias e investimentos e a sociedade com informações mais precisas. “Traz um estímulo constante à melhoria e aprimoramento na qualidade não somente no levantamento de suas demonstrações financeiras, mas nas ações da companhia como um todo”, relata.
Segundo o diretor, a transparência é algo intrínseco ao negócio da Sabesp, que trabalha com recursos da sociedade e para a sociedade, sendo assim, a transparência dentro da Sabesp é uma condição “sine qua non” de trabalho, para que a empresa seja respeitada pelos seus clientes e acionistas.
“Como forma de manter a sociedade engajada e demonstrar a transparência em relação a situação real de armazenamento de água dos principais sistemas que abastecem a RMSP, a Sabesp publica diariamente em seu site os dados diários de volumes armazenados e chuvas ocorridas. Além disso, lançou em 2017 um aplicativo gratuito que pode ser acessado via smartphones e aparelhos portáteis, denominado Sabesp Mananciais RMSP. Pelo aplicativo podem ser acessadas as informações sobre volumes e índices diários de armazenamentos e as chuvas ocorridas no dia e no mês corrente com a respectiva comparação com a média histórica”, expõe.
No mundo moderno, o acesso à informação é primordial. Para Affonso, cada vez mais as informações precisam estar disponíveis de forma rápida e com mais qualidade. E adverte: a sociedade cobra, através dos órgãos reguladores, mídias em geral, analistas e cidadãos, informações que possam ter impactos relevantes no presente e no futuro. “Para a Sabesp que presta serviços públicos, cada vez mais somos cobrados a prestar informações claras e precisas. Prestar um serviço de qualidade envolve fundamentalmente dar conhecimento à sociedade do que estamos fazendo”, observa.
A Sabesp, é uma empresa pública que atende a quase 28 milhões de consumidores com serviços essenciais à vida humana: água tratada, coleta e tratamento de esgotos, o diretor enfatiza que sem um balanço claro e preciso não é possível captar financiamentos para a realização dos grandes investimentos necessários ao saneamento.
“O Troféu Transparência traz a chancela de que a empresa está voltada às boas práticas de divulgação de informações ao mercado, e esta chancela traz uma ótima imagem para a empresa, tanto na área comercial quanto na área financeira. A companhia busca, continuamente, oportunidades de aprimoramento de nossos demonstrativos, dentro das exigências técnicas e padrões contábeis vigentes, trazendo o máximo de transparência e compromisso com a sociedade e seus stakeholders, de forma a representar adequadamente os eventos ocorridos no período”, relata o diretor.
Tecnologia e investimentos
A Sabesp busca oportunidades em novos negócios, sem deixar de lado sua principal função: o saneamento ambiental. “A inovação é uma prioridade da companhia e por isso, o objetivo é crescer inovando em cada processo do nosso negócio e em outros que possam surgir, apresentando cada vez mais soluções aos clientes atuais e futuros”, explica Rui de Britto Álvares Affonso, diretor econômico-financeiro e de relações com investidores.
Com esse pensamento, de acordo com ele, a companhia ampliou a área de novos negócios, ligando-a diretamente à presidência, em busca de parceiros privados. E aponta, que as possibilidades de expansão envolvem drenagem, água de reuso, resíduos sólidos e poderão ser estruturadas com parcerias público-privadas com participação de terceiros e subsidiárias e um projeto importante é a constituição da holding, que aguarda condições mais favoráveis de mercado.
O plano de investimento da companhia destina-se a melhorar e expandir os sistemas de produção e distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto, atender à crescente demanda por serviços de água e esgoto no Estado de São Paulo e proteger os recursos hídricos a fim de sustentar a segurança hídrica o que compreende quatro metas específicas para os municípios atendidos: (i) continuar a aumentar a segurança do abastecimento da água e atender ao aumento da demanda por água tratada; (ii) ampliar o percentual de domicílios ligados à rede de esgoto; (iii) aumentar o tratamento de esgoto coletado; e (iv) melhorar a eficiência operacional e reduzir as perdas de água.
Para o período de 2018 a 2022, a Sabesp planeja investir diretamente cerca de R$ 17,3 bilhões, sendo R$ 7,1 bilhões em água e R$ 10,2 bilhões em coleta e tratamento de esgoto. “Com relação aos investimentos em água, com o objetivo de ampliar a segurança hídrica na Região Metropolitana de São Paulo, em 2018 foram inauguradas duas grandes obras que merecem destaque pela sua importância: (i) Interligação Jaguari-Atibainha que possibilita a transposição de vazão anual média de 5,13 m³/s da Bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira; e (ii) o Sistema Produtor São Lourenço que adiciona capacidade de produção hídrica em até 6,4 m³/s”, detalha Affonso. Os principais projetos que visam ampliar os sistemas de esgotamento sanitário são o Projeto Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo, e o Onda Limpa, na Baixada Santista.
Desde o início do Projeto Tietê, segundo a companhia, em 1992, foram investidos US$ 2,8 bilhões, o que resultou na implantação da infraestrutura necessária para coletar e tratar os esgotos gerados por mais de 10 milhões de pessoas, o que equivale à população da Suécia. Até o final da 3ª etapa do Projeto, previsto para 2021, estima-se investir mais US$ 600 milhões em novas redes de coleta, interceptores e ampliação de estações de tratamento, acrescendo 3,5 milhões de pessoas ao sistema de tratamento de esgotos. Com custo total estimado em US$ 2 bilhões, o planejamento da 4ª etapa foi antecipado e iniciou a execução concomitante com a 3ª etapa de intervenções prioritárias. Após a conclusão da terceira e quarta etapas, o sistema de coleta e tratamento de esgotos da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) atenderá um contingente de mais de 20 milhões de pessoas.
Em linhas gerais, a Sabesp está investindo em tecnologias buscando: implantação de economia circular com recuperação dos recursos produzidos nas plantas; medição e instrumentação para controlar e gerir nossos produtos, processos e serviços; aumentar a eficiência dos nossos processos de tratamento de água e esgoto; eficiência energética; redução de perdas; aumentar a integração com os clientes (qualidade dos serviços, hidrometria, fatura, etc); melhoria dos materiais e equipamentos utilizados no Saneamento; e melhorar a qualidade dos serviços prestados e contratados.
As fontes de recursos para esses investimentos, de acordo com o diretor, são de recursos próprios, fomento com financiadoras de projetos de tecnologia e Inovação -FINEP (valor do financiamento para três projetos: R$ 60 milhões), parceria com a FAPESP (recursos para pesquisa e desenvolvimento no valor de R$ 50 milhões – 50% de cada uma das parceiras) e fundo para pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D), no qual percentual da receita operacional direta deverá ser investido em P&D a partir de 2019 (valor inicial de aproximadamente R$ 7 milhões).
A Sabesp investe, constantemente, em novas tecnologias, buscando soluções inovadoras e o aperfeiçoamento nos processos de tratamento de água e de coleta e tratamento de esgoto. A companhia está com suas atenções voltadas para as possibilidades de utilização dos produtos gerados pelo tratamento de esgoto, por exemplo. Em abril, começou a usar o biogás gerado no tratamento do esgoto para movimentar a frota de veículos da empresa em Franca. Não se tem conhecimento na América Latina de outro projeto desta magnitude voltado para produção de biometano para uso veicular gerado a partir do tratamento de biogás resultante do tratamento de esgotos. O biometano está sendo usado no lugar na gasolina, do álcool e do GNV (gás natural veicular). A Estação de Tratamento de Esgotos de Franca trata em média 500 litros por segundo e produz em torno de 2.500 Nm³ de biogás por dia, suficiente para substituir 1.500 litros de gasolina comum diariamente. O biometano pode reduzir em até 90% as emissões de poluentes em comparação com a gasolina.
Outra solução ambientalmente sustentável adotada é a produção de adubo a partir do lodo gerado no tratamento de esgoto na região de Botucatu. Batizado de Sabesfértil, o fertilizante obteve recentemente o registro no Ministério da Agricultura e pode ser utilizado pelos agricultores da região nas culturas de cana de açúcar, milho, árvores nativas e grama, dentre outras. Com capacidade para processar até 25 toneladas de lodo por dia, o sistema de beneficiamento do lodo colabora para reduzir os impactos no meio ambiente e a emissão de gases do efeito estufa.
A companhia também tem em andamento o projeto Waste to Energy, que vai definir a tecnologia para utilização do lodo da Estação de Tratamento de Esgoto Barueri na geração de energia elétrica para uso na própria planta. O projeto, a ser desenvolvido em parceria com empresa privada, também vai gerar biogás. A Sabesp ainda dispõe de iniciativas que utilizam a energia solar, como a que está em teste na cidade de Pedregulho. A energia solar serve para movimentar os aeradores da lagoa de estabilização da estação de tratamento de esgoto no município.
Outra área com potencial é o aproveitamento da passagem da água pelas tubulações para gerar energia. O sistema já em operação funciona como uma mini-hidrelétrica, aproveitando a água disponível na tubulação do reservatório Tamboré, no município de Barueri. A previsão é que o sistema gere mais de 64 mil kWh ao mês, o suficiente para suprir o consumo mensal de energia de aproximadamente 1.500 pessoas.
A energia gerada será utilizada na iluminação, nos painéis elétricos do reservatório e, principalmente, no bombeamento de água para as casas da região, que consome, aproximadamente, 600 kWh durante o dia. Como a mini hidrelétrica funcionará 24 horas, a Sabesp terá ainda sobra na produção energia durante a noite. Por isso, a empresa criou um sistema de conexão que disponibilizará esse excedente para a AES Eletropaulo, permitindo que a concessionária desconte das contas da Sabesp um valor equivalente à energia recebida pelo sistema da companhia.