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Vivemos uma década decisiva para o futuro da humanidade. A pandemia mostrou a interdependência dos países e reforçou a agenda ESG. Essa temática já vinha sendo trabalhada há algum tempo por diversas companhias, mas agora encontra-se num momento de relevância ainda maior. A transformação passa por compromissos concretos de empresas e sociedade em prol do bem de todos.
Para a EDP, é muito importante manter um canal de diálogo com os principais stakeholders. Essa relação é fundamental para o bom andamento dos negócios e manutenção da sua reputação junto à sociedade, acionistas, clientes e parceiros em geral. “Receber o Troféu Transparência demonstra que estamos trilhando uma jornada que serve de referência para o mercado e outras empresas”, refletem Leandro Rigamontte, diretor de contabilidade e gestão de ativos e Laércio Proença, gestor de consolidação e report.
Nesse sentido, a transparência adquire um papel ainda mais importante por tornar claros esses compromissos, bem como o cumprimento de metas e a contribuição de cada companhia em prol do futuro do planeta. Na EDP, se busca cada vez mais ampliar essa transparência, em 2021, por exemplo, passou a publicar relatórios trimestrais de sustentabilidade e tem um hotsite de Performance ESG a fim de tornar ainda mais claras suas atitudes.
Segundo eles, as demonstrações financeiras trouxeram inúmeras mudanças nesse processo. O desafio é disponibilizar informações da maneira mais completa possível, mas de uma forma clara. Atualmente se lida com uma gama muito maior de dados. Isso pode ser muito positivo, mas é preciso saber a melhor forma de apresentá-los, bem como elencar quais são os prioritários. A empresa incorporou inteligência de negócios e tecnologias às obrigações regulamentadas, que agora vai além das análises retroativas de demonstrações financeiras. Houve também um avanço dos profissionais da área no mapeamento de possíveis mudanças dos cenários tanto econômico quanto corporativo.
Todos os anos que ganhamos o Troféu Transparência são marcantes, pois premia nosso esforço em oferecer nossas demonstrações da maneira mais clara possível ao mercado. Poderíamos citar a edição passada, na qual, além do reconhecimento como empresa, nosso CFO, Henrique Freire, foi escolhido o profissional do ano na área de finanças pela ANEFAC. Sabemos que os prêmios podem até ser individuais, mas a conquista é coletiva. Por isso, o prêmio ao executivo teve grande celebração por parte de todo o time”, avaliam, Rigamontte e Proença.
Lembrando que os últimos anos têm sido repletos de bons movimentos a fim de padronizar metodologias e facilitar a compreensão das iniciativas e resultados das empresas no que diz respeito aos fatores ESG. O TCFD, por exemplo, surgiu reunindo diversas organizações para desenvolver um padrão para medição e divulgação dos riscos financeiros relacionados ao clima. Vale como referência também o SSB (Sustainable Standard Board), criado pela IFRS Foundation, para padronizar a divulgação das práticas sustentáveis a fim de realizar a integração com os relatórios financeiros. Mais recentemente, o anúncio da International Integrated Reporting Council (IIRC) e do Sustainability Accounting Standards Board (SASB) de se fundirem em uma organização unificada, a Value Reporting Foundation, foi muito bem-recebido na comunidade internacional.
O primeiro passo neste sentido é cultivar uma cultura organizacional transparente, e isso depende do exemplo da liderança. Esse movimento precisa contagiar e estimular todos os níveis da empresa em busca de resultados positivos em todas as frentes, alcançando também o processo das demonstrações financeiras. Além disso, é preciso um time multidisciplinar, que esteja alinhado com todas as atividades.
“Com isso, as áreas trabalharão em conjunto com outros órgãos responsáveis pela aprovação das informações, como o conselho de administração, o comitê de auditoria, o conselho fiscal e, claro, toda a diretoria. Por fim, se deve encarar as demonstrações financeiras como uma jornada, na qual se buscam sempre o aprimoramento e melhorias”, explicam Rigamontte e Proença.
O ESG vem ganhando cada vez mais força no mundo corporativo e recebendo destaque na pauta relacionada ao mercado financeiro. Isso reflete um novo cenário com, entre outras coisas, mais atenção da sociedade para com o futuro do planeta, necessidade de ações atempadas para reduzir os efeitos do aquecimento global, urgência por respostas do poder público, investidores atentos a suas aplicações e até mesmo ativismo entre os colaboradores das empresas.
Um dos aspectos mais relevantes dessa agenda é a ampliação da visibilidade e da transparência para as iniciativas de sustentabilidade, responsabilidade social e governança das empresas. Para a empresa, o ESG deixa claro, por meio de indicadores, as ações para reduzir emissões de gases do efeito estufa, as políticas de diversidade e os critérios adotados para a segurança digital. Ele evidencia que aspectos avançaram e quais precisam melhorar. A transparência evidencia, por exemplo, que a companhia está, de fato adotando uma agenda ESG ao invés de praticar o chamado greenwashing.
Digitalização dos serviços é um caminho sem volta para o presente e o futuro do setor elétrico
O planejamento estratégico 2021-2025 da EDP prevê um investimento recorde no Brasil serão R$ 10 bilhões. Esse plano inclui a agenda ESG como estratégia central e três grandes áreas prioritárias para receber recursos.
A primeira delas é a distribuição, na qual possuem 3,6 milhões de clientes em São Paulo e Espírito Santo. Em 2022, seguirá desempenhando esforços para melhorar sua infraestrutura de redes, ampliar os índices de satisfação dos clientes e apresentar soluções para aumentar a eficiência do serviço e permitir mais autonomia ao consumidor.
A segunda é o aumento da participação da energia solar no portfólio, com projetos em geração distribuída e no modelo utility scale por meio de PPAs corporativos. Para isso, está atenta as oportunidades de novos contratos e até mesmo aquisições no mercado secundário. O terceiro segmento prioritário na estratégia da EDP é a Transmissão, em que pretende atuar ativamente para a aquisição de novos empreendimentos, greenfield ou brownfield, seja no mercado primário ou secundário.
“Além dos negócios, a agenda ESG inclui seguirmos avançando em temas como diversidade, redução de emissões de gases do efeito estufa em toda nossa cadeia de valor. Tudo isso dentro de um ambiente com estímulo cada vez maior à inovação, seja externamente – com investimentos, programas de aceleração e relacionamento com o ecossistema – ou internamente, com a criação de uma nova jornada, o Somos Play, que busca horizontalizar o tema na empresa”, explicam Rigamontte e Proença.
Em termos de desafios, eles acreditam que o principal desafio esteja relacionado à crise hídrica, pois vivemos o período de maior estiagem em 91 anos. Como atua em toda a cadeia do setor elétrico, a empresa precisa tomar decisões em diversas frentes a fim de mitigar danos.
Na distribuição, tem buscado ações para reduzir ao máximo perdas e beneficiar os consumidores, em especial os de menor renda ou que foram mais afetados pelos efeitos da pandemia, com ações de renegociação e parcelamento de dívidas, além de um projeto-piloto de busca ativa para cadastro de novas famílias na Tarifa Social, bem como a implementação de projetos de eficiência energética em espaços públicos que beneficiem a população.
A crise hídrica demonstra cada vez mais a necessidade de uma gestão constante do portfólio. A EDP Comercializadora tem atuado em conjunto com as geradoras hídricas para mitigar os impactos do cenário hidrológico. Esta ação proativa e antecipada possibilitou que neutralizasse integralmente os efeitos do risco hidrológico no trimestre.
A Geração hídrica será uma linha de desinvestimento da estratégia de 2021-2025, em função da grande volatilidade dos preços. A intenção é fazer uma transferência de ativos – de geração hídrica para geração solar. “Temos muitas hídricas no Brasil, todas elas muito boas. Vale lembrar que no ano passado duas usinas hidrelétricas controladas pela EDP foram apontadas como as duas melhores do Brasil em ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O objetivo da redução de presença no segmento é mitigar a exposição a riscos e liberar capital para aumentar a presença em geração solar”, relembram Rigamontte e Proença.
A empresa acredita que o consumidor está cada vez mais informado, exigente, integrado e familiarizado com a tecnologia. Por isso, a digitalização dos serviços é um caminho sem volta para o presente e o futuro do setor elétrico. Dessa forma, seguirá seus esforços para proporcionar cada vez mais facilidades nesse meio. Outro ponto fundamental é a descarbonização. Nesse sentido, a EDP buscará ampliar a oferta de geração por meio de energias limpas, bem como seguirá em sua agenda ESG a fim de ser uma empresa 100% verde em 2030.
“Por fim, a descentralização deverá ganhar força com a abertura do mercado livre e a possibilidade de o consumidor escolher de quem comprará energia. Por isso, seguiremos focados no cliente e na melhoria da prestação do serviço. Entendemos que o setor elétrico brasileiro vai passar por uma imensa transformação com a ampliação do mercado livre, aumento da participação das fontes renováveis na matriz energética, avanço da inteligência artificial e automação, para citar algumas tendências. Buscamos nos antecipar para que essas mudanças tragam sempre benefícios aos consumidores”, finalizam Rigamontte e Proença.